Líder condena "paralisação" no Itamaraty por causa das eleições



O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), em discurso no Plenário nesta sexta-feira (27), citou matéria publicada pelo jornal Correio Braziliense de quinta-feira (26) segundo a qual o Ministério das Relações Exteriores está com suas funções paralisadas e "em clima de abandono" em decorrência das eleições. O senador citou dados da reportagem dando conta de que os problemas no órgão vão desde casos de roubos, passando por queixas de assédio moral, agressões físicas, até lutas partidárias decorrentes da explícita participação do chanceler Celso Amorim e de outros membros da cúpula do Itamaraty na campanha de reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

- Eu tenho relações pessoais muito boas com o chanceler Celso Amorim, mas considero que ele pratica uma demasia quando vira cabo eleitoral do presidente Lula. Eu nunca vi um chanceler fazer isso; em toda a minha vida eu nunca vi um chanceler em comício - destacou.

Arthur Virgílio afirmou ainda que decisões importantes deixam de ser tomadas por causado segundo turno das eleições. Segundo ele, o novo embaixador dos Estados Unidos, Clifford Sobel, não conseguiu reunir-se com o presidente Lula para entregar suas credenciais, e diplomatas brasileiros designados para postos no exterior são impedidos de partir, mesmo quando sua presença é urgente e necessária. É o caso, por exemplo, do novo embaixador do Brasil na Bolívia, Frederico César de Araújo, que somente tomará posse em 15 de novembro, apesar de seu nome ter sido aprovado ainda no primeiro semestre deste ano.

O senador também citou o registro de uma queixa de agressão por uma oficial de chancelaria contra o ministro Alfredo Leoni, chefe da Coordenação Geral de Modernização do ministério, por causa de reivindicações de reajuste salarial, e casos de assédio moral que supostamente teriam sido praticados pelo novo chefe da Agência Brasileira de Cooperação (ABC), embaixador Luiz Henrique Pereira da Fonseca.

- Aguardo que se manifeste o Itamaraty. Volto a reafirmar minha amizade pessoal pelo ministro Celso Amorim, mas não posso deixar de registrar algo de tamanha gravidade - ressaltou.

Zona Franca

Arthur Virgílio voltou a lembrar a suposta edição de uma medida provisória que prejudicaria o Pólo Industrial de Manaus em relação à produção de componentes da TV digital. Ele ressaltou que o presidente Lula, em discurso no Amazonas, não firmou nenhum compromisso para impedir a edição da MP, e ressaltou que o candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, comprometeu-se com o assunto "dizendo que TV de plasma, de cristal líquido, só em Manaus".

Outro ponto do discurso do senador destacou que as empresas operadoras de câmbio e turismo que estão no noticiário - Vicatur e Diskline -, por envolvimento na operação de compra do dossiê contra políticos do PSDB tiveram seus sigilos bancários quebrados no passado por meio da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito do Banestado.

- Quem pediu a quebra do sigilo da Vicatur e da Diskline foi o PT, por intermédio do deputado José Mentor (PT-SP), que era relator da CPI do Banestado. Essa iniciativa foi para investigar irregularidades cometidas por essas empresas ou haveria outra motivação qualquer? As empresas envolvidas nesse escândalo do dossiê, ao entrarem nessa desastrosa operação, prestaram serviço ao PT porque, porventura, teriam recebido algum tipo de benefício ou proteção na CPMI do Banestado? - questionou Arthur Virgílio.



27/10/2006

Agência Senado


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