LOBÃO: REELEIÇÃO E FALTA DE FINANCIAMENTO TORNAM CAMPANHA ELEITORAL APÁTICA



O princípio da reeleição e a ausência de financiamento são os motivos pelos quais há um "marasmo" na campanha eleitoral deste ano. A avaliação foi feita hoje (dia 5), em entrevista, pelo senador Edison Lobão (PFL-MA).

Segundo o senador, o princípio da reeleição significa, praticamente, uma recondução do presidente da República e de todos os governadores: "Será difícil algum perder. É um desequilíbrio na balança eleitoral a reeleição com o governador no exercício do mandato".

Lobão acrescentou que, no caso da eleição presidencial, a diferença nas pesquisas eleitorais entre Fernando Henrique Cardoso e Luiz Ignácio Lula da Silva "é tão grande que ninguém se esforça" - o presidente da República, porque não precisa, e o candidato da oposição, porque está "abatido, desesperançado".

Ele observou que o eleitor não está nem mesmo indo a comícios. "É uma eleição definida antes da manifestação dos votos", afirmou.

O senador, que votou favoravelmente ao instituto da reeleição, acredita que a experiência repetida irá aperfeiçoar o processo. "Mas o primeiro impacto é extremamente negativo em termos de desigualdade de oportunidades", reconheceu.

Depois de três ou quatro eleições, prevê Edison Lobão, "o processoentra na rotina institucional e a disputa torna-se mais civilizada e mais democrática".

Quanto ao financiamento das campanhas, o senador afirmou que "ninguém tem um centavo".

- Até o presidente da República, com a reeleição garantida, está se queixando da falta de dinheiro na campanha - disse.

Lobão lembrou que, juntamente com o senador Pedro Simon (PMDB-RS), apresentou projeto prevendo o financiamento das campanhas eleitorais pelo Estado, "como acontece nos países civilizados". O projeto voltou à Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) após ter recebido emendas em plenário. Na avaliação do senador, a adoção da medida proposta por ele e Simon é indispensável para evitar o abuso do poder econômico e para estabelecer a igualdade entre os competidores.

O senador aproveitou para defender a manutenção do voto obrigatório. Segundo ele, nos Estados Unidos, um dos países "onde a democracia se exerce mais fortemente", chega-se a uma eleição com menos de 50% dos eleitores votando.

- Isso torna a decisão antidemocrática, sancionada pela minoria, e não pela maioria.No Brasil, onde a dificuldade para se chegar às urnas é imensa, e onde o desinteresse é manifesto, aí é que o eleitor não vai votar - explicou.

Para Edison Lobão, se o voto for facultativo, irão às urnas os eleitores de esquerda, os que pertencem a um partido ideológico, como o PT.

- Sou contra o voto facultativo, pois ele provoca a inautenticidade do processo democrático - concluiu o senador.

05/08/1998

Agência Senado


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