Lessa anuncia apoio à produção de papel imprensa
Durante a audiência pública promovida nesta quarta-feira (5) pela Comissão de Educação (CE) para debater a situação da mídia impressa no Brasil, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, anunciou a intenção de apoiar a ampliação da produção nacional do papel imprensa, que responde por um terço dos custos de produção das empresas do setor.
Segundo o presidente do BNDES, o país está importando dois terços do papel imprensa que utiliza e possui apenas uma fábrica do produto.
- Estamos gastando muitos dólares importando o papel imprensa, quando temos predestinação climática, florestas formadas e dominamos tecnologia para produzi-lo aqui - afirmou.
O diretor de Assuntos Jurídicos da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Paulo Tonet Camargo, observou que os custos com a importação de papel "pesam muito" sobre os mais de 2.900 jornais que existem no país. Ele disse ainda que as empresas do setor se endividaram no exterior na década de 90 para modernizar suas empresas e que, após a desvalorização cambial, seria interessante para o setor a troca de dívidas em moedas estrangeiras por uma dívida em reais.
Durante a audiência, o vice-presidente executivo do Jornal do Brasil, Paulo Marinho, afirmou que não é de socorro que a indústria nacional precisa, mas sim de "aquecimento do mercado, taxas de juros factíveis e racionalização carga tributária". Por outro lado, considerou "absurda" a posição mantida até hoje pelo BNDES de não conceder financiamentos às empresas de comunicação.
O diretor de redação da revista Carta Capital, Mino Carta, afirmou que muitas das dívidas assumidas por empresas do setor devem-se ao "espírito perdulário e à incompetência". Mesmo assim, ele observou que, se se pretende salvar a mídia impressa, "será necessário impedir que as empresas quebrem de vez", por meio de operações que lhes permitam refinanciar os compromissos que assumiram. Por sua vez, o coordenador-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação, Celso Augusto Schröder, lembrou a importância de se levar a discussão sobre o tema ao Conselho de Comunicação Social.
No início da reunião, o presidente da comissão, senador Osmar Dias (PDT-PR), disse ter ficado decepcionado com a divulgação, pela Rede Record, de programa em que se afirmava que a CE já havia apoiado a operação de apoio às empresas de comunicação, quando o colegiado está apenas discutindo o tema. A mesma queixa foi feita pelo presidente do BNDES, Carlos Lessa, que disse estar aguardando decisão da Justiça para exercer o direito de resposta.
Osmar Dias lamentou ainda a decisão da TV Senado de interromper as transmissões da audiência pública, para passar a transmitir a reunião da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ). O protesto foi endossado pelas senadoras Ideli Salvatti (PT-SC) e Maria do Carmo Alves (PFL-SE), para as quais o tema em discussão na CE é "da mais alta relevância para o país".
05/05/2004
Agência Senado
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