Jefferson: reajuste para parlamentares e refinanciamento a estados pode ser o fim do governo Lula



Em análise que fez nesta quarta-feira (6) sobre a conjuntura política brasileira, o senador Jefferson Péres (PDT-AM) se disse preocupado com dois movimentos que crescem no país: a pressão dos governadores para que o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, renegocie dívidas estaduais e a pressão de parlamentares por reajuste dos seus subsídios.

- Se o presidente Lula ceder a essas pressões, o governo dele acaba antes de começar - disse o senador, referindo-se aos estados que querem refinanciar suas dívidas. De acordo com Jefferson, a situação de alguns estados é difícil exatamente porque não eles fizeram o ajuste fiscal devido. Em sua opinião, os estados que agiram com responsabilidade fiscal estão hoje em situação folgada, ainda que com o peso da dívida.

O senador considerou falta de bom senso dos governadores não entenderem que essa renegociação, se ocorrer, só poderá ser feita depois da reforma tributária e com as contas públicas rigorosamente equilibradas.

A outra preocupação revelada pelo senador foi com o movimento pelo reajuste dos subsídios dos parlamentares. Referindo-se à proposta de igualar-se esses vencimentos aos dos ministros do Supremo Tribunal Federal, ele condenou o aumento que esses juízes se deram, elevando seus subsídios de R$ 11 mil para R$ 17 mil.

- É claro que os parlamentares estão com seus subsídios defasados. Eu quando entrei nesta Casa percebia R$ 8 mil. Oito anos depois estou percebendo R$ 8,250 brutos. Líquidos, menos de R$ 6 mil. Oito anos, portanto, de congelamento efetivo. É claro que os parlamentares mais pobres, que vivem disso, estão passando dificuldade.

Jefferson Péres afirmou que, pela responsabilidade do cargo, a remuneração é muito baixa e chega a inviabilizar a sobrevivência daqueles que vivem exclusivamente dos subsídios e ainda têm compromissos com os partidos, com a renda mensal reduzida a até R$ 3 mil.

O que ele condenou foi a inoportunidade do movimento. Em sua opinião, o reajuste dos parlamentares só deveria acontecer no bojo de um reajuste geral dos servidores, principalmente daqueles que não tiveram reajuste algum.

- Um reajuste agora apenas dos parlamentares será um erro. Não me parece impróprio exemplificar com os ministros do STF. Eles erraram quando se atribuíram esse aumento. Deram péssimo exemplo à sociedade. Não são intocáveis. Eu os critico daqui, sim, com o devido respeito. Os maus exemplos não devem ser imitados. Nós merecemos reajuste sim, porém não devemos fazer isso isoladamente, porque isso será mal recebido. E isso não será bom para a instituição parlamentar.



06/11/2002

Agência Senado


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