Lino Rossi comparece voluntariamente ao Conselho de Ética e mais uma vez inocenta Malta



Sem que ninguém esperasse, o deputado Lino Rossi (PP-MT) apresentou-se para depor nesta quarta-feira (20) perante o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado. Sob a condição de falar apenas em sessão secreta, ele ofereceu novas explicações sobre o empréstimo, por um ano e meio, de um Fiat Ducato ao senador Magno Malta (PL-ES), que responde a processo no órgão por suposto envolvimento com o esquema de fraudes da "máfia das ambulâncias", investigado pela CPI das Sanguessugas.

Testemunha de Malta, Rossi mais uma vez isentou o senador da suspeita de ter aceito o veículo como adiantamento de propina em troca da apresentação de emendas ao orçamento para a aquisição de ambulâncias a preços superfaturados. Foi o que revelou ao final da sessão secreta o senador Demóstenes Torres (PFL-GO), relator do processo contra Malta. Mas Demóstenes fez uma avaliação desfavorável do depoimento, chegando a afirmar que os fatos informados em nada favorecem o senador investigado.

- O depoimento foi inconsistente, contraditório e sem credibilidade -disse.

Na sessão, iniciada por volta das 12h30 e encerrada quase às 14h, Demóstenes disse que Rossi apresentou várias versões sobre a origem do veículo entregue a Malta. Segundo Demóstenes, Rossi disse que ele próprio havia recebido o Fiat por empréstimo, depois afirmou que o veículo fora uma doação e, por último, disse que o havia comprado sem ter, no entanto, pago por ele.

À CPI dos Sanguessugas, Luiz Antonio Vedoin, um dos sócios da Planam, empresa fornecedora das ambulâncias superfaturadas, sustentou que pagou R$ 50 mil pelo veículo e que Rossi foi o intermediário da entrega do carro a Malta. No depoimento, Rossi apenas admitiu que mantinha boas relações com a família Vedoin, chegando a hospedar seus membros em Brasília, mas insistiu na inocência do senador.

Nomes trocados

Com o objetivo de rastrear a origem do veículo, o Conselho de Ética ouviu também nesta quarta-feira o empresário Valdir Agostinho Piran, apontado como dono da empresa de factoring que teria vendido o Fiat a Vedoin. O depoimento foi encerrado rapidamente, diante da alegação do empresário de que ele estaria sendo confundido com um irmão de nome semelhante, chamado Valcir Piram, o verdadeiro responsável pela transação, como teria lhe confirmado.

Diante disso, Demóstenes sugeriu que na reunião do conselho prevista para 4 de outubro fosse convocado o irmão citado, mas também agendado o retorno de Valdir, para que seja possível sanar qualquer nova dúvida. À imprensa, o relator manifestou dúvidas sobre o suposto "erro de pessoa".Salientou que o nome de Valdir Piran foi mencionado em diversos depoimentos tomados nas investigações feitas.

Demóstenes admitiu que os fatos até agora não permitem culpar nem inocentar Malta. Disse que as investigações vão prosseguir até que seja perfeitamente identificada a cadeia de proprietários do Fiat e quem efetivamente teria recebido o cheque de R$ 50 mil que Vedoin emitiu para pagar o carro.

O conselho deixou de ouvir, nesta quarta-feira, depoimento da esposa de Rossi, Querli Batistello, que encaminhou ao órgão justificativa médica. Estava prevista ainda uma acareação entre o chefe de gabinete de Malta, Hazenclever Lopes Cançado, e Darci Vedoin, pai de Luiz Antônio e também sócio da Planam. Este afirma ter conversado com Hazenclever sobre as emendas que seriam apresentadas por Malta, no próprio gabinete do senador. O advogado de Darci também apresentou comunicação de impossibilidade de comparecimento por motivo de saúde.

20/09/2006

Agência Senado


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