Lula cresce e Serra fica estável









Lula cresce e Serra fica estável
Pesquisa do Ibope indica que petista está mais perto da vitória no 1º turno. Garotinho sobe e já supera Ciro

O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, subiu 2 pontos e está com 48% dos votos válidos, segundo a última pesquisa Ibope, divulgada ontem no Jornal Nacional, da Rede Globo. Lula passou de 39% para 41% das intenções de votos. Para decidir a disputa no primeiro turno, ele precisaria de 50% dos votos válidos (descontados os em branco e nulos) mais um. Na rodada anterior, Lula tinha 45% dos votos válidos.

Ciro Gomes (PPS) caiu pela quarta rodada consecutiva e foi numericamente ultrapassado por Anthony Garotinho (PSB). O candidato do PPS perdeu três pontos e caindo de 15% para 12%. Já o ex-governador do Rio oscilou positivamente um ponto, chegando a 13%. Como a margem de erro é de 1,8 ponto percentual, os dois estão empatados tecnicamente em terceiro lugar.

O candidato do PSDB, José Serra, manteve-se estável com 19%. Ele ampliou a distância em relação ao terceiro colocado, aumentando a vantagem de quatro para seis pontos nesta rodada.

Os eleitores que pretendem votar em branco ou anular somam 4% e 10% dos entrevistados ainda não sabem em quem vão votar ou não responderam à pesquisa. A pesquisa, foi feita entre sábado e segunda-feira. Foram ouvidos três mil eleitores em 203 municípios de todo o País.

Nas simulações para o segundo turno, além de continuar vencendo todos seus adversários, Lula ampliou sua vantagem sobre Ciro e Serra. Na semana passada, Lula vencia Ciro por 53% a 36%. Na nova pesquisa, o petista ganha do candidato do PPS por 55% a 32%.

Se a disputa fosse contra Serra, Lula venceria hoje por 53% a 36% – na semana passada, o índice era de 52% a 38%. O resultado da disputa contra Garotinho permanece inalterado: Lula ganharia por 55% a 33%.

Tucano intensifica ataques ao PT
O comando da campanha do candidato José Serra (PSDB) decidiu partir para o ataque ao petista Luiz Inácio Lula da Silva na reta final da campanha. O programa do horário eleitoral gratuito de José Serra, exibido ontem no rádio e na TV, mostra uma comparação entre os candidatos, para enfatizar que Serra está melhor preparado que para governar.

Durante o programa os apresentadores lembraram que ambos vêm de famílias humildes e como cada um começou na vida política. Também foi mostrado que Lula e Serra lutaram juntos durante as Diretas Já. As comparações amigáveis, porém, terminaram quando o locutor comentou a atuação deles como parlamentares.
O programa procurou mostrar que Serra teve melhor desempenho no Congresso Nacional e que o tucano tem "preparo acadêmico e experiência que Lula não tem". O programa destaca ainda que o candidato do PT desistiu de ser deputado para concorrer à Presidência "várias vezes", enquanto o tucano se preparou para o cargo, sendo eleito senador e ocupando ministérios.

Lula e o partido são chamados de "confiantes e arrogantes" por considerarem que Ciro Gomes é quem disputaria o segundo turno e que, por isso, houve a campanha "Lulinha paz e amor".

O PT informou ontem que entrará TSE com pedido de resposta contra Serra, por conta das imagens apresentadas ontem. O presidente do PT, deputado federal José Dirceu, disse ontem que não está "preocupado" com os ataques feitos no programa eleitoral na TV do presidenciável José Serra (PSDB). Dirceu disse que a ofensiva do tucano era assunto para a assessoria jurídica do PT.


Agricultura é salvação da lavoura
O programa do PT de São Paulo diz que os candidatos a emprego na prefeitura da capital devem ter curso superior. Lula diz que para presidente da República isso não é necessário. Ou Lula não sabe o que pensa ou não sabe o que diz.

O espaço reservado a José Serra no horário eleitoral gratuito continua sendo ocupado pela equipe do candidato tucano para fustigar o adversário. Embora a alfinetada tenha sido curta e rápida teve o objetivo de cutucar o principal oponente nas pesquisas.

Serra, que já foi ministro do Planejamento e da Saúde do governo FHC, tem despertado agora sua vocação de ruralista. No programa de ontem ele mostrou como a agricultura pode ser uma grande geradora de empregos e renda para o país. Segundo o candidato tucano, o Brasil produz hoje 100 milhões de toneladas de grãos em 38 milhões de hectares. Mas o País ainda tem uma reserva de 90 milhões de hectares para ser explorada. Nenhum outro país no mundo tem tanta terra assim para plantar.

Serra acha que esta é a chance de o Brasil conquistar o mercado externo e não pode deixar correr frouxo. É preciso contra-atacar com a política do toma-lá-dá cá se o País quiser romper as barreiras protecionistas dos grandes países consumidores.

Ele não ficou só nisso: prometeu criar um Fundo de Aval para financiar a produção agrícola familiar e incentivar a produção do leite, incluindo o produto na política de garantia dos preços mínimos e liberando crédito com juros menores e incentivos para estimular a produção do leite natural obrigatório na merenda escolar.

Serra aposta na agricultura irrigada, que gera hoje 3 empregos por hectare. Ele garante que pode aumentar em 200 mil hectares as áreas irrigadas e quer ver este setor gerar mais 600 mil empregos. Tanta produção ele garante que será escoada pela Ferrovia Transnordestina, pela Ferro Norte e pela Norte-Sul.


Urnas para exterior já estão lacradas
As urnas eletrônicas e convencionais que serão utilizadas recolher os votos a presidente da República dos brasileiros que residem no exterior foram carregadas, testadas e lacradas por fiscais do Tribunal Regional Eleitoral do Distrito Federal (TRE-DF), ontem pela manhã.

O juiz Rômulo de Araújo Mendes, da 1ª Zona Eleitoral do DF, agradeceu a participação de representantes de partidos, candidatos, fiscais e técnicos do TRE-DF na fiscalização da operação de lacre. "Só assim poderemos assegurar a segurança das urnas e que os resultados mostrem a vontade dos eleitores", afirmou.

Após uma breve introdução sobre suas respectivas funções, os técnicos e controladores de qualidade carregaram, testaram e lacraram 162 urnas eletrônicas e 88 urnas manuais destinadas a 25 países e 37 cidades que possuem representação diplomática brasileira no exterior.

Uma equipe de cinco técnicos da Diebold Procomp estava de plantão no local e preparada para consertar as eventuais urnas que não demonstrassem funcionamento satisfatório nos testes. De acordo com Eduardo Nunes de Souza, um dos técnicos de plantão, cerca de 5% das urnas apresentam defeitos simples, como problemas no monitor ou na fonte de energia. "São pequenas falhas que podemos consertar rapidamente", garantiu.

Os encarregados pelo teste das urnas trabalham em equipes de dois e, justamente por isso, foram chamados de Cosme e Damião por Andrey Corrêa, gerente de urnas eletrônicas do TRE-DF e responsável pela operação de teste e lacre das urnas que foram o exterior.


Candidato é morto por cabos eleitorais
O candidato a deputado estadual Luiz Fernando Petra Lopes de Carvalho (PDT-RJ), de 36 anos, foi morto a tiros na madrugada de ontem, durante uma discussão com três cabos eleitorais de outro candidato, que, por volta das 2 horas, retiravam cartazes do pedetista de um poste na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.

Os três homens trabalhariam para o candidato a deputado estadual Evaristo de Carvalho (PTB). Evaristo de Carvalho foi intimado a depor hoje. A polícia divulgou o retrato falado do acusado de ter matado Lopes de Carvalho, mas, até o início da noite de ontem, o assassino continuava foragido.

Ao voltar de uma festa, o candidato do PDT do Rio a deputado estadual decidiu parar em fre nte ao condomínio Interlagos de Itaúna (onde morava) para discutir com os desconhecidos, que retiravam os cartazes de sua campanha e punham outros no lugar. Um dos três suspeitos reagiu e atirou várias vezes contra Lopes de Carvalho. Ele morreu na hora e o assassino fugiu com os outros dois homens numa Kombi branca.


Adversário vai depor
O candidato Evaristo de Carvalho (PTB), que concorre pela primeira vez a deputado estadual, nervoso e irritado, disse que havia tomado conhecimento da notícia por meio de uma rádio. "Eu lamento profundamente, estou chocado com o que aconteceu".

Ele disse que pretende comparecer hoje à delegacia para prestar depoimento e tentar identificar o assassino.
Segundo o líder do PTB na Câmara dos Deputados, Roberto Jefferson (RJ), presidente do partido no estado, o crime foi uma "tragédia". "Petra era um candidato promissor de um partido que, tradicionalmente, é nosso aliado. Espero que Evaristo ajude a polícia a encontrar o culpado", afirmou.

Advogado, Lopes de Carvalho concorria pela primeira vez a um cargo eletivo. Ele foi enterrado ontem, às 16 horas. Lopes de Carvalho estava acompanhado da mulher, uma amiga e um sobrinho. Eles voltavam de uma reunião na casa do jogador Bebeto (campeão do mundo em 1994).


Lula cresce e Serra fica estável
Pesquisa do Ibope indica que petista está mais perto da vitória no 1º turno. Garotinho sobe e já supera Ciro

O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, subiu 2 pontos e está com 48% dos votos válidos, segundo a última pesquisa Ibope, divulgada ontem no Jornal Nacional, da Rede Globo. Lula passou de 39% para 41% das intenções de votos. Para decidir a disputa no primeiro turno, ele precisaria de 50% dos votos válidos (descontados os em branco e nulos) mais um. Na rodada anterior, Lula tinha 45% dos votos válidos.

Ciro Gomes (PPS) caiu pela quarta rodada consecutiva e foi numericamente ultrapassado por Anthony Garotinho (PSB). O candidato do PPS perdeu três pontos e caindo de 15% para 12%. Já o ex-governador do Rio oscilou positivamente um ponto, chegando a 13%. Como a margem de erro é de 1,8 ponto percentual, os dois estão empatados tecnicamente em terceiro lugar.

O candidato do PSDB, José Serra, manteve-se estável com 19%. Ele ampliou a distância em relação ao terceiro colocado, aumentando a vantagem de quatro para seis pontos nesta rodada.

Os eleitores que pretendem votar em branco ou anular somam 4% e 10% dos entrevistados ainda não sabem em quem vão votar ou não responderam à pesquisa. A pesquisa, foi feita entre sábado e segunda-feira. Foram ouvidos três mil eleitores em 203 municípios de todo o País.

Nas simulações para o segundo turno, além de continuar vencendo todos seus adversários, Lula ampliou sua vantagem sobre Ciro e Serra. Na semana passada, Lula vencia Ciro por 53% a 36%. Na nova pesquisa, o petista ganha do candidato do PPS por 55% a 32%.

Se a disputa fosse contra Serra, Lula venceria hoje por 53% a 36% – na semana passada, o índice era de 52% a 38%. O resultado da disputa contra Garotinho permanece inalterado: Lula ganharia por 55% a 33%.

Tucano intensifica ataques ao PT
O comando da campanha do candidato José Serra (PSDB) decidiu partir para o ataque ao petista Luiz Inácio Lula da Silva na reta final da campanha. O programa do horário eleitoral gratuito de José Serra, exibido ontem no rádio e na TV, mostra uma comparação entre os candidatos, para enfatizar que Serra está melhor preparado que para governar.

Durante o programa os apresentadores lembraram que ambos vêm de famílias humildes e como cada um começou na vida política. Também foi mostrado que Lula e Serra lutaram juntos durante as Diretas Já. As comparações amigáveis, porém, terminaram quando o locutor comentou a atuação deles como parlamentares.
O programa procurou mostrar que Serra teve melhor desempenho no Congresso Nacional e que o tucano tem "preparo acadêmico e experiência que Lula não tem". O programa destaca ainda que o candidato do PT desistiu de ser deputado para concorrer à Presidência "várias vezes", enquanto o tucano se preparou para o cargo, sendo eleito senador e ocupando ministérios.

Lula e o partido são chamados de "confiantes e arrogantes" por considerarem que Ciro Gomes é quem disputaria o segundo turno e que, por isso, houve a campanha "Lulinha paz e amor".

O PT informou ontem que entrará TSE com pedido de resposta contra Serra, por conta das imagens apresentadas ontem. O presidente do PT, deputado federal José Dirceu, disse ontem que não está "preocupado" com os ataques feitos no programa eleitoral na TV do presidenciável José Serra (PSDB). Dirceu disse que a ofensiva do tucano era assunto para a assessoria jurídica do PT.


Artigos

Os sem-vergonhas
Lauro Aires

É natural que as instâncias mais altas de poder tenham mais comprometimento ou pelo menos mais atenção com a imagem. Isso fica claro na comparação entre os diversos cargos legislativos do País. Não é qualquer larápio rastaqüera que chega no Senado botando banca. Dança rapidinho.

Na Câmara dos Deputados, a coisa rola mais solta. O corporativismo é tolerado até um certo ponto. Mas há entre os deputados federais quem não sobreviveria uma semana no Senado, onde a fiscalização é mais forte e os colegas de casa têm, em geral, melhor nível intelectual e eleitoral.
É uma espécie de pacto, que separa os peixes pequenos dos grandes. A cultura do "aqui não, companheiro" é até boa para o País. Quem tem a perder se preocupa com o aumento da bandalheira em volta e fica logo claro que quem nasce para vereador não chega a presidente.
Quem circula no universo político sabe que não dá para pedir que deputados distritais se comportem como senadores, mas a Câmara Legislativa do Distrito Federal extrapolou na cara de pau. O parlamento do DF – que atualmente ocupa um prédio emprestado da Emater no fim da Asa Norte e em breve terá uma bela sede em frente do Palácio do Buriti – não tem honrado o nome que tem. Os deputados distritais formaram um clubinho inexpugnável onde se locupletam dos prazeres e benefícios do poder.

E o pior: não se ruborizam mais. Nada os deixa constrangidos. Parecem não ter sentimento nenhum pelo povo e pela terra que representam. Vale tudo. Como se não bastasse a farra de largar suas obrigações para fazer campanha, nossos distritais perpetuam em suas ações o estilo faroeste que marcou a construção de Brasília – local onde o enriquecimento de pioneiros e a briga por terras constróem um roteiro perfeito para filme de John Wayne. Pobres de nós, brasilienses...
O que é mais grave do que uma fita gravada em que um deputado distrital assume troca de lotes por facilidades em regulamentação de terras e ainda acusa o presidente da Câmara de fazer o mesmo?

E não é o primeiro caso. Não se trata de governo ou oposição, mas de um espírito corporativo que se tornou um vício, mais forte que o indício de rigor moral que pode haver em cada um. Se a oposição quiser, faz o barulho necessário com as gravações de Márcio Passos com Odilon Aires. Sem desculpas por ser minoria. A esquerda sempre esteve em menor número no Congresso Nacional e conseguiu eco para suas denúncias e demandas. Chega de papo furado.

Para os parlamentares da situação, pior ainda. Passaram de acusados a acusadores com uma canetada, como se chamassem todos os cidadãos de otários, passando por cima da lógica e da coerência. Mas como exigir qualquer preceito de quem perdeu a vergonha?


Colunistas

CLÁUDIO HUMBERTO

Factóide esconde corte de verbas
O ministro da Justiça apenas produziu um factóide, ontem, ao reunir o tal Conselho Nacional de Segurança Pública. Gestor do Fundo Na cional de Segurança Pública, o conselho-de-araque recebeu R$ 338,6 milhões do Orçamento da União para investir no setor, em 2002, mas só usou 15,1% do total (ou R$ 51,4 milhões), segundo comprovantes do Siafi em poder da coluna. Outros R$ 117,3 milhões permanecem bloqueados no contingenciamento imposto pela equipe econômica de FhC.

Dinheiro trancado
Três convênios assinados em maio pela governadora Benedita da Silva com o governo federal, para investir em segurança pública, somaram R$ 6 milhões e 476 mil, mas só foram liberados R$ 3,7 milhões até as 23h16 do último dia 16. Para um deles, destinado a "capacitar policiais civis diante de situações complexas", de R$ 1 milhão, até agora nada foi liberado.

Culpa de Malan
Quando deixar o poder e voltar a morar no Rio, o ministro Pedro Malan vai se juntar à população assustada com o domínio da criminalidade. Mas foi ele quem vetou a liberação dos recursos dos convênios com o governo do Rio, assinados a 23 de maio. Só começou a pingar algum após protesto veemente da deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ), no dia 20 de agosto.

Fala, seu Otoniel
O Brasil vai conhecer uma nova versão do célebre motorista Eriberto. Seu Otoniel, que foi motorista do candidato a presidente José Serra, vai aparecer no horário eleitoral contando coisas sobre o ex-patrão. De arrepiar.

Faltam explicações
Serra jura que já havia vendido sua casa a um doleiro, por meio de contrato de gaveta, e a transferiu por valor simbólico, de R$ 1, porque "a moeda mudou cinco ou seis vezes de nome e valor, tornando o preço original sem expressão monetária". Mas o Dieese fez a contas, a pedido do repórter Eduardo Reina, do Diário de S. Paulo, e concluiu que os supostos 80 milhões de cruzeiros correspondiam, à época, R$ 60 mil (ou US$ 60 mil).

Distribuindo renda
Advogados vêem na operação em que José Serra vendeu por R$ 1 uma casa de 216 m², em São Paulo, sinais de crime de sonegação de impostos, mas acham que o tucano pode ser acusado também de burla à lei. São uns maldosos. Serra apenas fez a sua parte, promovendo distribuição de renda.

O homem certo...
Fernandinho Beira-Mar finalmente pode fazer jus ao apelido, caso seja despachado para a ilha das Cobras, no Rio. As cobras, propriamente ditas, já estão saindo incontinenti para o continente.

...no lugar certo
Elias Maluco escondido num buraco? Deixa ele lá, solda uma grade em cima e esquece.

A lógica de Bush
George W. Bush insiste em atacar o Iraque porque Saddam descumpriu 16 resoluções da ONU, nos últimos 11 anos. Pela lógica, depois disso os americanos deveriam atacar também Israel, que há muito mais tempo ignora as resoluções das Nações Unidas sobre os territórios palestinos.

Pensando bem...
...se o problema de Saddam é bomba, não falta matéria-prima no Brasil.

Síndrome de pânico
O presidente do Tribunal Superior do Trabalho passou maus bocados ao visitar TRT-SP, ontem: ficou preso por 15 minutos no elevador. "Para mim, foi uma eternidade", admitiu o bem-humorado ministro Francisco Fausto. Ele também tem horror de avião, mas vê os Fokker 100 da TAM com certa simpatia após os últimos acidentes: "Eles caem, mas não matam".

O sumiço do urânio...
Saddam Hussein pode estar blefando e o cientista iraquiano inventando, mas doido é o contribuinte que pagou quase R$ 3 milhões de honorários da briga judicial entre a Indústrias Nucleares Brasileiras e a falida multinacional suíça Nuexco. Em 1994, pediu "emprestadas" 148 t de urânio, que supririam Angra I e II, não devolveu, e deu US$ 64 milhões de prejuízo ao Erário.

...que parou na gaveta
As Indústrias Nucleares Brasileiras e nós levamos calote, mas para o TCU a operação foi legal, inclusive auditada pela Andersen Consulting, aquela. Concluiu que a INB não podia prever a falência da Nuexco, que alegou ter repassado parte do material para outras empresas. Sumiram pelo menos 27 toneladas. Dia 4, o processo foi encerrado por Geraldo Brindeiro.

Cegos, surdos e mudos
A agenda de fim de governo deve estar lotada. O Grupo Otimismo tenta marcar há tempos audiência com o ministro da Saúde, Barjas Negri. Não quer reclamar, só entregar manifesto com 45 mil assinaturas pedindo mais verbas para o tratamento da doença. O Programa Nacional de Hepatites, assinado há sete meses por Serra, recebeu menos de R$ 0,1 por habitante.

Eleição de morte
O candidato Luiz Petra (PDT-RJ) foi morto ao reclamar a retirada de seus galhardetes por cabos eleitorais rivais. Se os candidatos soubessem como o eleitor odeia esse tipo de propaganda, uma vida teria sido poupada.

Poder sem pudor

O vegetal e o animal
O governador Juscelino Kubitschek estava em campanha para a presidente. Pediu audiência ao presidente Café Filho, para tratar de uma crise da cultura do café em Minas. Café Filho mostrou-lhe um manifesto em que os ministros militares vetavam a sua candidatura e a sua posse. À saída do Palácio do Catete, o repórter Murilo Melo Filho, da revista Manchete, quis saber como tinha decorrido aquela sua audiência com Café. JK respondeu:
- Murilo, sobre qual café você está me perguntando? O vegetal ou o animal, seu conterrâneo?


Editorial

PELA PAZ ENTRE EUA E IRAQUE

O planeta deu um suspiro de alívio quando o Iraque anunciou que aceita o retorno dos inspetores de armas da Organização das Nações Unidas (ONU) em seu território. A medida arrefece os argumentos que o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, usava como justificativa para atacar o ditador iraquiano Saddam Hussein.

O importante não é julgar quem tem ou não razão, mas tornar o mundo consciente de que a negociação é o melhor caminho. Embora a Casa Branca não se tenha mostrado disposta a aceitar a continuidade de Hussein no poder, há outro canal para encontrar soluções.

Não haveria vitória maior para o terrorismo, um inimigo invisível, do que jogar o mundo em guerra, do que tornar o planeta um local onde tudo é permitido. A grande vitória terrorista seria a desqualificação das instituições internacionais, como ONU. Se os Estados Unidos atacassem sem o aval dos aliados, um elo de civilidade estaria sendo quebrado.

Uma guerra à revelia de todos, calcada em interesses pessoais e comerciais da família Bush, seria um retrocesso de séculos na história das relações humanas e entre países. Como os Estados Unidos podem exigir que o Iraque tenha liberdades individuais se a Arábia Saudita, que abriga bases militares americanas, é um regime totalitário? Como os EUA podem exigir que os iraquianos cumpram as resoluções da ONU sob pena do uso da força, se Israel, com apoio americano, também as ignora?

Ao atacar o Iraque em suas condições, o presidente George Bush estaria insuflando em vários países o sentimento anti-americano. Não há como aceitar que a potência mundial, hegemônica, consolide sua força baseada em julgamentos distintos para o mesmo problema. Que use dois pesos e duas medidas.

Guerras nunca são bem-vindas, ainda mais quando o mundo todo tenta atravessar o terreno pantanoso da crise financeira. Bombas e tiros só trariam mais incerteza ao que se tenta tornar estável. Só as indústrias do petróleo e armas teriam a ganhar com uma invasão ao Iraque. De resto, todos perderiam. Uma guerra no Iraque mataria mais africanos de Aids e aprofundaria a pobreza na América Latina. A família Bush, que construiu sua influência no mundo petrolífero do estado do Texas, teria essa mancha na história, e o mundo levaria anos para se recompor do abalo.


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09/18/2002


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