Luiz Pontes critica concentração de investimentos do BNDES no Sul e no Sudeste



O senador Luiz Pontes (PSDB-CE) criticou, nesta terça-feira (23), a concentração de investimentos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nas regiões Sudeste e Sul. Segundo o parlamentar, dos quase R$ 47 bilhões aplicados no país pela instituição em 2005, cerca de 61% foram para os estados do Sudeste; 20% foram empregados em projetos localizados no Sul, ao passo que as Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, somadas, receberam 19% do total (em todo o Nordeste, teriam sido investidos apenas R$ 3,8 bilhões, ou 8%).

Pontes protocolou requerimento solicitando ao banco explicações para esse desequilíbrio na distribuição dos recursos, prática que ele disse considerar como "indício de discriminação".

Para o senador, o BNDES, como principal agente de promoção do desenvolvimento econômico e social do governo federal, deveria priorizar os estados do Norte e do Nordeste, e não os do Sul e do Sudeste, que já teriam sua infra-estrutura montada.

- O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se comprometeu com a diminuição das desigualdades regionais, mas só tem feito acentuá-las, sem nenhuma responsabilidade social. É o governo do faz de conta, que vende ilusões e promessas, como a da recriação da Sudene ou da transposição do Rio São Francisco - criticou.

A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), autarquia federal idealizada pelo economista Celso Furtado com o objetivo de planejar e promover o desenvolvimento regional, funcionou de dezembro de 1959 a maio de 2001. Foi extinta pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, após denúncias de irregularidades. O governo Lula lançou a proposta da recriação, e o projeto do Executivo foi aprovado pelo Senado Federal em dezembro do último ano.

Já o projeto de Interligação da Bacia do São Francisco com as bacias do Nordeste Setentrional é um empreendimento do Ministério da Integração Nacional que, segundo informações do governo, tem como objetivo oferecer segurança hídrica às populações das pequenas, médias e grandes cidades da região. A água captada abaixo da Barragem de Sobradinho seria levada para os estados de Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará por meio de dois canais, que, juntos, teriam aproximadamente 640 quilômetros de extensão.

A proposta, no entanto, é controversa no meio político, entre especialistas e lideranças da região. O bispo dom Luiz Flávio Cappio, por exemplo, que chegou a fazer uma greve de fome em outubro de 2005 em protesto contra a intenção do governo federal de transpor parte das águas do rio, alegava que tal projeto traria mais prejuízos que benefícios à região do semi-árido brasileiro. Por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), as obras foram impedidas.

23/05/2006

Agência Senado


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