Lauro Campos anuncia saída do PT
A adesão do PT ao modelo econômico neoliberal e ao processo de sucateamento da economia brasileira foi apontada pelo senador Lauro Campos (DF) como a principal razão para o seu desligamento do partido, do qual foi um dos fundadores. A defesa do presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, da candidatura de Cristovam Buarque ao Senado - Lauro Campos era um dos outros dois pré-candidatos - foi apenas a "gota d"água" que culminou com a decisão anunciada nesta quarta-feira (dia 18) em Plenário.
O senador leu em Plenário carta que enviou ao presidente nacional do PT, o deputado José Dirceu, apresentando as razões do seu desligamento do partido. Lauro acusa o presidente de honra do partido, Luiz Inácio Lula da Silva, de promover uma intervenção no PT de Brasília ao declarar que o candidato ao Senado deve ser Cristovam. Com o objetivo de impedir a livre escolha dos candidatos aos cargos majoritários, o ato de Lula, segundo Lauro, "evidencia que a ditadura pelega e intelectualóide que se instaurou no PT venceu arrasadoramente".
Na avaliação do senador, o partido, a partir de 1988, desestruturou suas instâncias democráticas, baseadas em núcleos, comitês e na ligação com o sindicatos. "A despetização do partido e o medo da proximidade com a CUT e o MST enfraqueceram o movimento e a organização dos trabalhadores, no momento em que todas as forças da crise e da dita modernização se abatiam sobre a classe espoliada", afirmou.
A direção nacional do partido já havia formulado pedido de explicações ao senador sobre o fato de não ter votado em Cristovam para governador do Distrito Federal, em 1998. Lauro disse que o fez para ser fiel a sua consciência, a sua ideologia, aos seus valores e também às normas partidárias. "Só mesmo um ranço stalinista pode exigir ser fiel às pessoas e não às idéias. Se votasse em Cristovam, estaria compactuando com o neoliberalismo, com o FMI, e traindo os meus princípios", explicou.
Lauro Campos acusou a cúpula petista e, em especial, Cristovam de adotarem uma postura de acomodação em relação ao governo federal, com o objetivo de se mostrarem confiáveis às classes dominantes.
- Em vez de criticar a política do governo federal, o PT acrítico freqüenta o Alvorada na figura do dócil Cristovam Buarque que, até a última hora, esperou o apoio de FHC a sua recandidatura a governador do DF - afirmou.
18/04/2001
Agência Senado
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