Krischke reitera denúncias sobre envolvimento do governo com jogos de azar



O presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH), Jair Krischke, prestou depoimento por mais de cinco horas no plenarinho à CPI da Segurança Pública sobre as denúncias de envolvimento do governo estadual com o jogo do bicho. Em seu depoimento, Jair Krischke destacou que a intervenção do MJDH tem a finalidade de contribuir para se consolidar a redemocratização no país e que durante toda sua trajetória no movimento da sociedade civil jamais abandonou a luta pelo respeito aos direitos humanos e às leis. O presidente do MJDH reiterou as denúncias contidas em um dossiê encaminhado na semana passada à Assembléia Legislativa sobre a ação do crime organizado internacional que estaria agindo no Estado na exploração de jogatina ilegal, principalmente no que se refere aos caça-níqueis e as vídeo-loterias. Krischke disse que o Executivo revogou no começo deste mês um decreto que permitia a exploração de caça-níqueis no Estado e que o diretor da Lotérica do Estado (Lotergs), José Vicente Brizola, teria recebido uma correspondência do consultor de uma sociedade administradora de bingos, Juarez Rosa da Silva, pedindo que o governo não revogasse o decreto, o que demonstra a existência de jogatina com ramificações que atuam junto ao governo gaúcho nas diversas modalidades de jogos de azar. Krischke também desmentiu o chefe de Casa Civil, Flávio Koutzii, em relação às manifestações de que a Assembléia teria votado o projeto relacionado ao jogo, lembrando que o Legislativo apenas votou e aprovou o projeto relativo às taxas e não ao jogo. Ele explicou que, por solicitação do líder governista Ivar Pavan, foi retirado um artigo que criava a autarquia das modalidades lotéricas, ficando apenas as alterações relativas às taxas dos jogos, configurando um procedimento inconstitucional e uma ilegalidade, já que se votaram as taxas, quando não há lei que autorize o jogo. Jair Krischke entende ser necessária a apuração de tais fatos alertando que está sendo instituído um cassino virtual no Estado e que seria distribuído por todo o Rio Grande do Sul de forma privatizada, e cobrou ainda do governo estadual uma investigação rigorosa à essas denúncias, ao invés de respondê-las ameaçando de processo contra quem denuncia. O presidente da CPI, deputado Valdir Andres (PPB) afirmou que a complexidade das denúncias apresentadas por Krischke irão merecer atenção redobrada dos membros da Comissão. "A CPI irá investigar com afinco as irregularidades apresentadas". Andres disse que a CPI deverá analisar os vários documentos entregue pelo presidente do MJDH aos membros da Comissão. Para o vice-presidente da CPI, deputado Elmar Schneider (PMDB), o presidente do Movimento de Justiça e Direitos Humanos levantou inúmeras denúncias, que não podem ser relegadas, dada a importância histórica da entidade que ele representa. “As questões são graves e merecem uma rigorosa apuração por parte do governo do Estado. Simplesmente, desprezá-las seria um ato de omissão e de extrema irresponsabilidade”, avaliou o parlamentar. Para o líder do governo, Ivar Pavan (PT), o depoimento de Krischke não acrescentou nenhuma novidade que possa ajudar as investigações da CPI. “Infelizmente assistimos uma série de denúncias requentadas contra o chefe de Polícia, contra delegados e contra o corregedor da Polícia Civil, todas elas já analisadas e arquivadas pelo Ministério Público e Poder Judiciário. A grande novidade apresentada por Krischke foi a crítica feita ao Ministério Público que foi chamado pelo depoente de Triângulo das Bermudas”, argumentou Pavan. O deputado Ronaldo Zülke (PT) lamentou que a CPI esteja servindo de instrumento para os setores que não aceitam a regulamentação da vídeoloteria atacarem o governo.


06/26/2001


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