José Jorge ataca Raul Jungmann









José Jorge ataca Raul Jungmann
O clima de divisão na base aliada ao Planalto provoca novo atrito entre integrantes do Governo Fernando Henrique, envolvendo os dois ministros pernambucanos

Quase uma semana depois de o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, ter-se lançado à Presidência da República com o compromisso de minar a candidatura da governadora Roseana Sarney (PFL-MA), o outro pernambucano do ministério, o pefelista José Jorge (Minas e Energia), atacou o peemedebista. Em defesa do projeto nacional do seu partido, José Jorge chegou a ironizar o colega de Governo.

“O PFL é um partido que não parou no tempo, ao contrário do que o ministro (Jungmann) quis afirmar. Somos modernos e estamos apresentando uma proposta moderna para o País. Roseana Sarney está no PFL desde sua fundação, há mais de 20 anos, e hoje está pronta para dar ao Brasil uma política que tem passado e futuro. Já o ministro (Jungmann), está há menos de 90 dias no PMDB e já é candidato à Presidência. Se formos comparar os partidos e os candidatos, não seremos nós que sairemos no prejuízo”, disparou.

Licenciado do cargo de vice-presidente nacional do PFL, José Jorge lançou críticas ao ministro do Desenvolvimento Agrário durante entrevista no Palácio do Campo das Princesas, após assinatura do projeto de construção de uma usina térmica em Petrolina (leia mais em Economia). Para ele, a bagagem política acumulada pelo partido e seus integrantes dão mais confiança ao eleitorado.
“Todas as mudanças importantes feitas durante os últimos oito anos, no Congresso Nacional, foram comandadas pelo PFL. Não cabe a Jungmann julgar os outros partidos”, atacou, citando como exemplo a participação de parlamentares pefelistas nas discussões e votações dos projetos de abertura dos mercados de petróleo, telecomunicações e das privatizações.

Ainda em tom crítico, José Jorge avaliou que, no Congresso, “as posturas mais conservadoras, ao contrário do que disse Jungmann, têm sido da oposição e do próprio PMDB, que raramente consegue unidade nas votações”. Adiantou que, ao lado do PT, o PFL é o partido que mais vem se estruturando no País.

O ministro das Minas e Energia disse ainda que o PFL fará todo o esforço para manter a aliança nacional com o PSDB e o PMDB, mas não pretende desistir da candidatura de Roseana Sarney. “Se a união não for possível, vamos em frente e nos encontraremos novamente no segundo turno”, comentou, para em seguida elogiar o pré-candidato do PSDB, o ministro José Serra. “Serra é um bom candidato e tem popularidade. Mas Roseana também é”, concluiu.

Ao ser informado das críticas de José Jorge, Raul Jungmann preferiu não rebater o colega de ministério. “Não comento declarações de ministro, isso é proibido pelo código de ética da Presidência. Se alguém deve comentar alguma coisa, esse alguém é o presidente Fernando Henrique Cardoso.”


Bezerra Coelho à espera da “terceira via”
O surgimento de uma “terceira via” no cenário da disputa presidencial – admitida ontem pelo ministro Raul Jungmann (PMDB) – anima o prefeito de Petrolina, Fernando Bezerra Coelho (PPS), também presente à solenidade de ontem no Palácio das Princesas.

“Meu cenário é um pouco diferente do apontado por Jungmann, que lançou a idéia de uma aliança nacional entre PPS/PSB/PMDB. Acredito que o que pode acontecer é um candidatura própria do PFL e um alargamento do palanque PMDB/PSDB, isso em nível nacional”, analisou Bezerra Coelho.

Para o prefeito, a sucessão presidencial provocará muitas alterações nos palanques estaduais. Ele analisa que tudo ainda está confuso e que só o PFL parece mesmo disposto a bancar o projeto Roseana Sarney. “O que será inédito, já que eles (os pefelistas) nunca foram tão longe sozinhos. Se isso se consolidar, acredito que o PSDB caminhe para alianças mais à esquerda.”
No plano local, no entanto, Bezerra Coelho não acredita num rompimento da aliança PFL/PMDB. “Mas nada irá impedir, caso essa terceira via se concretize e o palanque de Jarbas de amplie, que o PPS integre esse palanque”, argumentou o prefeito, que voltou a criticar o PT.

Outra alternativa apontada por Bezerra Coelho é a consolidação de um palanque nacional envolvendo PPS/PSB/PDT/PTB, o que, segundo ele, seria facilmente reproduzida em Pernambuco.


Ciro Gomes atira para todos os lados
SÃO PAULO – O pré-candidato a presidente Ciro Gomes (PPS) criticou ontem o ministro da Saúde, José Serra, o pré-candidato à sucessão de FHC Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o presidente Fernando Henrique Cardoso, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, e o ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega. O principal alvo de Ciro Gomes foi Fernando Henrique e a possibilidade de Jungmann ser candidato a presidente pelo PMDB.

“Evidentemente, que o presidente Fernando Henrique está por trás dessa candidatura. Tinha respeito pelo Jungmann. Não tenho mais. Não sei como ele pode se prestar a esse papel subalterno”, afirmou.

Sobre Serra, o pré-candidato do PPS a presidente manifestou ser um candidato “indesejado pelo povo”. “Em 2001, a saúde manteve 111 programas e os investimentos de cada um foram menores do que se investiu em propaganda. Só em publicidade foram aplicados R$ 78 milhões, enquanto nenhum dos programas atingiu a quantia de R$ 70 milhões.”

O candidato poupou a governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PFL). “Não temo Roseana e penso ser bem-vinda a sua candidatura. Não vou desqualificá-la ou desmerecê-la. Vamos discutir suas idéias e o povo será o juiz”, apontou.

Na avaliação de Ciro Gomes, Lula não tem condições de vencer a eleição deste ano. “Infelizmente, o Lula foi feito para perder e perpetrar o sistema que aí está. Ele é um candidato totalmente conhecido, preferido por um terço dos eleitores e rejeitado pelo restante. Sou menos conhecido e tenho o maior potencial de todos das oposições.”

Antes de participar do 6º Congresso Brasileiro do Calçado, o pré-candidato do PPS fez críticas também ao ex-ministro Mailson da Nóbrega, acusando-o de “trabalhar a serviço do Governo Federal”. Nóbrega disse, numa palestra do evento, que “o único candidato de esquerda a chegar ao segundo turno das eleições será Lula” e afirmou que “Ciro Gomes não terá chances”.
Jungmann rebateu o pós-comunista. “Ele (Ciro) está nervoso e vai ficar mais ainda. Sua candidatura está em queda livre e ele acusou o golpe pelo fato de a minha pré-candidatura possuir potencial apoio dentro do PPS e do PTB. Ele quer que eu bata nele para depois posar de vítima”, respondeu.


Brizola mantém-se aliado a Itamar Franco
RIO – Apesar de ter reiniciado contatos com o pré-candidato do PPS, Ciro Gomes, o líder do PDT, Leonel Brizola, ainda continua fiel à candidatura de Itamar Franco (PMDB) à Presidência da República. Brizola teve ontem uma reunião de mais de duas horas com o presidente do PPS, senador Roberto Freire (PE). Durante o encontro, o pedetista afirmou que pretende procurar o governador de Minas Gerais, a quem quer consultar sobre a disputa eleitoral.

Freire, ao final da reunião, disse respeitar a atitude de Brizola e que espera que a conversa do pedetista com Itamar acabe sendo um elemento que também atraia o governador para a campanha de Ciro.

“Esse seria nosso cenário ideal. Uma união de forças como essa, na qual Ciro Gomes contasse com o apoio de líderes como Brizola e Itamar, seria de grande amplitude democrática e com amplas chances de vitória”, afirmou o senador.

O encontro teve também a presença de representantes do PTB, o outro partido que compõe a aliança já definida em torno de Ciro. O presidente trabalhi sta, deputado federal José Carlos Martinez (PR), destacou que as discussões com Brizola marcam o início da elaboração de um programa de governo conjunto.

“Mais do que uma estratégia eleitoral, estamos buscando formalizar um processo de discussão de idéias”, afirmou Martinez, para quem o PDT está muito próximo de chegar a um acordo para integrar o grupo de apoio a Ciro.

Mas além da fidelidade a Itamar, Brizola coloca outro obstáculo a essa aproximação. Ele continua rejeitando uma possível candidatura de Antônio Britto ao Governo gaúcho, pois o considera um inimigo político regional.

A filiação de Britto, ex-governador do Rio Grande do Sul, ao PPS foi o pretexto para o estremecimento de relações entre Brizola e Ciro Gomes, em outubro passado. Na época, Ciro escreveu uma carta magoada ao pedetista, reclamando de sua predileção por Itamar Franco e dizendo não ter tido nenhuma influência na entrada de Britto no partido.


Krause reforça PFL na oposição a João Paulo
Partido quer barrar ações da PCR que considera prejudiciais ao Recife, a exemplo da contratação de uma consultoria à Universidade de Brasília. Krause, inicialmente, ajudará no projeto de um portal

A bancada de vereadores da oposição ao prefeito João Paulo (PT), liderada pelo PFL, antecipa o fim das férias para hoje e define um grande ‘pautão’ de iniciativas para atacar a administração do PT. O presidente do PFL no Recife, vereador Roberto Andrade, reúne às 11h30, na Câmara Municipal, um grupo de parlamentares para traçar as estratégias do movimento que o pefelista define de “alerta 24 horas” para fiscalizar as ações de João Paulo.

O movimento, por enquanto restrito aos vereadores, ganhará em breve o reforço do ex-ministro Gustavo Krause (PFL), representante do Diretório de Pernambuco na Executiva Nacional do PFL. Krause, inicialmente, dará suporte ao projeto PFL Digital, que será lançado ainda este mês, com a inauguração de um portal eletrônico para “fiscalizar” a primeira gestão do PT no Recife.

A idéia do PFL, a partir da reunião de hoje, é reunir uma variedade de questões que coloquem em xeque a administração petista. Antecipando-se aos festejos de Momo, os pefelistas começarão o barulho em torno da polêmica decisão do prefeito de transferir o Baile Municipal do Recife para Olinda. Andrade diz que não aceita a medida e pretende buscar até “recursos judiciais” – não detalhou quais – para barrar o projeto.

A oposição também iniciará uma campanha de críticas à ausência, segundo constata Roberto Andrade, “de uma política da Prefeitura para a manutenção da revitalização do Recife Antigo”. Os vereadores pretendem, ainda, cobrar o prefeito pela demora, conforme avalia, da reabertura do Teatro Santa Isabel (inaugurado, ainda inacabado, pelo ex-prefeito, então pefelista, Roberto Magalhães, hoje no PSDB).

Na pauta do PFL também constam questionamentos às interferências, promovidas pela Prefeitura, em algumas vias de tráfego do Recife (citam o exemplo da Avenida Dantas Barreto com o prolongamento da Rua Imperial). E à iniciativa da PCR de contratar uma consultoria de gestão à Universidade de Brasília, orçada em R$ 5 milhões.

“Todo dia o PT cria um fato novo, não em prol do Recife. São desmandos. A partir de agora nós ficaremos alerta 24 horas. Vem uma eleição por aí e nós queremos colocar para os pernambucanos a seguinte mensagem: Taí. Julguem”, desafiou o presidente municipal do PFL.


Maciel, candidato, fica longe do STF
BRASÍLIA – O presidente Fernando Henrique Cardoso deve indicar o advogado-geral da União, Gilmar Mendes, para o Supremo Tribunal Federal (STF), no lugar do ministro Néri da Silveira, que se aposenta em abril, ao completar 70 anos. Mendes ganhou a confiança do presidente após obter várias vitórias na Justiça para o Governo, entre elas as que garantiram o programa de racionamento de energia e a retomada de privatizações paralisadas por liminares.

O caminho para que Gilmar realize o sonho de chegar ao Supremo foi aberto com a decisão do vice-presidente, Marco Maciel (PFL), de candidatar-se por Pernambuco às eleições deste ano, provavelmente ao Senado. Até o fim do primeiro semestre de 2001, dava-se como mais provável no Planalto que a cadeira do STF acabasse sendo ocupada pelo vice-presidente.

Maciel descartou sua indicação em agosto, em entrevista no Recife, após participar de um encontro nacional do PFL sobre educação. Ele disse, na ocasião, que iria disputar as eleições de outubro, descartando também a hipótese de ocupar o Governo por nove meses, no caso de o presidente Fernando Henrique (PSDB) decidisse se afastar para disputar mandato de senador.
A decisão de Maciel foi anunciada num momento que o ex-governador Joaquim Francisco (PFL), hoje deputado federal, reivindicava sua indicação como candidato ao Senado pela aliança governista em Pernambuco (PMDB/PFL/PSDB).

Com a candidatura de Maciel ao Senado, entretanto, Joaquim deve disputar novo mandato de deputado federal, já que a outra candidatura a senador, pela aliança, ficará com o PSDB. O mais cotado é o secretário Sérgio Guerra (Projetos Especiais e Desenvolvimento Urbano).

Procurador da República, Gilmar Mendes está afastado do Ministério Público desde 1996. Os partidários de sua indicação ao STF ressaltam que ele tem uma sólida formação acadêmica, com especialização na Alemanha. Acreditam até que ele poderá desempenhar o papel hoje ocupado pelo decano do Supremo, Moreira Alves, profundo conhecedor de direito constitucional que se aposentará em 2003.


Comissão analisa o “caso padre Henrique”
Os integrantes da Comissão Especial para Análise dos Pedidos de Indenização de Ex-Presos Políticos se reúnem hoje, às 9h, para apreciar o pedido de indenização feito pela dona Isaíras Pereira da Silva. Ela é mãe do padre Antonio Henrique Pereira Neto, que foi torturado e assassinado em 1969, durante o regime militar. Mas essa votação pode ser adiada se a Comissão acatar a solicitação que será feita pelo Fórum Dom Helder Câmara. A entidade quer mais prazo para tentar derrubar o parecer da Procuradoria-Geral do Estado, contrário ao pagamento de indenização aos parentes de padre Henrique. O fórum é favorável à concessão do benefício.
“Esse fato é inconcebível e constrangedor para todos nós que atuamos em defesa das liberdades democráticas e do funcionamento pleno do Estado de Direito. Ressaltamos a falta de percepção dos acontecimentos ocorridos num passado recente, época na qual foi desencadeada cruel e descabida perseguição a todos aqueles que ousassem divergir do regime militar”, diz o documento divulgado, ontem, pelas instituições que fazem parte do fórum. Elas se reuniram para discutir o processo do padre Henrique.

O pedido de adiamento da análise da indenização será feito pelos representantes do Centro Dom Helder Câmara, vereador olindense Marcelo Santa Cruz (PT), e da Associação Pernambucana de Anistiados Políticos, Antonio Campos, que fazem parte da comissão. “Politicamente, estamos no canto da parede. São três pareceres contra um. Temos que mostrar outros pareceres favoráveis”, adiantou Campos. Ele se referiu às avaliações contrárias ao pagamento do benefício emitidas por procuradores e pelo representante da Secretaria de Defesa Social, Paulo di Biase. O único favorável foi apresentado pelo relator do processo, Marcelo Santa Cruz.

“Na época, a denúncia do Ministério Público, que não chegou a ser apresentada, identificava os acusados. Mas o crime foi prescrito. Foi praticado por agentes públicos”, lembrou Santa Cruz, referindo-se aos documentos que estão sendo levantados para serem mostrados aos integrantes da Comissão Especial. O Fórum Dom Helder Câmara quer derrubar os dois argumentos dos procuradores. El es afirmam que não há provas de que o padre Henrique teria sido assassinado por agentes da Polícia de Pernambuco e que a família não teria direito à indenização porque já recebeu R$ 110 mil da União, pelo assassinato.

Além do adiamento, as entidades de direitos humanos irão solicitar uma audiência ao secretário estadual de Justiça, Humberto Vieira de Melo. Elas querem mostrar o “descontentamento” com a procuradoria. A Comissão Especial é soberana e pode derrubar o parecer dos procuradores. O relator do processo pede um pagamento de R$ 30 mil como indenização à família do padre Henrique.


Colunistas

PINGA-FOGO - Inaldo Sampaio

Saco de gatos
A campanha eleitoral nem bem começou, mas os atritos já pipocam por todos os lados. É um deus me acuda na aliança que dá sustentação ao presidente Fernando Henrique Cardoso. Tasso Jereissati ataca José Serra e a aproximação dos dois ainda está longe de acontecer; Raul Jungmann critica Roseana Sarney e é criticado por tucanos e pefelistas; e Itamar Franco continua condenando a todos. O que menos se ouve são propostas concretas para o País.

No outro lado do ringue, a situação não é tão diferente. Lula não consegue se entender com as esquerdas, Garotinho dá estocadas em quem poderia ser aliado, Ciro Gomes ainda continua calado e distante da mídia e até Brizola coloca mais lenha na fogueira todas as vezes que abre a boca. Mas ninguém ainda colocou em discussão uma prévia do que poderia ser um razoável programa de governo.

Nem tudo, porém, é para valer porque a campanha eleitoral propriamente dita ainda não começou oficialmente. Mas o que já dá para perceber é que as candidaturas colocadas até agora estão em crise. E, sem exceção, os pré-candidatos mais parecem estar num saco de gatos. Claro, de diversas raças, mas gatos com unhas afiadas e com fome. Essa preliminar promete ser das mais movimentadas.

José Jorge bate forte, diz Teresa Duere
A líder do Governo na Assembléia Legislativa, deputada Teresa Duere (PFL), faz elogios ao ministro José Jorge (Minas e Energia). “Ele teve de bater forte para convencer o Governo Federal a desistir da privatização da Chesf”, garante. “E ele mostrou a extensão do problema e está tomando providências”, acrescenta. Após ser criticado pelo racionamento e falta de planejamento estratégico até dentro do seu PFL, o ministro deve estar pelo menos agradecido, caso não esteja assustado.

Campanha na rua
Toda direção estadual do PSB está envolvida na mobilização da militância para recepcionar o governador do Rio, o presidenciável Anthony Garotinho, nesta quinta 17, no Recife. Além de entrevistas, uma visita a Mata Sul, quando defenderá o lançamento da candidatura do deputado federal Eduardo Campos a governador nas próximas eleições.

Denunciou sim
O Ministério Público de Pernambuco informa que o então procurador-geral de Justiça, Telga Araújo, apresentou denúncia-crime contra dois policiais e um Procurador de Justiça envolvidos no assassinato do Padre Henrique. Mas, em 1988, o Tribunal de Justiça concedeu a ordem para trancar a ação penal. E o processo foi arquivado em 1994.

Mudanças no Estado-Maior desagrada PMs
Nova crise pode se abrir na PM com a remoção dos oficiais do Estado-Maior da Polícia Militar com a saída da chefia do coronel Pero Vaz Caminha. É que nem todos são ligados a Pero Vaz, mas todos atribuem o ato a Iran Pereira.

Coronel propõe comissões de direitos humanos
O comandante da PM, Iran Pereira, enviou anteprojeto à Secretaria de Defesa Social para a criação de comissões de direitos humanos em todos os órgãos da secretaria. E o coronel teve oportunidade de criá-las quando secretário.

O melhor espaço 1
Raul Jungmann ficou duas horas explicando aos repórteres pernambucanos, domingo, as razões de sua candidatura às prévias presidenciais do PMDB, jurando que é para valer. “Sou pau e prosa”, disse, parodiando o bordão de João Pedro Stédili (MST). “E não é uma trapaça não”, garantiu.

O melhor espaço 2
Há quem diga que falta ainda alguns detalhes para Humberto Costa (PT) ser de fato um bom candidato ao Governo do Estado. Ele precisa conversar mais com os partidos que podem apoiá-lo e ir para as ruas para ser visto pela população. Quando deverá ouvir mais e falar o mínimo possível.

Marco Maciel explica que, como vice-presidente, “não pode falar sobre tudo” o que os repórteres querem. Por isso, não responde a todas as perguntas. Como aconteceu no Comando Militar do Nordeste, ao interromper entrevista para atender a um telefonema exatamente quando era questionado sobre a candidatura Jungmann .

Já se ouvem os primeiros rumores de que o Governo do Estado poderá modificar, pela terceira vez, o comando da Secretaria de Defesa Social. Depois de nomear um general, um coronel da PM e um Procurador de Justiça, a solução seria um policial federal. E caso não dê certo, restaria um delegado de polícia.

Os deputados federais Eduardo Campos (PSB) e Joaquim Francisco (PFL) debatem, hoje, às 11h, com Geraldo Freire, na Rádio Jornal, a violência em Pernambuco. O encontro promete ser dos mais polêmicos: Eduardo Campos tem em mãos quadro comparativo dos investimentos em segurança pública de Joaquim a Jarbas.

Causou mal-estar entre os petistas que trabalham na Prefeitura de Olinda o anúncio do Baile Municipal do Recife no Classic Hall. Porque o Baile de Olinda será realizado uma semana depois no mesmo local. Mas Luciana havia anunciado o seu baile em setembro de 2001 e, agora, vai parecer que copia o outro.


Editorial

A CORRUPÇÃO NACIONAL

Entre 91 países pesquisados, o Brasil está em 46º lugar em matéria de corrupção. Significa dizer: 45 países são considerados menos corruptos que o Brasil. A pesquisa é divulgada pela Transparência, Consciência & Cidadania, uma entidade não-governamental fundada em fevereiro de 1996 e ligada à Transparência Internacional, com sede em Berlim, na Alemanha.
O que isso significa como profilaxia, é muito difícil avaliar. O nível de corrupção é muito alto e teme-se que a cura levará bastante tempo, exigindo desde o tratamento preventivo nos primeiros anos de escola até o clamor, a indignação nacional perante o quadro de corruptos e corruptores. De qualquer maneira, contudo, dê-se o ranking como um passo a mais para limpar o País.
O ponto de partida para o entendimento dessa entidade está em seu objetivo, que é o de pesquisar e estudar ações que contribuam para o combate à corrupção, promoção da transparência e da probidade administrativa, conscientização ética e democrática. Meta ambiciosa, como se vê e por isso mesmo louvável. Principalmente porque os que fazem uma organização desse porte costumam ser pessoas de alto nível intelectual, que seriam muito bem aceitos do outro lado, dos que se imaginam mais expertos.

Partindo dessa vertente, a de que felizmente ainda há muitos brasileiros preocupados com um País transparente e ético, é sempre muito salutar prestar atenção ao que diz a Transparência, lembrando que alguns casos que já denunciou redundaram na correção de rumos de autoridades que se consideravam acima de qualquer suspeita e, portanto, faziam uso inadequado de bens e serviços públicos. Como o uso de transporte oficial, pago com dinheiro do contribuinte, para receio particular.

Mas muito mais que essa correção de desvios é necessário alertar para a macrocorrupção, aquela que mexe com a economia nacional e é responsável em boa dose pelo nível de miséria dimensionado pelo IBGE em quase um terço dos brasileiros. Agora mesmo a Transparência Brasil está chamando atenção para estudos mostrando que o custo da corrupção é de R$ 6.650,00 por habitante, isto é, o quanto seria acrescentado à renda per capita nacional se fosse contido esse banditismo.

No momento essa entidade aponta para a campanha eleitoral, mostrando que passa por esse exercício democrático uma das mais graves deformações da cidadania. A compra de votos macula o processo e compromete a democracia, gerando tolerância, aprofundando as diferenças sociais e criando as condições para os conflitos que já estão presentes na crônica brasileira. Eles têm a forma de terror urbano, com a insegurança e o medo em níveis inimagináveis.

Tamanho é o serviço que a Transparência presta ao Brasil que de imediato surgiu a suspeita de que seria mais uma entidade destinada a alimentar projetos eleitorais. Entretanto, a sua constituição é rígida e bastante simplificada. Exige, por exemplo, que seu pequeno número de sócios assinem, para ser admitidos, termo de compromisso no qual se abrigam a não se valer do fato de serem sócios da entidade para promoção política.

Depurada a origem, dado como louvável seu propósito, cabe conferir sua eficácia e essa talvez seja uma tarefa de todos nós. Cumpre exigir probidade de todos, independentemente do registro que faça a Transparência Brasil. Deve-se condenar a corrupção onde ela estiver, qualquer que seja sua suposta “autoridade”. Quem rouba, quem desvia recursos públicos, quem utiliza bens públicos em proveito particular, quem pratica nepotismo não pode ter autoridade.

Essa é uma medicação universal que valeu e vale para muitas nações. Há povos onde a descoberta de corrupção representa escândalo e até comoção nacional. O processo educacional cria uma cultura em que a desonestidade macula gerações inteiras e a desonra muitas vezes só pode ser tolerada com a morte. Do Brasil não se deve exigir tanto, mas o mínimo tolerável. Como aquela velha lição de que bastaria um só artigo de lei – Todo brasileiro deve ter vergonha na cara – para poupar a vergonha nacional em pesquisas como essa do ranking internacional de honestidade.


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01/15/2002


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