Jereissati condena manutenção de altas taxas de juros pelo Banco Central



O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) condenou a teimosia do Banco Central em manter as taxas de juros, "as mais altas do mundo", que estão corroendo as expectativas dos brasileiros de obter um emprego digno.

- Ao levar adiante essa política, o Banco Central se mostra insensível ao restante do país, com um toque de arrogância em relação às necessidades e ao sofrimento dos brasileiros - observou.

Para Jereissati, o governo precisa levar em consideração o desemprego recorde do país e o crescimento negativo de 0,2% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2003, e não somente as expectativas da inflação.

- Somente no governo Collor, que tanto combatemos, houve queda do PIB. A população cresceu 1,6%, portanto o tamanho da recessão, no ano passado, foi de 1,8%. Enquanto a economia andou para trás, os bancos tiveram os maiores lucros de todos os tempos. Há algo de muito podre nessa equação - afirmou.

Segundo o senador, a fase de culpar os outros já passou e o PT precisa começar a governar de fato, minorando a enorme restrição fiscal que está mantendo os juros altos demais, por tempo demais. Essa política do governo está fazendo com que ele reveja o conceito de independência do BC, que sempre defendeu, admitiu o senador.

De acordo com Jereissati, mesmo nos Estados Unidos, onde o Banco Central é independente de fato, seu presidente comparece com freqüência ao Congresso para prestar esclarecimentos sobre a política que está seguindo.

Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) lembrou que a Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) aprovou nesta terça-feira (2) um requerimento para que o presidente do BC, Henrique Meirelles, e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci, expliquem aos senadores os rumos da política econômica do país.

Também em aparte, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) disse que "de nada adianta o governo ser aprovado com louvor no combate à inflação se fracassar no social e no Fome Zero". Para o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), não é necessário manter a inflação em 5,5% em 2004. Se for 6,5% ou mesmo 7%, o governo não terá sido derrotado.



02/03/2004

Agência Senado


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