Senadores de oposição culpam governo pela crise cambial



O senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) disse, nesta quinta-feira ( dia 1°), que a escalada, -sem precedentes-, da moeda norte-americana mergulhou o País em uma -crise cambial humilhante-, com um descrédito em relação à atual política econômica que só faz gerar desemprego, -preços astronômicos- e aumento da dívida pública. Na avaliação que fez da tribuna do Plenário, considerou que -não há solução a curto e a médio prazos- capaz de alterar esse quadro, -contribuindo para evitar o recrudescimento do processo inflacionário-.

Para mostrar a dramaticidade da situação, citou dados publicados na edição desta quinta-feira do Correio Braziliense, que registra o endividamento público de julho na casa dos R$ 833 bilhões, correspondendo a quase 65% do indicador de geração de riqueza do País - o Produto Interno Bruto ( PIB).

A capacidade de enxugar os gastos públicos, o que poderia auxiliar na redução da dívida, está cada vez menor - afirmou Valadares. Ele lembrou que o governo já cortou mais de R$ 20 bilhões do Orçamento Geral da União (OGU) do atual exercício e está trabalhando com a previsão de cortar outros -R$ 30 bilhões até o final do ano-.

Em aparte ao pronunciamento de Valadares, o senador Lauro Campos (PDT-DF) ressaltou que o governo aplicou, nos seus oito anos de administração, uma -receita economicida-, apoiada em âncoras que se enferrujaram e empobreceram a população brasileira, com um aumento do endividamento do País, crescimento da carga tributária e redução do consumo.-Fernando Henrique Cardoso jogou a toalha no chão. O Brasil encontra-se desgovernado-, criticou.

Campos considerou ser -muito difícil superar os problemas criados com a cartilha do Fundo Monetário Internacional (FMI)-. O senador espera que as eleições sirvam para reverter esse quadro, com mudanças qualitativas que auxiliem a vencer os atuais problemas. Em resposta à senadora Heloísa Helena (PT-AL), Lauro Campos informou já ter feito 249 pronunciamentos no Senado sobre o endividamento do País.

A senadora, também em aparte ao pronunciamento do senador Valadares, salientou que o peso da crise recai sobre a população mais pobre, com graves problemas sociais, como desemprego,desagregação familiar, alcoolismo e prostituição. E ironizou: -o único momento em que a elite faz distribuição de renda é nas eleições, quando distribui grandes somas em dinheiro-.

Para Valadares, o governo não se preparou para evitar a crise cambial. Ele lembrou que muitos artigos veiculados pela imprensa no Brasil e no exterior já alertavam, há algum tempo, para a -valorização artificial da moeda brasileira-, o que, para ele, mais cedo ou mais tarde desembocaria em uma desvalorização abrupta.

O senador mostrou-se ainda impressionado com o que os especuladores estão fazendo nesse período eleitoral e com a incapacidade do governo de contornar a crise, sem nunca preocupar-se com o estímulo à poupança interna. Criticou, também, o fato de o governo haver se alinhado ao capital financeiro internacional, que não demonstra nenhuma solidariedade em épocas difíceis.



01/08/2002

Agência Senado


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