Lily Marinho diz que é uma grande honra receber o diploma das mãos de Sarney, amigo de Roberto Marinho



A embaixadora da Boa Vontade da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), dona Lily Marinho, viúva do empresário Roberto Marinho, fundador das Organizações Globo, afirmou que sua indicação ao Diploma Bertha Lutz foi uma surpresa e se disse honrada por receber o prêmio das mãos do presidente do Senado, José Sarney, grande amigo de seu falecido marido.

- Considero que esse prêmio é mais um sinal de amizade e de fidelidade a uma mulher de quase 88 anos. Isso, principalmente da parte da senadora Lúcia Vânia, de Goiás, do que por causa de mérito próprio - disse, em entrevista à Agência Senado.

Lily Marinho afirmou que o trabalho de Bertha Lutz, que dá nome ao prêmio que irá receber nesta quinta-feira (5), junto com outras quatro homenageadas, tem dado frutos como o decréscimo na desigualdade salarial entre homens e mulheres e a conquista da licença-maternidade, uma realidade no país, conforme afirmou. Recordou ainda que as brasileiras adquiriram o direito ao voto antes das francesas.

No entanto, disse que ela própria nunca foi uma militante da causa feminista, embora sempre tenha apoiado os esforços das mulheres que precisam trabalhar para sustentar suas famílias. A embaixadora da Unesco mencionou, ainda, sua luta pelos direitos das crianças.

Lily Marinho disse que um dos problemas da sociedade brasileira é que não há trabalho para todas as mulheres. Para ela, as que não necessitam trabalhar para seu sustento deveriam deixar oportunidade para as que de fato precisam fazê-lo.

Defensora da instituição casamento, Lily Marinho disse que esteve casada por mais de 60 anos, primeiramente com Horácio de Carvalho e, depois, com Roberto Marinho. Ela criticou as mulheres que abandonam o casamento no primeiro obstáculo, provocando sofrimento nas crianças e nas famílias, assinalando que as dificuldades da vida a dois foram feitas para serem superadas.

Lily Marinho criticou também a discriminação aos idosos, especialmente às mulheres idosas.

- Muitas - não estou falando de mim - são excluídas, renegadas, e isso é grave. Os jovens não sabem o que eles perdem por esquecer a velha geração, a velha guarda - disse.

Cultura

A dedicação de Lily Marinho à cultura e às artes data de 1993, quando o embaixador da França no Brasil, à época, pediu-lhe que ajudasse a promover as relações culturais entre os dois países. Ela afirmou que seu marido e a Fundação Roberto Marinho, que criou, obtiveram sucesso nessa empreitada, recordando que exposições de mestres estrangeiros da pintura e da escultura, como Monet, Picasso e Rodin, e mostras importantes que tiveram como tema o surrealismo, por exemplo, obtiveram grande sucesso de público.

Lily Marinho lembrou que a exposição das obras de Rodin, no Rio de Janeiro e em São Paulo, recebeu 600 mil visitantes; Monet e Picasso, nessas capitais, 800 mil visitantes. A mostra Paris 1900 recebeu 1,2 milhão de visitantes e a do surrealismo foi vista por 750 mil pessoas somente no Rio de Janeiro.

- Esses eventos, foi-me dito, mudaram os hábitos culturais em nosso país - afirmou.

Lily Marinho relatou que foram necessários contatos com diversas autoridades estrangeiras entre ministros, empresários e diretores de instituições públicas e privadas para viabilizar a vinda das mostras estrangeiras ao Brasil, devido às exigências técnicas. Graças a esse trabalho, segundo ela, atualmente cidades como Curitiba, Belém, Niterói, Goiânia, Palmas, Manaus e Porto Alegre estão aptas a receber qualquer coleção vinda do exterior.

No momento, Lily Marinho está empenhada em apoiar a candidatura da cidade do Rio de Janeiro à categoria de Patrimônio da Humanidade, título a ser concedido pela Unesco. Ela informou que está produzindo um dossiê sobre a cidade, frisando que a candidatura é importante não só para o Rio, como também para o Brasil.

Lily Marinho também vem atuando no sentido da descentralização do eixo cultural do Sul-Sudeste. Para isso, tem auxiliado a organização de eventos em cidades como Palmas, Belém, Criciúma (SC), São Joaquim (SC) e Joinville (SC), entre outras, para que estudantes do interior também possam ter acesso à cultura.

05/03/2009

Agência Senado


Artigos Relacionados


Sarney lamenta morte de Lily Marinho

Brasil perdeu um grande homem com a morte de Roberto Marinho, diz Sarney

Magno Malta sobre Roberto Marinho: quem emprega gera a honra

Dilma lamenta morte de Lily Marinho

Plenário aprova homenagem de Sarney a Roberto Marinho

Lily Marinho lança livro no Salão Nobre do Senado