Juros reais deverão cair para 7% este ano, diz Mantega
A equipe econômica está trabalhando com a meta de reduzir os juros básicos da economia para 13% nominais até o final do ano, com um corte de três pontos percentuais na atual taxa Selic, fixada em 16% pelo Comitê de Política Monetária (Copom) na quarta-feira (14). Os juros reais, que estão em torno de 10%, cairiam para 7%, segundo o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Guido Mantega.
Essas metas constam do cenário macroeconômico apresentado pelo ministro aos parlamentares da Comissão Mista de Planos, Orçamentos Públicos e Fiscalização. Ele reforçou a disposição do governo de alcançar as médias praticadas por alguns países emergentes, que chegam a 3,5% e a 3% de juros reais. Mantega mostrou a trajetória descendente da inflação e do custo do crédito e de outros indicadores, como a relação entre dívida pública e o Produto Interno Bruto (PIB), que indica a capacidade de solvência do país, que baixou de 58,2% em dezembro de 2003 para 57,6% em abril deste ano.
O superávit comercial, segundo ele, deve subir dos US$ 24,8 bilhões registrados no final do ano passado para US$ 27,2 bilhões este mês.
- Isso mostra o êxito da política de comércio exterior do país. Estamos montando um colchão de segurança contra as turbulências do mercado internacional - ressaltou, listando as medidas que estão sendo adotadas pelo governo para reativar setores da economia e reiterando a necessidade de controle fiscal.
O ministro reafirmou que o caminho escolhido pelo governo está correto.
- Teríamos levado o país ao caos se tivesse sido outra a opção. Teria sido uma catástrofe. O governo Lula teria terminado em três meses. O câmbio iria para R$ 5 a R$ 6. Haveria uma combinação entre inflação alta e recessão. Teríamos mergulhado em uma situação semelhante à da Argentina - avaliou, explicando que muitas alternativas foram consideradas pela equipe econômica do então candidato à Presidência, inclusive a hipótese de uma centralização cambial. "Tiramos a faca do pescoço, recuperamos a credibilidade e estamos fazendo uma política diferenciada", acrescentou.
Salário mínimo
Em resposta ás indagações dos parlamentares, Mantega classificou de uma "verdadeira tarefa de equilibrista" a definição do novo salário mínimo. Isso porque o governo, segundo ele, tem que compatibilizar o esforço de aumentar o mínimo sem "quebrar os municípios" e comprometer as contas da Previdência. O ministro disse que não conhecia o estudo apresentado pelo deputado Carlito Mers (PT-SC) de que com um mínimo de R$ 276 mais de 3 mil municípios descumpririam os limites de gasto com pessoal estabelecidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal.
Mantega mostrou ainda que o governo mantém a expectativa de que o board do Fundo Monetário Internacional (FMI) aprove na sua reunião anual, no final deste mês, a proposta brasileira de retirar do cálculo do superávit primário (receitas menos despesas excetuando o pagamento dos juros da dívida pública) os investimentos públicos das estatais que apresentem retorno. O FMI já aceitou excluir os investimentos com saneamento de R$ 2,9 bilhões da meta de superávit.
15/04/2004
Agência Senado
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