LANDO CONDENA EMPRÉSTIMO DO FAT NA PRIVATIZAÇÃO DA CESP TIETÊ



O senador Amir Lando (PMDB-RO) protestou nesta sexta-feira (dia 29) contra as condições em que se realizou a privatização da Cesp Tietê, na quarta-feira (dia 27), em São Paulo. Ele criticou a atitude do governo brasileiro, "que além de ter vendido a hidrelétrica a preço de banana, ainda cometeu a insensibilidade de usar recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador)" para financiar 50% do preço mínimo à empresa americana AES, que pagou R$ 938 milhões pela hidrelétrica, com um ágio "de apenas 30%".
Lando lembrou que, recentemente, inconformado com os rumos escolhidos pelo governo brasileiro para conduzir o processo de privatização da economia, o empresário Antonio Ermírio de Moraes perguntou se, "ao final de tantos descalabros", sobraria alguma coisa para a empresa nacional. "A essa altura eu pergunto: será que vai sobrar o Brasil?", indagou o senador..
Depois de concluir que as privatizações têm se constituído "em um grande desastre para os interesses nacionais", ele disse que só podia entender a "inexplicável atitude" de vender a Cesp Tietê em condições tão desfavoráveis como uma maneira de compensar a retirada do poder de veto aos sócios minoritários da Cemig, entre os quais se inclui a AES. ..
Amir Lando ressaltou que a decisão de privatizar a economia, conforme o receituário neoliberal adotado pelo governo, está baseada em uma falsa premissa. Isso porque a contenção do déficit público, sempre apontado como a principal justificativa para a venda das estatais, "não aconteceu até agora, pelo contrário, apesar do patrimônio público já ter sido praticamente todo vendido". ..
O senador classificou a privatização da Cesp Tietê como "um absurdo sob todos os aspectos" e citou os países desenvolvidos que não abriram mão de manter hidrelétricas na condição de empresas públicas. "Nos Estados Unidos, por exemplo, o Exército é o proprietário da maioria das hidrelétricas", lembrou. ..
De acordo com Lando, as perspectivas são de agravamento das dificuldades econômicas. Após citar declarações do ministro do Desenvolvimento, Alcides Tápias, segundo o qual o empresariado nacional não tem propostas viáveis e, por isso, o empresariado estrangeiro deve ser estimulado a participar do processo, ele concluiu: ..
- O mais lamentável é que estão tirando esses recursos do povo, do FAT! São recursos que poderiam ser utilizados para construção de escolas, de hospitais, reparo de estradas e quando vamos ver, estão sendo empregados no financiamento, a 5% ao ano, para uma empresa americana adquirir nosso patrimônio - afirmou.

29/10/1999

Agência Senado


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