JÚLIO CAMPOS SE DESPEDE DO SENADO EM CLIMA DE "ATÉ BREVE"



"Mais vale a lágrima de não ter vencido do que a vergonha de não ter lutado." Com essa frase, o senador Júlio Campos (PFL-MT) iniciou nesta quinta-feira (28) o seu discurso de despedida do Senado Federal, em alusão à sua derrota nas eleições para o governo do Mato Grosso. Porém, os senadores que o apartearam revelaram a convicção de que a ausência de Júlio Campos do Senado é breve, tanto por suas qualidades pessoais quanto pelo seu passado político (veja matéria com os apartes).- O Senado significou para mim, antes de tudo, insubstituível processo de aprendizado cívico, pelo qual o conceito de representação parlamentar deixa de ser compreendido como mero exercício de retórica política e adquire verdadeira dimensão de compromisso transformador na forma de ações sociais concretas - afirmou o senador.Durante o discursos proferido em plenário, Júlio Campos listou seus principais projetos apresentados e as linhas de atuação em que centrou seu mandato. O senador destacou que lutou "insistentemente" por modificações progressistas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), no momento em que "o capitalismo tem promovido transformações radicais na esfera da intricada rede das relações de trabalho".Entre os projetos de lei, Júlio Campos ressaltou o que cria o Plano de Gerenciamento do Pantanal Mato-grossense, além daqueles que determinam a proteção de vítimas ou testemunhas de crimes pelo Estado e acabam com os contratos de gaveta, a fim de "restaurar a credibilidade do Sistema Financeiro da Habitação (SFH)". Todos esses projetos foram aprovados pelo Senado na última legislatura. Além dessas propostas, o Aeroporto Internacional do Galeão ganhou o nome de Tom Jobim por iniciativa de Júlio Campos.O senador teve ainda presença marcante na administração do Senado. Ele foi primeiro-secretário da Mesa Diretora no mandato do ex-presidente Humberto Lucena e segundo vice-presidente na gestão do senador José Sarney (PMDB-AP). Nesse período, Júlio Campos salientou a implantação dos projetos da TV Senado, da Rádio Senado, do Jornal do Senado e da Agência Senado de notícias entre suas principais iniciativas.Os ocupantes anteriores da "cadeira número 3" da bancada de Mato Grosso, como os ex-senadores Felinto Müller e Roberto Campos, também foram citados no discurso de Júlio Campos como exemplos de ilustres homens públicos.- Do povo e do estado de Mato Grosso guardo as mais afetivas recordações e a eles dirijo meus mais sinceros agradecimentos, sobretudo quando do reconhecimento dos bons frutos do meu trabalho - afirmou Júlio Campos.Em nome da Mesa Diretora, o presidente da Casa, senador Antonio Carlos Magalhães, associou-se às homenagens ao senador. Entre as características de Júlio Campos, Antonio Carlos ressaltou a sua dedicação à defesa do Mato Grosso, "com o entusiasmo que lhe é peculiar".- Os verdadeiros líderes sempre retornam às atividades que deixam - concluiu o presidente do Senado, ao fim do discurso de Júlio Campos, aparteado por 14 senadores.

28/01/1999

Agência Senado


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