José Nery registra encontro da SBPC que terá como tema a Amazônia
O senador José Nery (PSOL-PA), em pronunciamento nesta quinta-feira (5), registrou a realização, de 8 a 13 de julho, em Belém, da 59ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que terá como tema "Amazônia: Um Desafio Nacional". Ele disse esperar que as discussões avancem na busca de soluções para os vastos problemas da região.
- Amazônia é sempre superlativa: recursos hídricos estratégicos, reserva mundial de biodiversidade, minérios em abundância e povos indígenas e tradicionais com uma história tão bela quanto rica. Seria de esperar que os povos da Amazônia pudessem desfrutar, de alguma maneira, de toda essa riqueza. Ledo engano - disse o senador.
Citando o caso do seu estado como exemplo, José Nery informou que 2,6 milhões de pessoas, quase a metade da população do Pará são afligidas pela fome. Dos cerca de 30 mil trabalhadores brasileiros submetidos à condição análoga de escravos, 70% estão em solo paraense. A taxa de analfabetismo é uma das mais altas do país. A maioria dos 9.460 conflitos pela terra registrados nos últimos dez anos também ocorreu no estado.
José Nery lamentou a relação entre o homem e a natureza seja regida pela lógica do capital, que nenhuma preocupação tem com a preservação do meio ambiente. Além disso, assinalou, a exploração predatória da natureza não tem servido para melhorar a vida do povo, pois os recordes nos indicadores de exportação e superávits primários "não escondem a fome, o trabalho escravo, a violência urbana e rural, o desemprego e a submissão ao capital internacional".
Para o senador, qualquer estudo sério desmonta a lógica dos grandes projetos, mostrando que intervenções drásticas na natureza trazem conseqüências trágicas. Ele citou a o caso da Usina de Tucuruí, no Pará, em que populações vizinhas vivem na miséria, e sem luz elétrica.
- Exploração mineral desenfreada, agronegócio, monocultura da cana-de-açúçar, superportos e superusinas são apenas alguns dos projetos previstos para serem implantados na Amazônia. O rastro de destruição deixado por esses projetos é enorme - frisou.
Os cientistas, afirmou José Nery, devem se debruçar sobre questões como o direito de dispor da água apenas como força motriz para movimentar geradores; como combinar desenvolvimento com sustentabilidade; e como aproveitar as potencialidades naturais do país e da Amazônia, "sem comprometer a homem de hoje e de amanhã".
05/07/2007
Agência Senado
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