José Alencar lutava contra o câncer desde 1997
O ex-vice-presidente José Alencar, falecido nesta terça-feira (29) em São Paulo, onde estava internado, lutou, desde 1997, contra vários tipos de câncer. O primeiro atacou o rim direito, que foi retirado. Também teve que retirar parte do estômago, juntamente com a extirpação do rim. Em 2002, foi operado da próstata e em 2004, da vesícula, sendo que, nesse último caso, foi para a retirada de um cálculo.
A maior parte de sua luta contra o câncer foi, no entanto, para combater um sarcoma no intestino, que começou a ser tratado em 2006. De todos os sarcomas catalogados pela medicina, Alencar sofria de um subtipo chamado fibrohistiocitoma maligno, que é bastante agressivo, apresenta alto grau de recorrência local e metástases. No caso do ex-vice-presidente, os tumores surgiram na camada situada entre o músculo das costas e o intestino, chamada de retroperitônio.
A primeira cirurgia para retirar o sarcoma foi feita em 18 de julho de 2006. No mesmo ano, foi feita outra cirurgia, em 14 de novembro, com sete horas de duração, para retirar mais nódulos no local. Alencar submeteu-se ainda a quimioterapia de 2006 a 2007.Em outubro de 2007 o câncer voltou e houve outra cirurgia. Dois meses depois, novo tumor foi encontrado na região e mais uma cirurgia foi feita. Alencar submeteu-se a novos ciclos de quimioterapia, afora outros procedimentos médicos, como a radiofrequência.
O então vice-presidente continuou seu tratamento contra o câncer e foi internado várias vezes para novas cirurgias, realização de exames e problemas diversos de saúde. Só em 2009 foram feitas três cirurgias: no início do ano ocorreu a primeira para a retirada de 11 tumores no intestino, que durou 18 horas; a segunda e a terceira foram feitas em julho.
No dia 25 de janeiro de 2010, Alencar voltou ao hospital para nova cirurgia, na qual foi retirado um tumor de 12 centímetros e outros menores no intestino, além de parte do intestino grosso e do delgado. Nessa cirurgia, o ureter foi reconstruído com uma parte do intestino delgado.
Em outubro de 2010, sofreu um edema agudo do pulmão e, no dia 20 de novembro do mesmo ano, recebeu uma transfusão de sangue, duas semanas após ter sofrido um enfarte agudo do miocárdio e ser submetido a um cateterismo.
A 14ª cirurgia de Alencar foi realizada no dia 26 de novembro de 2010, na qual foram retirados mais dois nódulos e 20 centímetros de seu intestino delgado. Alencar chegou a sofrer uma arritmia cardíaca no final dessa cirurgia, mas logo se recuperou do problema. Ele teve que ficar internado três meses e não pode participar da posse da presidente Dilma Rousseff, desejo que havia manifestado aos médicos e familiares.
Alencar voltou a ser internado no dia 9 de fevereiro deste ano devido a uma peritonite (inflamação na região abdominal) causada pela perfuração do intestino. Deixou o hospital somente no dia 16 de março.
Desde o final de 2010 estava sendo submetido a sessões de quimioterapia e também de hemodiálise. Conseguiu recuperar-se parcialmente e receber alta, mas voltou a ser internado no dia 28 de março "com quadro de suboclusão intestinal (obstrução do intestino com sangramento), em condições gravíssimas", conforme o boletim médico divulgado.
Em entrevistas à imprensa, disse que nunca chorou ao receber a notícia de um novo tumor, e comemorava os pequenos progressos que fazia com relação a cada procedimento médico. "Só choro quando me dão uma notícia boa", dizia. Religioso, expressava sempre sua fé em Deus e repetia uma frase cada vez que lhe perguntavam sobre sua saúde: "Se Deus quiser me levar, Ele não precisa de câncer pra isso... e se Ele não quiser que eu vá, não há câncer que me leve".
29/03/2011
Agência Senado
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