Jornalista diz que ouviu ACM assumir autoria de escuta



O jornalista Luiz Cláudio Cunha, da revista IstoÉ, disse nesta quinta-feira (3) que ouviu do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), em conversa mantida no Senado no dia 30 de janeiro deste ano, a seguinte frase: -eu mandei grampear o Geddel-, referindo-se ao deputado Geddel Vieira Lima, do PMDB baiano. A declaração do jornalista foi feita aos integrantes do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, que investiga a instalação de escutas telefônicas clandestinas na Bahia e dedicou a reunião desta quinta à oitiva de Luiz Cláudio e de Weiller Diniz, jornalistas responsáveis pela publicação da primeira matéria sobre o caso.

Luiz Cláudio Cunha fez um relato de todo o episódio, explicando que não dispõe de nenhuma prova documental, a não ser o seu testemunho, da frase que teria sido dita por Antonio Carlos a ele. Conforme o jornalista, a frase foi pronunciada no contexto de uma conversa em que Antonio Carlos estaria lhe dando informações sobre a existência de esquemas de corrupção com a participação de políticos e de outras autoridades públicas.

Ainda descrevendo o encontro, Luiz Cláudio narrou que Antonio Carlos exigiu-lhe segredo sobre a maneira como os dados haviam sido obtidos, observando que aquele ato constituía uma ilicitude e afirmando também que, para todos os efeitos, ele, o senador, -não tinha nada a ver com aquilo-. Antonio Carlos teria afirmado, ainda, que as fitas e os CDs com as conversas haviam sido destruídos.

Nesta conversa, disse o jornalista, o senador entregou-lhe um volume de 170 páginas contendo um resumo do conteúdo de degravações das conversas obtidas por meio das escutas telefônicas. O documento, que foi distribuído aos senadores no momento da reunião, segundo Luiz Cláudio, tem anotações feitas de próprio punho pelo senador sobre as informações colhidas com os grampos.

Ele repassou aos senadores o conteúdo do diálogo que manteve com o senador sob a forma de anotações, mas revelou que o jornalista Fernando César Mesquita testemunhou a conversa.

A fita

O jornalista apresentou ainda aos membros do conselho uma fita gravada com conversa posterior que manteve com o senador, desta vez por telefone, no dia 6 de fevereiro, em que Antonio Carlos teria dito que não autorizava a publicação do material, reconhecendo, de acordo com Luiz Cláudio Cunha, a ilicitude da instalação dos grampos.

Ele explicou que decidiu gravar a segunda conversa com o senador em função da evolução dos fatos e de decisões tomadas em conjunto com a editoria da revista IstoÉ. Segundo Luiz Cláudio, outros acontecimentos, como a abertura de inquérito na Polícia Federal (PF) para investigar a existência de grampos na Bahia, demonstraram a gravidade da situação, pois surgiram indícios de um esquema clandestino de instalação de escutas com o uso do aparato estatal, inclusive com a participação de membros da Secretaria de Segurança do Estado da Bahia.

A fita em questão foi ouvida pelos membros do conselho ao mesmo tempo em que as transcrições eram lidas pelos senadores. Após a audição, Luiz Cláudio informou que o perito da Universidade de Campinas (Unicamp) Ricardo Molina emitiu parecer confirmando a autenticidade da gravação, -sem indícios de montagem ou de edições-. O perito atesta ainda que -acima de qualquer dúvida razoável, a voz (interlocutora do jornalista) é do senador Antonio Carlos Magalhães-.



03/04/2003

Agência Senado


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