Jobim defende serviço militar obrigatório



O ministro da Defesa, Nelson Jobim, defendeu nesta quarta-feira (1º) a manutenção do serviço militar obrigatório para os jovens brasileiros. Ao ser questionado sobre propostas em tramitação no Congresso Nacional destinadas a tornar o serviço facultativo, durante audiência pública promovida pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), ele sustentou que a obrigatoriedade ajuda a fazer das Forças Armadas um retrato mais fiel da sociedade brasileira.

Na opinião do ministro, acabar com a obrigatoriedade do serviço militar significaria "descolar as Forças Armadas da nação". Os efetivos das três Forças são profissionais, admitiu. Mas a inclusão em seus efetivos apenas de brasileiros provenientes dos setores mais pobres da sociedade - o que poderia ocorrer com o fim da obrigatoriedade - levaria a uma situação em que as Forças Armadas seriam "pagas para defender o Brasil pela outra parte de brasileiros"

- É isto o que queremos? Nossa opção sempre foi a de ter ali um grande nivelador republicano. As formaturas de turmas de militares nas Agulhas Negras ou em Piracicaba sempre demonstram que existe entre os formandos uma mistura de classes sociais. Perderemos isso se o serviço for exclusivamente facultativo - alertou.

Estratégia

O ministro foi convidado a comparecer à audiência para expor a Estratégia Nacional de Defesa, a pedido dos senadores Eduardo Azeredo (PSDB-MG), Augusto Botelho (PT-RR) e Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR). Em sua apresentação, ele ressaltou a instabilidade do atual cenário internacional, onde surgem novas ameaças como conflitos não tradicionais, a guerra cibernética e a existência de armas de destruição em massa.

Um dos eixos da nova estratégia, como informou o ministro, é o da reestruturação da indústria de defesa. O Brasil, disse ele, deixou de ser apenas um "comprador de oportunidade" de equipamentos produzidos por outros países, exportando empregos. O ministro defendeu a mudança da atual legislação brasileira, para garantir preferência a produtos produzidos no Brasil em licitações militares.

- Precisamos garantir a capacidade de o Brasil dizer não quando tiver que dizer não na conjuntura internacional. Daí a ligação com a estratégia de desenvolvimento do país - afirmou Jobim.

Ele observou que a estratégia inclui ações para os próximos 25 anos. Após exibir aos senadores um grande mapa do Brasil com a localização de futuras instalações do Exército, da Marinha e da Aeronáutica, ele procurou demonstrar a necessidade de uma interconexão de todo o sistema por meio de satélite. Mais uma vez, ele defendeu o investimento na independência tecnológica.

- Os satélites são vitais, pois se as comunicações forem cortadas perde-se a capacidade de operação em rede. Vamos alugar um canal de outros países ou vamos ter o nosso próprio satélite? - questionou Jobim.



01/07/2009

Agência Senado


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