Kátia Abreu: "Não somos ameaça à produção de alimentos"



Rebatendo acusações de que o Brasil estaria privilegiando a produção de biocombustíveis em detrimento da produção de alimentos, a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) disse nesta terça-feira (6) que o Brasil não é e não será responsável pela fome no mundo. Ela lembrou que o Brasil tem 850 milhões de hectares de terra e planta cana-de-açúcar em apenas 0,7% do território.

- Não somos uma ameaça à produção de alimentos. Os cidadãos que moram nas cidades se preocupam, com razão, com o aumento no preço dos produtos ou com a sua falta. Mas não foram os produtores que aumentaram os preços dos alimentos. Quando o preço do aço sobre, sobe o preço dos carros. Portanto, quando sobem os preços dos insumos da produção agropecuária, é claro que vai empurrar os preços para diante - afirmou.

A senadora disse que o aumento do custo de produção se baseia em cinco fatores importantes. Ela listou o aumento no consumo mundial, principalmente nos países emergentes, onde o aumento da renda proporciona maior consumo de alimentos; a alta no preço do petróleo, que encareceu o óleo diesel utilizado por tratores, colheitadeiras e caminhões, além dos fertilizantes derivados do petróleo; a redução da área plantada de soja e trigo, nos Estados Unidos, para incrementar as plantações de milho, usado para a produção de etanol; a crise das hipotecas, que levou os investidores a transferir seus investimentos para o mercado futuro de commodities; e os problemas climáticos em países que são grandes produtores de alimentos.

Kátia Abreu ressaltou que, em 2006, um produtor de soja precisava de 28 sacas do produto para comprar uma tonelada de fertilizante. Em 2007, essa relação saltou para 35 sacas pela mesma tonelada de fertilizante. Ela frisou que os fertilizantes e defensivos agrícolas representam 55% do custo de produção. A senadora ainda citou o caso do sal mineral.

- Em janeiro de 2007, um saco de sal mineral de 30kg, para uso pecuário, custava R$ 26. Em maio de 2008, o mesmo saco custa R$ 46. Temos poucas jazidas de sal mineral no Brasil e com qualidade baixa. Marrocos tem as maiores, com potencial de 21 bilhões de toneladas. No Brasil temos um potencial de apenas 268 milhões de toneladas, com qualidade baixa - afirmou.

A senadora ainda sugeriu a isenção da tarifa de importação de 10% do sal e da taxa do Fundo da Marinha Mercante (5%) para baratear o custo de produção. Ela também defendeu a fabricação de fertilizantes genéricos, a exemplo do que já é feito com os remédios para uso humano, e a permissão para que a iniciativa privada invista na construção e melhoria dos portos marítimos.

- Ainda tem o custo-Brasil. Poderíamos produzir mais barato se o governo fizesse a sua parte. Enquanto o mundo inteiro está investindo em hidrovias e ferrovias, 80% do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) está investindo em rodovias. Não se preocupem. Nós temos chão e tecnologia para plantar. Precisamos de infra-estrutura para exportar. Precisamos de regulação para proteger o consumidor - concluiu.



06/05/2008

Agência Senado


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