João Tenório defende produção de biocombustíveis em debate com deputados alemães



Em debate com quatro parlamentares alemães, nesta segunda-feira (28), o presidente da Subcomissão Permanente dos Bicombustíveis, senador João Tenório (PSDB-AL), afirmou que o aumento dos preços dos alimentos no mundo não foi provocado pela produção de matérias-primas para a produção de biocombustível.

João Tenório sustentou que o cultivo de cana-de-açúcar para a produção de etanol não é uma ameaça ao bioma amazônico, pois o clima dessa região não é apropriado a essa cultura. Para proteger esse bioma da expansão agrícola, porém, o parlamentar recomenda a realização de zoneamento agrícola.

Ao responder a pergunta do deputado Heinz Schmitt, do Partido Social Democrata (SPD) alemão, João Tenório afirmou que o Brasil poderá, no futuro, adotar um "Selo Ecológico" para seus biocombustíveis. Segundo acrescentou, essa certificação ecológica poderá resolver as dúvidas da opinião pública mundial em relação aos efeitos da produção de biocombustíveis sobre o meio ambiente.

Já o deputado Lutz Heilmann, membro do Linke (partido de esquerda) e da comissão de meio ambiente do Parlamento alemão, informou que os efeitos dos biocombustíveis sobre a natureza e as condições de trabalho no setor são os seus temas de interesse nesta missão ao Brasil.

Na ocasião, João Tenório adiantou que apenas 1% das terras agricultáveis do país - ou 3,8 milhões dos quase 400 milhões de hectares disponíveis para esse fim - é empregado no plantio de cana-de-açúcar para produção de etanol. Isso reforçaria o argumento de que, de modo algum, a indústria de biocombustíveis representaria uma ameaça à produção de alimentos.

- Além disso, a recente expansão da cana-de-açúcar ocorre em solos relativamente pobres ( pastagens ou cerrados ), para os quais esse cultivo contribui para sua recuperação, com a adição de fertilizantes e matéria orgânica - observou o senador.

O deputado Jens Koeppen, membro da União Democrata Cristã (CDU), indagou se os pequenos produtores e trabalhadores se beneficiaram dos efeitos econômicos decorrentes do aumento na produção de matérias-primas para os biocombustíveis.

- Gostaria de saber sobre os efeitos sociais dessa evolução da agricultura. Gostaríamos de sair daqui com a imagem mais abrangente possível sobre se os benefícios trazidos pelos biocombustíveis foram auferidos por muitos ou por poucos - explicou.

João Tenório respondeu que a produção de álcool no Brasil ocupa hoje mais de um milhão de pessoas. No entanto, o representante por Alagoas admitiu não ser possível afirmar que a remuneração dos trabalhadores do setor é extremamente favorável e confortável. De qualquer modo, assegurou que, "da agricultura brasileira em geral, o trabalhador mais bem assistido é o trabalhador canavieiro.

- A grande quantidade de mão-de-obra que o setor precisa faz com que não haja outra maneira de conseguir essa mão-de-obra que não seja oferecendo remuneração e condições assistenciais adequadas para que se possa atrair esse trabalhador - disse João Tenório.

Mais dois parlamentares formaram a delegação da Alemanha em visita ao Senado: as deputadas Christel Happach-Kasan, membro do Partido Democrata Liberal (FDP), e Undine Kurth, membro da Aliança 90/Os Verdes. Ambas manifestaram satisfação com o fato de o etanol ocupar apenas 1% das terras agricultáveis no Brasil e com a produtividade desse setor.



28/04/2008

Agência Senado


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