Lauro Campos critica flexibilização da CLT



A disposição do governo de flexibilizar direitos e garantias previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi alvo de críticas em Plenário, nesta quinta-feira (14), do senador Lauro Campos (PDT-DF). "A CLT e o salário mínimo, que não foram doações, mas conquistas dos trabalhadores durante o governo de Getúlio Vargas, estão sendo destruídos pelo governo de Fernando Henrique Cardoso", afirmou.

Segundo Lauro Campos, o atual presidente da República dedicou esses sete anos de mandato a desmantelar direitos fundamentais dos trabalhadores, como a redução da jornada de trabalho, a aposentadoria e a livre sindicalização. O senador trabalhista anunciou outros possíveis golpes à CLT, como o fim da licença paternidade, "que alguns consideram um luxo", e a conversão de feriados e domingos em dias normais de trabalho.

Lauro Campos contestou a "matemágica" aplicada pelo governo, que transformaria perdas dos trabalhadores em ganhos. Para ilustrar os prejuízos amargados pela classe trabalhadora no atual governo, o senador citou estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) que apontou uma queda de 8,9% nos rendimentos dos assalariados durante o Plano Real. Já o IBGE identificou uma queda maior dos salários em cidades menores, diagnóstico que contraria recentes declarações do presidente.

Na opinião de Lauro Campos, a desagregação do mercado de trabalho interno é um reflexo da crise global do capitalismo, capitaneada pelos Estados Unidos, e pode estar levando o país para a beira do precipício. Na ótica capitalista, disse Lauro Campos, o pleno emprego só pode ser alcançado com redução de salário. O senador teme que o Brasil, que convive com salários cada vez menores e desemprego crescente, possa chegar ao índice de desemprego da Argentina, na faixa de 30%.



14/03/2002

Agência Senado


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