Jucá condena aumento dos juros



O último aumento da taxa básica de juros pelo Conselho de Política Monetária (Copom) levou o senador Romero Jucá (PSDB-RR) a condenar as iniciativas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na área econômica. Para ele, a administração do PT vem dando continuidade à mesma política econômica que o partido criticava durante a administração do presidente Fernando Henrique Cardoso.

- Dessa forma o partido perde capital político. Quebra as esperanças da população de que o modelo econômico seria diferente. Não quero entrar na discussão de que seria um modelo melhor ou pior. Mas, se o modelo anterior foi condenado nas urnas, que seja implementado um novo modelo para que possa ser testado e avaliado pelos eleitores - observou Jucá.

O senador também criticou a atitude do ministro da Fazenda, Antônio Palocci, de elogiar a decisão do Copom, como se o aumento das taxas de juros não fizesse parte de uma política de governo.

- Parece que a decisão não é dele, da equipe econômica. Ele diz que a decisão foi do Copom. Quem é o Copom? Será que o PT mudou de opinião? No ano passado, o partido dizia que o aumento dos juros era uma decisão do governante, do rumo da política econômica e que não era uma decisão técnica - afirmou.

Segundo Jucá, os dois aumentos de taxas de juros durante o governo de Lula implicam um aumento de mais de R$ 6 bilhões em pagamentos dos serviços da dívida pública. Esse valor, acredita o senador, será pago pelo governo com parte dos R$ 14 bilhões do orçamento de investimentos dos ministérios que foram contingenciados - ou seja, tiveram a liberação suspensa - neste mês.

- O governo jogou pelo ralo mais de R$ 6 bilhões dos R$ 14 bilhões que contingenciou. Esse dinheiro está sendo retirado da atividade produtiva, do investimento social, que poderia gerar emprego. A atitude vai na contramão das propostas defendidas no ano passado, na campanha eleitoral, já que outro compromisso do governo era gerar 10 milhões de empregos - declarou.

Jucá citou ainda que as centrais sindicais também criticaram o aumento dos juros por trazer riscos de recessão e desemprego. Ele lembra que, quando era oposição, o PT participava de manifestações contra as altas taxas de juros e a redução nos investimentos.

- Quero registrar que, quando centrais fizerem uma passeata na Esplanada e espero que seja em breve, que me avisem que estarei lá para tentar discutir essa questão - avisou o senador.

Ele anunciou que, na próxima semana, ocupará a tribuna para discutir o aumento de 2% na dívida pública no primeiro mês de governo e as notícias de que a equipe econômica sugere uma nova alíquota, de 35%, do Imposto de Renda. As possibilidades de cobrança de contribuição previdenciária dos inativos e da redução do percentual de 4% de reajuste previsto para os servidores públicos são outros assuntos que Juca prometeu abordar em plenário brevemente.

- Lutei no governo passado contra a taxação dos inativos e agora estou mais à vontade para cobrar essa posição da bancada do governo. Apoiamos a proposta de 49% de reajuste feita pelos sindicatos de servidores públicos federais. E vamos ajudar a implementar as propostas e promessas feitas pelo governo durante a campanha eleitoral - disse.



21/02/2003

Agência Senado


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