Jucá quer depoimento de Mercadante na CFC
O senador Romero Jucá (PSDB-RR) apresentou requerimento convidando o deputado federal Aloizio Mercadante (PT-SP) para depor na Comissão de Fiscalização e Controle (CFC). Ele quer que o deputado explique sua atuação na privatização da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD).
Reportagem divulgada nesta terça-feira (14) pelo jornal O Globo - cuja transcrição para os anais do Senado foi pedida pelo senador em seu discurso - atribui ao ex-diretor da Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil (Previ), Humberto Eudes Diniz, a informação de que Mercadante se reuniu com ele e outro ex-diretor da instituição, Antônio Nogueirol, para incentivar a entrada do fundo de pensão no negócio. O requerimento de Jucá pede também que os dois ex-diretores sejam convidados a depor na CFC.
- A matéria atesta que o atual deputado Aloizio Mercadante foi o grande mentor intelectual e o grande viabilizador do consórcio para a aquisição da Companhia Vale do Rio Doce - afirmou o parlamentar em Plenário.
Romero Jucá lembrou que a CFC já convidou a prestar depoimentos o ex-presidente da CVRD, Benjamin Steinbruch, o ex-diretor da área internacional do Banco do Brasil, Ricardo Sérgio de Oliveira, o ministro da Educação, Paulo Renato Souza, e o ex-ministro das Comunicações, Luiz Carlos Mendonça de Barros. Todos foram citados em matéria da revista Veja que acusa Ricardo Sérgio de ter pedido uma propina de R$ 15 milhões para viabilizar a entrada da Previ no consórcio que acabou por arrematar a CVRD.
- O convite a Mercadante viria ampliar, não diria a investigação, mas o esclarecimento que se quer sobre o assunto - afirmou Jucá.
A reportagem de O Globo informa que, faltando um mês e meio para a realização do leilão da CVRD, Mercadante se reuniu com Diniz e Nogueirol no Sindicato dos Bancários de São Paulo para incentivar a entrada da Previ no negócio. De acordo com Diniz, o deputado federal - na época, sem mandato - disse então ser importante a formação de um grupo nacional, com forte participação dos fundos de pensão, para concorrer com o consórcio Valecon, liderado pelo empresário Antonio Ermírio de Moraes, do Grupo Votorantim.
Sempre atribuindo as informações a Diniz, a matéria relata que Mercadante temia que o controle da CVRD ficasse com grupos estrangeiros, uma vez que Ermírio de Moraes se associara à mineradora africana Anglo-America. A reportagem afirma ainda que Mercadante confirmou o encontro, mas minimizou sua participação na formação do consórcio.
Para Jucá, evitar o controle estrangeiro da companhia é um "argumento estranho", já que Ermírio de Moraes é "um grande brasileiro", e afirmou que Mercadante pode ter minimizado sua participação no encontro "até por conta de sua modéstia". O senador disse ainda que pode apresentar um segundo requerimento, convidando os atuais diretores da Previ para deporem perante a CFC, devido à informação que obteve de que o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, tem se reunido com empresários que têm interesses na Previ, "provavelmente em busca de recursos para a campanha".
Em aparte, o senador Roberto Saturnino (PT-RJ) afirmou que, se ele próprio tivesse alguma possibilidade de influir na negociação para que um grupo brasileiro pudesse sair vencedor, teria feito o mesmo. No seu entender, é preciso diferenciar uma tentativa de influência de um pedido de propina de R$ 15 milhões, de que Ricardo Sérgio está sendo acusado. Já o senador Tião Viana (PT-AC) afirmou que o PSDB parte para a estratégia do abraço de afogado, agarrando o PT para que ambos caiam juntos no lamaçal.
14/05/2002
Agência Senado
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