Lindbergh Farias elogia visão de desenvolvimento de Celso Furtado e de Marina Silva




A visão de desenvolvimento do economista Celso Furtado (1920-2004) e a concepção de desenvolvimento sustentável defendida pela ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente Marina Silva foram exaltadas nesta terça-feira (12) em Plenário pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ). Ao prestar homenagem a ambos, o senador apontou a intercessão entre os pensamentos de Celso Furtado e de Marina Silva, citando a obra O Mito do Desenvolvimento, de 1974, em que o economista aponta os impactos do desenvolvimento econômico sobre o meio ambiente, tema então praticamente ignorado pela economia.

- A noção atual de desenvolvimento sustentável representa, em certa medida, uma vindicação do pensamento de Celso Furtado: não é qualquer crescimento que leva ao desenvolvimento. O crescimento econômico que deve ser perseguido é aquele ecologicamente sustentável, ou seja, possível, durável, realizável - disse Lindbergh Farias.

Em um trecho do livro, Celso Furtado questiona o conceito "ambíguo que carrega definições arbitrárias" do PIB que, avalia o senador, prevalece até hoje: "Por que ignorar, na medição do Produto Interno Bruto (PIB), o custo para a coletividade da destruição dos recursos naturais não-renováveis, e o dos solos e florestas (dificilmente renováveis)? Por que ignorar a poluição das águas e a destruição total dos peixes nos rios em que as usinas despejam seus resíduos?". Ao citá-lo, Lindbergh Farias identificou o "parentesco" com a bandeira de Marina Silva, do desenvolvimento sustentável.

- Estou convencido de que Celso Furtado é o pai do conceito de desenvolvimento, Marina Silva é a sacerdotisa do desenvolvimento sustentável - afirmou.

Lindbergh Farias sustenta que as ideias de Celso Furtado - segundo as quais as forças do mercado acentuam as desigualdades regionais, forçando o governo a criar estratégias para garantir o desenvolvimento - prevalecem na atual estratégia de desenvolvimento nacional no governo, na sociedade, no Parlamento, nos movimentos sociais e nos debates nas universidades. O senador disse buscar inspiração nelas para o que chama de "grande democracia popular" fundada no desenvolvimento econômico, na distribuição de renda, na inovação tecnológica e na sustentabilidade ambiental.

- É exatamente essa bandeira que é projetada no mais alto bastão pela nossa grande ex-senadora Marina Silva. Enquanto ministra do Meio Ambiente, Marina Silva perseguiu a mudança de paradigma de atuação da política ambiental, superando a lógica do 'pode-se fazer tudo' ou do 'não se pode fazer nada', para engendrar outra lógica do "como fazer", que diz respeito exatamente à ideia de desenvolvimento sustentável - defendeu.

"Mensagem forte"

Para Lindbergh, a decisão de Marina Silva de deixar o PT, que ajudou a fundar, ocorreu em uma conjuntura muito particular, e seu gestou transmitiu uma "mensagem forte". De acordo com o senador, os que permaneceram no partido buscaram extrair de sua perda lições para o aprimoramento do partido.

- Refletindo sobre nossa cultura política, não foi difícil reconhecer que a preservação do meio ambiente, os problemas referentes às políticas do clima, à complexíssima questão da sustentabilidade não estiveram entre os pontos prioritários de nossa agenda - admitiu o parlamentar, ao mencionar que o partido cresceu sobre temas como justiça social e democracia.

Petróleo

Lindbergh Farias lembrou que, também em 1974, Celso Furtado previu que nações como a Venezuela, por explorarem petróleo poderiam se tornar plenamente desenvolvidas, o que, disse, não se verificou. Essa oportunidade história teria sido perdida por elas terem ficado presas à dependência do petróleo, por escolhas erradas do Estado ou por omissão deste. O senador assinalou que elas teriam perdido o que Furtado chamou de "ampliação abrupta do campo do possível".

Tal desafio se apresenta agora, acredita Lindbergh, ao Brasil, com o pré-sal.

- Os megacampos do pré-sal ampliaram o nosso campo do possível.Eles tornam possível o Brasil com educação de qualidade, logística apropriada e inclusão social. Mas, para tanto, é necessário, como advertia Furtado, que o Estado não se omita. Mais: é preciso que a sociedade não se omita - defendeu o senador.

Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) elogiou o pronunciamento do colega.



12/07/2011

Agência Senado


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