Itamaraty condena detenção de jornalistas brasileiros e ONU diz que violência no Egito é inaceitável



O Ministério das Relações Exteriores divulgou nota, nesta quinta-feira (3), afirmando que o governo brasileiro “deplora os confrontos violentos associados aos últimos desdobramentos da crise no Egito, em particular os atos de hostilidade à imprensa” reportados nesta quarta e quinta-feiras (2 e 3). 

Segundo a nota, o governo “protesta contra a detenção dos jornalistas brasileiros Corban Costa, da Rádio Nacional, e Gilvan Rocha, da TV Brasil, e manifesta a expectativa de que as autoridades egípcias tomem medidas para garantir as liberdades civis e a integridade física da população e dos estrangeiros presentes no país”. 

O Itamaraty reafirmou a “solidariedade e amizade do Brasil ao povo egípcio”, mas ressaltou que o governo brasileiro espera a instabilidade seja superada com a maior rapidez possível, de forma democrática. A nota lembra que a Embaixada do Brasil no Cairo continuará prestando assistência a turistas e residentes brasileiros que se encontram no país.

 

ONU: violência contra manifestantes pacíficos é inaceitável 

Também nesta quinta-feira, o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, condenou energicamente os ataques contra manifestantes que pedem a renúncia do presidente egípcio, Hosni Mubarak. Ele considerou "escandalosa e completamente inaceitável" a repressão contra os meios de comunicação e defensores dos direitos humanos no Egito. 

Ban Ki-moon afirmou que é importante que se assegure uma transição ordenada e pacífica. Segundo Ban, ambos os lados devem exercer moderação. De acordo com agências de notícias, novos atos de violência foram registrados na Praça Tahrir, no centro do Cairo, entre opositores e simpatizantes do presidente Hosni Mubarak. 

A comissária de Direitos Humanos da ONU, Navi Pillay, recebeu relatos de que pelo menos 300 pessoas haviam morrido nos protestos até agora e cerca de 3 mil teriam ficaram feridas Na quarta-feira, a violência aumentou quando manifestantes pró e contra o presidente se enfrentaram na praça.

 

Jornalistas brasileiros retornam nesta sexta-feira

Enviados ao Egito para a cobertura da crise política no país, o jornalista Corban o repórter cinematográfico Gilvan Rocha, foram detidos, tiveram os olhos vendados e passaportes e equipamentos apreendidos. Desde a quarta-feira à noite até a manhã desta quinta-feira, eles ficaram 12 horas sem água, presos em uma sala sem janelas e com apenas duas cadeiras e uma mesa, em uma delegacia do Cairo.

“É uma sensação horrível. Não se sabe o que vai acontecer. Em um primeiro momento, achei que seríamos fuzilados porque nos colocaram de frente para um paredão, mas, graças a Deus, isso não aconteceu”, afirmou Corban, que retorna ao País nesta sexta-feira (4), juntamente com o colega Gilvan. 

Para serem liberados, foram obrigados a assinar um documento em árabe, no qual, segundo a tradução do policial, ambos confirmavam a disposição de deixar imediatamente o Egito rumo ao Brasil. 

No caminho da delegacia ao aeroporto do Cairo, Corban disse ter observado tensão nas ruas e a movimentação intensa de manifestantes e veículos militares nos principais locais da cidade. Segundo ele, todos os automóveis são parados em fiscalizações policiais e os documentos dos passageiros, revistados. Os estrangeiros são obrigados a prestar esclarecimentos. De acordo com o repórter, o taxista sugeriu que ele omitisse a informação de que era jornalista.

Há dez dias, o Egito vive momentos de tensão em decorrência de onda de protestos contra a permanência de Hosni Mubarak na presidência do país. A situação se agravou na quarta-feira, depois que manifestantes pró e contra o governo se enfrentaram nas ruas das principais cidades egípcias. Jornalistas têm sido atacados e há informações de que um deles foi espancado até a morte no Centro do Cairo.

 

Fonte:
Itamaraty
ONU
Agência Brasil



25/02/2011 10:04


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