Lando quer que Congresso regulamente MPs para próximo mandato presidencial



O senador Amir Lando (PMDB-RO) acredita que o Senado só terá de volta sua competência exclusiva para legislar, e assim sua dignidade, se regulamentar a emissão de medidas provisórias (MPs). "Ninguém vai regulamentar essa matéria durante essa legislatura. Os partidos se alinham com a vontade do Poder Executivo", afirmou o senador em discurso no Plenário nesta quinta-feira (dia 7).

Lando relatou que trata do assunto em pronunciamentos desde fevereiro de 1991. O líder do governo no Senado, senador Romero Jucá (PSDB-RR), discordou da avaliação de Lando e afirmou que o governo espera que a Câmara dos Deputados chegue a um consenso sobre a matéria - que regulamenta a emissão de MPs e está em exame naquela Casa - e que vote o assunto o mais breve possível, uma vez que a sociedade reclama urgência.

Amir Lando afirmou que, desde 1991, defende que o texto constitucional não prevê a possibilidade de reedição das MPs e se disse contrário ao poder de legislar conferido ao Poder Executivo com as MPs. Para ele, elas instituem no país uma ordem que não é legal nem constitucional. "No Brasil há uma ordem, que é a Constituição Federal, o resto é desordem", opinou.

Para Lando, o país está diante de uma crise institucional em que o Poder Judiciário é exercido por meio de julgamentos na mídia e, em outros momentos, o Poder Executivo legisla. "Só o poder limita o poder, é preciso um esforço hercúleo para manter as instituições e a democracia que ainda claudica no país", disse.

As MPs conferem ao chefe do Executivo um poder monocrático e isso já teria natureza praticamente institucional, pois todos os ocupantes do cargo usam e abusam da prerrogativa e continuarão fazendo isso graças à prerrogativa constitucional "mal interpretada", conforme Lando. "Isso acontecerá ao infinito enquanto houver conivência do Congresso Nacional", advertiu.

O senador disse temer que a regulamentação a ser votada pelo Congresso não seja respeitada no futuro, como hoje não é respeitado o texto constitucional no que se refere às medidas provisórias.

07/06/2001

Agência Senado


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