Krischke fala à CPI sobre envolvimento do Governo com jogo do bicho



O presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), Jair Krischke, prestou depoimento por mais de quatro horas no Plenarinho da Casa à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Segurança Pública sobre as denúncias de envolvimento do Governo estadual com o jogo do bicho. Em seu depoimento, Jair Krischke destacou que a intervenção do MJDH tem a finalidade de contribuir para consolidar a redemocratização no País, e que durante toda sua trajetória no movimento da sociedade civil jamais abandonou a luta pelo respeito aos direitos humanos e às leis. O presidente do MJDH reiterou as denúncias contidas em um dossiê encaminhado na semana passada à Assembléia Legislativa sobre a ação do crime organizado internacional, que estaria agindo no Estado na exploração de jogatina ilegal, principalmente no que se refere aos caça-níqueis e as vídeoloterias. Jair Krischke disse que o Executivo revogou no começo deste mês um decreto que permitia a exploração de caça-níqueis no Estado, e que o diretor da Lotérica do Estado (Lotergs), José Vicente Brizola, teria recebido uma correspondência do consultor de uma sociedade administradora de bingos, Juarez Rosa da Silva, pedindo que o Governo não revogasse o decreto, o que demonstra a existência de jogatina com ramificações que atuam junto ao Governo gaúcho nas diversas modalidades de jogos de azar. Krischke também desmentiu o chefe de Casa Civil, Flávio Koutzii, em relação às manifestações de que a Assembléia teria votado o projeto relacionado ao jogo, lembrando que o Legislativo apenas votou e aprovou o projeto relativo às taxas e não ao jogo. Ele explicou que, por solicitação do líder governista Ivar Pavan, foi retirado um artigo que criava a autarquia das modalidades lotéricas, ficando apenas as alterações relativas às taxas dos jogos, configurando um procedimento inconstitucional e uma ilegalidade, já que se votaram as taxas, quando não há lei que autorize o jogo. Jair Krischke entende ser necessária a apuração de tais fatos, alertando que está sendo instituído um cassino virtual no Estado e que seria distribuído por todo o Rio Grande do Sul de forma privatizada, e cobrou ainda do Governo estadual uma investigação rigorosa à essas denúncias, ao invés de respondê-las ameaçando de processo contra quem denuncia. O presidente da CPI, deputado Valdir Andres (PPB) afirmou que a complexidade das denúncias apresentadas pelo presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), Jair Krischke, irão merecer atenção redobrada dos membros da Comissão. "A CPI irá investigar com afinco as irregularidades apresentadas por Krischke". Andres disse que a CPI deverá analisar os vários documentos entregue pelo presidente do MJDH aos membros da Comissão. Para o vice-presidente da CPI da Segurança Pública, deputado Elmar Schneider (PMDB), o depoimento do presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos, Jair Krichke, levantou inúmeras denúncias, que não podem ser relegadas, dada a importância histórica da entidade que o mesmo representa. “As questões apontadas são graves e merecem uma rigorosa apuração por parte do Governo do Estado. Simplesmente, desprezá-las seria um ato de omissão e de extrema irresponsabilidade”, avaliou o parlamentar. No início dos trabalhos da CPI, os parlamentares discutiram sobre os requerimentos apresentados pelo deputado Ronaldo Zulke (PT), com a relação dos convocados para os futuros depoimentos que serão ouvidos pela Comissão. Causou polêmica a solicitação para comparecimento do delegado Hilton Müller Rodrigues entre os depoentes, já que o policial estava na CPI cedido como assessor para a Mesa Diretora. E, por manifestação do relator da CPI, deputado Vieira da Cunha (PDT), foi feito o pedido para que o delegado não viesse depor, porque isso impediria que ele voltasse a ser assessor quando retomasse suas atividades, ficando aprovado então que o delegado não compareça na CPI.

06/25/2001


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