Livro de Nery narra a Missão Portella e descreve os 16 surpreendentes senadores eleitos pela oposição em 74
O livro do jornalista e ex-deputado federal Sebastião Nery As 16 Derrotas que Abalaram o País foi lançado logo depois das eleições de 15 de novembro de 1974, quando o general Ernesto Geisel tinha oito meses de governo, tempo suficiente para encarregar o presidente da Arena, senador Petrônio Portella, de organizar toda a vitória do seu partido. Nery conta como 16 candidatos ao Senado pelo MDB conseguiram, de forma surpreendente, vencer nas urnas seus adversários da Arena, e como Portella percorreu o país para indicar os futuros governadores, no que era chamado de "Missão Portella".
O livro começa com um relato surpreendente para a época: o encontro de Petrônio Portella com o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto, em que o senador comunicava ao ex-czar da economia que ele não poderia ser governador de São Paulo, como pretendia. Nery conta o diálogo tenso, em que Petrônio comunica a Delfim que Geisel não o queria como governador, e lhe dava a alternativa da embaixada brasileira em Paris - o governador seria Paulo Egídio Martins, preferido de Geisel. Delfim argumenta que sempre fora um servidor fiel da Revolução, mas Petrônio responde que Carlos Lacerda também tinha sido, mas acabara preterido. Delfim retruca que Lacerda havia arriscado, lançando a Frente Ampla, e que ele, ao contrário, mantinha-se disciplinado. E saiu arrasado do apartamento.
A partir desse primeiro capítulo, Nery conta, passo a passo, as andanças de Portella para indicar todos os governadores, e traça um perfil dos novos e surpreendentes senadores de oposição, entre eles Roberto Saturnino Braga (RJ), Itamar Franco (MG), Paulo Brossard (RS), Orestes Quércia (SP), Jader Barbalho (PA), Mauro Benevides (CE), Marcos Freire (PE), Gilvan Rocha (SE), Evelásio Vieira (SC), Leite Chaves (PR), Agenor Maria (RN) e Evandro Carreira (AM)
Como na eleição seguinte, em 1978, seriam eleitos dois senadores por estado, havia o risco de o MDB conseguir a maioria no Senado, o que seria um desastre para o presidente Ernesto Geisel e sua abertura "lenta, gradual e segura". Para garantir a maioria, o general aproveitou-se da derrota, no Congresso, de sua proposta de reforma da Magistratura e, com base no Ato Institucional n° 5, de dezembro de 1969, em abril de 1977 fechou o Congresso, impôs a reforma da Magistratura e criou os senadores "biônicos", um para cada estado da União, o que lhe garantiu a maioria, mesmo com o MDB elegendo a maioria no ano seguinte.
14/10/2004
Agência Senado
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