João Alberto questiona alta rentabilidade do setor financeiro
O senador João Alberto Souza (PMDB-MA) defendeu a necessidade de -profundo exame- sobre a -estratosférica distância- entre a noção do valor do trabalho e o comportamento hoje assumido no trato do dinheiro no Brasil. Tomando por base dados já publicados, ele alertou que, enquanto a rentabilidade média dos bancos no terceiro trimestre deste ano foi de 30%, até o mês de outubro último o setor produtivo, representado por oito grandes empresas, acumulou uma rentabilidade média de 1,5%.
- É possível para o país caminhar rumo ao desenvolvimento auto-sustentado, mediante a remuneração do capital mais do que do trabalho, através de prêmio significativo à intermediação em detrimento de quem cria empregos e gera progresso? - questionou o senador.
O parlamentar chamou atenção para análises recentes segundo as quais os quatro maiores bancos brasileiros aplicaram em média 40% dos seus ativos em títulos e valores imobiliários e apenas 25,8% em crédito. No entanto, segundo ele, a cobrança de tarifas pelos serviços prestados tem sido um dos caminhos explorados pelos bancos para maximizar seus lucros.
Apesar de entender que os serviços têm custos que precisam ser ressarcidos e de afirmar que -nada tem contra ganhos-, o senador ressaltou que recentes iniciativas do Banco Central também impulsionaram os ganhos dos bancos com a intermediação do dinheiro:
- O aumento da alíquota do recolhimento compulsório e o aumento dos juros, segundo estimativas, renderão aos bancos aproximadamente R$ 480 milhões por mês, prevendo-se um lucro de R$ 5,78 milhões por ano se tais medidas se prolongarem no tempo - observou.
18/11/2002
Agência Senado
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