João Pedro denuncia ameaça a 400 famílias no Amazonas



O senador João Pedro (PT-AM) denunciou nesta quinta-feira (25) que 400 famílias de moradores ribeirinhos, ocupantes tradicionais de uma área de 39 mil hectares no município de Barreirinha (AM), estão sendo retiradas de suas terras por um grupo empresarial. De acordo com documento da Comissão Pastoral da Terra (CPT) enviado ao senador, há um movimento de resistências e as famílias estão sendo ameaçadas.

João Pedro anunciou ter encaminhado ofício relatando o problema ao governador do Amazonas, Eduardo Braga, e aos ministros da Justiça, Luiz Paulo Barreto, e do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, a fim de que o programa Terra Legal, do governo federal, possa verificar a situação que envolve essa famílias. Para ele, não pode haver dúvida sobre a propriedade e o domínio da terra.

O senador disse que situações como a vivida pelas famílias de Barreirinha são recorrentes na Amazônia, porque muitas vezes as pessoas não conseguem ver na vastidão da Amazônia a ligação das terras com questões imemoriais dos povos indígenas e ribeirinhos, sempre enxergando apenas o vazio territorial.

- Não enxergam essa cultura muito particular da Amazônia. Famílias ribeirinhas vivem ali, naquilo que pode parecer um isolamento, mas que é o mundo da Amazônia. Famílias vivem nos lagos, nos rios, e estou falando que esta é uma situação no rio Andirá, um rio belíssimo de águas pretas, um rio histórico, conhecido ali no baixo Amazonas, terra dos povos indígenas, rio que faz parte da cultura do mundo mítico do povo Sateré-Maué. Mas os grandes projetos olham a Amazônia e não conseguem enxergar o imemorial.

O governo Lula, pelos ministérios da Igualdade Racial, do Desenvolvimento Agrário, da Saúde, da Educação e do Meio Ambiente, começou a enxergar essas populações, acrescentou João Pedro. Mesmo assim, afirma, ainda se ouve a máxima de que há um vazio na Amazônia. Segundo ele, o grande capital chega e diz assim: "vamos fazer o manejo florestal".

O senador concordou com a solução do manejo florestal, mas advertiu que não se podem expulsar as famílias que vivem secularmente nessa região. São brasileiros, homens e mulheres, que, conforme disse, não têm a identidade, nem CPF, porque o Estado ainda não chegou ali. João Pedro afirmou que o Brasil precisa corrigir essa distância entre a sociedade desenvolvida e as populações que ocupam "os beiradões dos rios amazônicos".



25/03/2010

Agência Senado


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