Jogo criado por indígenas empolga estudantes
Em meio a tantas histórias e curiosidades em exposição durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, em Brasília (DF), eram as mesinhas com o jogo da onça que mais capturavam estudantes de diferentes idades em um dos estandes montados no pavilhão de eventos do Parque da Cidade. Atraídos pelo tabuleiro, eles sentavam-se para aprender as regras do jogo, conhecido pelos indígenas brasileiros antes mesmo da chegada dos portugueses.
O jogo, disputado em dupla, exige estratégia. Um jogador fica com a onça e o outro com 14 sementes ou pedrinhas que representam os cachorros. O jogador com a onça deve capturar cinco cachorros enquanto o oponente precisa encurralar a onça e impedi-la de se mover pelo tabuleiro. “Para não ser cercado, fui pelas beiradas e ganhei dos cachorros”, explicou David Patrick, 11 anos, aluno do quinto ano da Escola-Classe 407 Norte. Ele não conhecia o jogo e se divertiu.
“Como o jogo era muito popular em Portugal, acreditava-se que os portugueses o haviam introduzido no Brasil, mas é um tesouro nacional e revela o contato dos nossos índios com as civilizações mais desenvolvidas da América pré-colombiana”, explica Zenildo Caetano, 52 anos, professor de educação física do Sesc. Segundo ele, os indígenas traçavam o tabuleiro no chão e usavam sementes como peças.
Zenildo sugere que os jogos, dentro do aspecto lúdico, devem ser explorados pelos professores como prática de recreação. “Os indígenas nos deixaram vários exemplos de atividades lúdicas e esportivas, como o pião, o bilboquê e a peteca. Os estudantes não precisam ficar só no jogo de xadrez, que tem origem indiana”, afirma o professor.
Em 2006, o jogo da onça e um documentário sobre a forma pela qual era disputado pelos indígenas brasileiros foram enviados a 20 mil escolas públicas próximas a aldeias. Membro de uma sociedade internacional que se dedica ao estudo de jogos, o professor e jornalista Maurício Lima foi o responsável pelo resgate da história. Antes dele, não havia registro de jogo de tabuleiro tipicamente brasileiro. “Em 2001, em Barcelona, levantei a hipótese de que o jogo tinha origem nos indígenas brasileiros”, informa. Após visitar oito aldeias, Maurício descobriu que os mais velhos sabiam desenhar o tabuleiro no chão e jogar.
Olimpíadas
Além do Jogo da Onça, modalidades esportivas que estarão em evidência nas Olimpíadas de 2016, no Rio de Janeiro, ganharam destaque no evento. Os estudantes e demais visitantes puderam observar a evolução da tecnologia nas roupas e nos objetos usados pelos atletas, como a bola de futebol, a raquete de tênis e as bicicletas de competição.
Um minicampo com grama sintética foi usado por estudantes para praticar esportes. Os visitantes também ouviram explicações sobre os benefícios dos exercícios físicos, como a formação de músculos, e alertas sobre a alimentação correta e ingestão de suplementos alimentares. Na entrada do estande, duas estátuas vivas, com vestimentas gregas, anunciavam a origem dos esportes olímpicos e sua importância na história.
Fonte:
Ministério da Educação
11/11/2013 16:05
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