Líderes decidem pela leitura do requerimento da CPI da oposição.
A reunião dos líderes partidários na residência oficial da Presidência do Senado, na tarde desta terça-feira (8), terminou com a expectativa de novos embates entre governo e oposição, ao contrário do que esperava o articulador do encontro, o presidente do Senado, Garibaldi Alves. Com a decisão de que seria feita na sessão deliberativa desta tarde a leitura do requerimento da oposição que cria a comissão parlamentar de inquérito (CPI) que investigará o uso dos cartões corporativos formada apenas por senadores, o líder do governo, Romero Jucá (PMDB-RR), anunciou que o governo exigirá a presidência e a relatoria do novo colegiado.Terminada a reunião de líderes, o requerimento de criação foi lido no Plenário do Senado pouco antes das 18h.
- A indicação dessa nova CPI quebra o acordo que a base do governo tinha com a oposição no Senado. Nós defendemos a partilha de cargos na CPI do Congresso exatamente para construir o entendimento. Colocado por terra esse entendimento, vai se fazer valer a proporcionalidade dos partidos - disse Jucá.
Quando da instalação da CPI Mista dos Cartões, a disputa pelos cargos de presidente e relator levou a oposição a apresentar o requerimento de criação da comissão apenas no Senado. O impasse foi encerrado com a entrega da presidência da CPI mista à senadora Marisa Serrano (PSDB-MS).
De acordo com o senador Demóstenes Torres (DEM-GO), porém, a oposição vai brigar por um dos cargos de comando da CPI que ela mesma protocolou.
- A tradição é um posto para a situação e um posto para o governo. Se o governo for tentar os dois, já é mais uma briga. Já é complicar as investigações dentro do Senado. Vamos fazer a mesma luta de obstrução - garantiu ele.
Demóstenes explicou que, apesar de a correlação de forças na nova comissão ser numericamente vantajosa para o governo - das 11 vagas, apenas três serão destinadas à oposição -, os senadores da base seriam menos sujeitos à pressão do governo que os deputados escalados para a CPI mista.
- A CPMI fracassou. Pode cair uma bomba atômica que os deputados do governo não vão se mexer. Botaram os mais desqualificados dessa vez, o que prova que o governo não quer investigar. Só quer abafar. No Senado, embora sejamos minoria, nós acreditamos que podemos fazer alguma coisa - disse Demóstenes.
A oposição decidiu pressionar pela leitura do requerimento, apresentado pelo senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) em fevereiro, diante das dificuldades em aprovar, na CPI mista, requerimentos contrários ao interesse do governo, como o de convocação da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff.
08/04/2008
Agência Senado
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