Lula diz que ainda não está na hora de brigar com pós-comunista
Lula diz que ainda não está na hora de brigar com pós-comunista
SÃO PAULO – O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, disse ontem que ainda “não está na hora” de brigar com o candidato da Frente Trabalhista (PPS/PTB/PDT), Ciro Gomes, segundo colocado nas pesquisas de intenção de voto. E avisou que se tiver de brigar, vai brigar.
O petista contou que recebeu cópia dos jornais de Pernambuco e da Bahia, nos quais Ciro Gomes aparece beijando a mão do ex-senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA). Mas não a levou ao debate da TV Bandeirantes, no domingo, para não ficar tentado a mostrá-la. E completou: “As únicas mãos que eu beijei até agora foram da minha mulher (Marisa) e do Papa”.
TRE alagoano decide manter a aliança do PPS com Collor
MACEIÓ – O juiz eleitoral Fernando Tourinho Filho, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Alagoas, decidiu manter a coligação do PPS alagoano com o PRTB, que tem como candidato ao Governo do Estado o ex-presidente Fernando Collor de Mello. Com essa decisão, o magistrado indeferiu o pedido de mudança de ata feito pela Executiva Nacional do PPS. A decisão do magistrado foi baseada no atraso de 11 minutos que o documento da Executiva Nacional do PPS demorou para ser protocolado no TRE de Alagoas.
O presidente do PPS, senador Roberto Freire, anunciou que vai recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) contra a decisão do TRE de Alagoas. A aliança é prejudicial à candidatura de Ciro Gomes (PPS) à Presidência da República, porque liga o nome do presidenciável ao de Collor, que renunciou em 1992, após ser acusado pela CPI do PC de se beneficiar de um esquema de corrupção montado pelo ex-caixa da sua campanha, o empresário Paulo César Farias.
Freire estava ao lado de Ciro, em Brasília, quando foi informado sobre a decisão. Ele disse que o candidato reagiu com tranqüilidade, “até porque esse é um problema do partido”. Questionado se a decisão da Justiça estaria errada, comentou: “Eu acredito que sim. Tem um ditado que diz que decisão do Judiciário se cumpre, mas eu acrescento: também se critica”.
Festa para Ciro em Petrolina
Prefeito Fernando Bezerra Coelho prepara grande ato político, com a presença de 25 mil pessoas. Caravanas de 40 municípios são aguardadas
O prefeito de Petrolina, Fernando Bezerra Coelho (PPS), está preparando uma grande festa no município para receber o candidato da Frente Trabalhista (PPS/PDT/PTB) à Presidência, Ciro Gomes, no sábado. O presidenciável fará um comício à noite, no bairro popular de Areia Branca, na periferia de Petrolina, onde estão sendo esperadas 25 mil pessoas. O comício será realizado na tradicional Avenida São Francisco, nas proximidades do famoso Bodódromo. Para animar a festa, o partido já contratou a banda Moleca Sem-Vergonha, de música regional.
Na recepção ao presidenciável, o prefeito Fernando Bezerra Coelho já arregimentou a participação de caravanas de 40 municípios da região, dos quais pelo menos 15 são baianos. Políticos ligados ao PFL de Antônio Carlos Magalhães também marcarão presença.
A chegada de Ciro está prevista para o início da noite. Ele virá de Patos, no interior da Paraíba. Os presidentes nacional e estadual do PPS, Roberto Freire e Elias Gomes (prefeito do Cabo), respectivamente, confirmaram presença no comício. Ontem, já havia carro de som circulando pela cidade anunciando a festa política.
“Depois que ele (Ciro) passou pelo Cabo, começou a crescer e não parou mais”, brincou ontem Elias Gomes, informando que o PPS pretende dar um caráter regional à festa do próximo sábado. “Não creio, vão os vereadores e o povo da região”, foi sua resposta sobre uma possível participação de ACM no palanque do comício de Petrolina.
“Só sei que ele vem ao Estado, pelo que li nos jornais”, era o que informava o candidato da Frente Trabalhista, Ilo Jorge, sobre a vinda de Ciro.
Na programação que estava sendo fechada ontem, havia a possibilidade de realização de uma caminhada em Juazeiro, na margem baiana do São Francisco.
Em Brasília, depois de conversar com Ciro por telefone, o deputado Inocêncio Oliveira, líder do PFL na Câmara, marcou para a próxima semana o ato em que formalizará o apoio dele e de correligionários à candidatura Ciro. A festa de adesão está programada para Serra Talhada, principal reduto eleitoral de Inocêncio Oliveira. O líder do PFL disse que 43 prefeitos e vários deputados estaduais e vereadores anunciarão adesão à candidatura da Frente Trabalhista.
Serra chega hoje e enfrenta mal-estar
Presidenciável tucano inaugura comitê central de sua campanha, em Pernambuco, hoje à noite. Jarbas Vasconcelos participa da festa
O presidenciável José Serra (PSDB) chega hoje ao Recife, para inauguração do seu comitê, num momento delicado. Ele desembarca às 18h30, tendo que minimizar as declarações do seu principal cabo eleitoral, o governador Jarbas Vasconcelos (PMDB).
Assessores de Serra ligaram ontem para o deputado Sérgio Guerra (PSDB) e pediram explicações sobre a postura de Jarbas. Foram informados de que o governador mantém o apoio total a Serra e que o presidenciável não tem razões para se preocupar.
O comando nacional da campanha tucana se surpreendeu com a decisão da coordenação de campanha do governador de não transformar a caminhada – que o presidenciável fará amanhã pelas ruas do Recife – em um grande ato pró-Serra. “Eles achavam que o evento teria uma dimensão maior. Tinham se preparado para uma acolhida diferente da que o governador preparou”, lamentou um tucano. As mudanças de plano também frustraram o comando da campanha de Serra no Estado. Não bastasse a timidez na recepção a Serra, o material de campanha que será distribuído na inauguração do comitê não faz nenhuma vinculação do governador com o presidenciável.
Tucano investe em emprego e crescimento
SÃO PAULO – A geração de empregos e o aceleramento do crescimento econômico, com estabilidade, são dois dos principais focos das diretrizes fundamentais do programa de Governo do candidato a presidente José Serra (PSDB-PMDB), divulgado ontem, em São Paulo. Denominado Trabalho e Progresso para Todos, o projeto da Grande Aliança fixa as seguintes metas para o período de 2003 a 2006: geração de oito milhões de novos postos de trabalho e uma taxa de crescimento anual para o País de 4,5%, em média.
No fim do documento de 79 páginas e dez tópicos, Serra lista as principais mudanças que considera fundamentais para o País. Neste ponto, classificado de Um projeto chamado Brasil, ele afirma que o plano social do seu eventual governo fará pelos cidadãos o que o Real fez pela economia. Serra cita as prioridades: a segurança contra o crime e a violência, a aceleração do crescimento com estabilidade para aumentar as oportunidades de trabalho e os recursos destinados ao Plano Social, a reforma política, para consolidar partidos pragmáticos unidos e fortes,, e uma atuação diplomática firme pela paz, desenvolvimento e comércio sem protecionismo.
O candidato disse que o documento divulgado é apenas um sumário das diretrizes que pretende implantar, e prometeu divulgar nas próximas semanas textos detalhados sobre diferentes aspectos, como a elaboração de documentos sobre o Plano de Desenvolvimento Regional do Brasil para as Regiões Norte e Nordeste.
PSDB estadual apóia a posição do governador
O pragmatismo falou mais alto e na cúpula do PSDB estadual o apoio à posição do governador Jarbas Vasconcelos de abrir o seu palanque para o presidenciável do PPS, Ciro Gomes, foi total. Os principais nomes do partido minimizaram os prejuízos que a dubiedade de palanque poder á trazer para o candidato tucano, José Serra, e consideraram natural a atitude do governador. “Não vejo nenhum problema de Ciro subir no palanque e pedir votos para Jarbas porque o PPS já está conosco. Além disso, não há sentido em recusar o apoio de um candidato do Nordeste, como Ciro Gomes”, avaliou Sérgio Guerra, o maior cacique do PSDB local e candidato ao Senado na chapa governista.
Guerra afirmou que o partido em Pernambuco está tranqüilo quanto ao apoio de Jarbas a Serra, e negou que a presença de Ciro ao lado do governador traga votos para o candidato do PPS. “A população verá na propaganda da TV que o candidato de Jarbas é Serra. Não haverá dificuldades de explicar isso ao eleitor”, desconversou Guerra. O ex-prefeito do Recife, Roberto Magalhães, não quis polemizar. “Se o senador Roberto Freire sobe no palanque e pede voto para o candidato do PPS, nesse sentido o palanque de Jarbas já está aberto (para Ciro) há muito tempo. Não é de hoje”, resumiu.
Uma das vozes dissidentes foi a do deputado federal Carlos Batata. “Isso não pode acontecer. Vai prejudicar a campanha de Serra. O eleitor não saberá quem apóia quem”, defendeu. Ele lembrou que o PSDB se sacrificou para a formação do “chapão”, com o compromisso de ter um palanque fechado com Serra em Pernambuco.
Nos bastidores, a avaliação é de que a principal preocupação do PSDB local é mesmo eleger os seus candidatos no Estado. “O PSDB precisa da eleição de Serra, mas precisa, sobretudo, da eleição de Jarbas para garantir uma boa votação para os seus quadros” afirmou um tucano.
Dirigentes do PFL e do PMDB local também não viram nenhum problema na abertura do palanque de Jarbas para Ciro, porque a aliança do governador “é muito ampla” e já integra o PPS. “O nosso envolvimento direto é com a campanha de Serra. Não acredito que o governador irá participar da campanha de Ciro. O que ele não pode é negar apoio ao PPS”, avaliou o deputado estadual João Negromonte (PMDB).
OPINIÃO DA OPOSIÇÃO
Dilton da Conti (candidato do PSB) – “A posição de Jarbas leva-nos a um raciocínio comum: ou José Serra e Ciro Gomes têm as mesmas idéias, concordando com o projeto neoliberal de FHC, o que permite o governador optar por um ou outro, ou trata-se apenas de conveniência eleitoral. Não sei o nível de relações dele com o PPS, por isso não vou tratar a questão no campo ético.”
Ilo Jorge (candidato do PDT) – “Não vejo oportunismo do governador. Jarbas Vasconcelos pode ter todos os defeitos, mas tem posição. Quando assume, assume.
Para mim, é interessante (Jarbas abrir o palanque para Ciro), pois o importante é a eleição de Ciro. Estaremos juntos no segundo turno”.
Artigos
O codificador da norma internacional
Paulo Gadelha
É natural que cada Estado exalte os seus filhos que fazem ou fizeram história.
Pernambuco, por exemplo, faz justiça quando homenageia Gilberto Freyre. Ele, de fato, é o Leão do Norte em tudo: no talento, no amor à terra, na obra eterna que legou. É mais: é o redescobridor do Brasil.
A Bahia, com orgulho, enaltece Ruy Barbosa. Ninguém maior do que ele no Direito e na Tribuna.
Câmara Cascudo é o grande referencial do Rio Grande do Norte. Sem exagero, o mais completo folclorista e etnógrafo da América do Sul. Dele, uma vez, ouvi, juntamente com um grupo de acadêmicos da Faculdade de Direito da Universidade Federal da Paraíba, a informação de que recebera, naquele dia, da Tailândia, na Ásia, uma correspondência, na qual o missivista, professor de zootecnia, perguntava-lhe: “A que horas jacaré-fêmea dormia?”.
Sem dúvida, consagração internacional à sua cultura.
Na Paraíba, também, nos orgulhamos dos seus grandes nomes: Epitácio Pessoa, Augusto dos Anjos, José Lins do Rego, Assis Chateaubriand, José Américo de Almeida, Oswaldo Trigueiro, Ariano Suassuna.
É sobre Epitácio Pessoa que, resumidamente, escreverei hoje.
Foi múltiplo o paraibano de Umbuzeiro: senador, ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente da República. Nos três poderes da República, se houve com talento, sensibilidade e equilíbrio.
Admiro-o em todas estas funções, mas vejo-o maior como jurista e, sobretudo, como internacionalista. Foi a grande voz do Brasil na Corte Internacional de Justiça.
Assim, uma leitura, ainda que perfunctória, do projeto de Código de Direito Internacional Público, elaborado por Epitácio Pessoa, entre 1910-1911, obra contendo 721 artigos, mostra como sistematizava as regras mais justas e adiantadas sobre o assunto.
Tamanha foi a repercussão da obra, que o cubano Sanchez de Bustamante, à época, o grande nome da Norma Internacional, quando escreveu o seu Livro - Direito Internacional Público, tomo 1 - afirmou ser o compêndio do paraibano “o mais completo de todos os projetos de Código formulados até agora”.
Depois, tinha o conterrâneo a volúpia do novo. Como ministro da Justiça do Governo Campos Salles, deu impulso à codificação do nosso Direito Civil, designando Clóvis Bevilácqua para redigi-lo.
Em 1901, oferece ao País o Código de Ensino, onde, pela primeira vez, se fala na disciplina Direito Internacional Privado.
Como presidente da República, 1919-1922, deu às Forças Armadas o Código de Organização Judiciária e Processo Militar, sem esquecer a designação de civis para as pastas militares, num ato administrativo fora dos padrões existentes.
Colunistas
PINGA FOGO – Inaldo Sampaio
Entregue às moscas
O articulista Jânio de Freitas escreveu ontem na “Folha de São Paulo” que Jarbas Vasconcelos “faz política à mineira”. Referia-se ao fato de ele apoiar Serra, pelo menos oficialmente, ao mesmo tempo em que admite fazer campanha ao lado do candidato Ciro Gomes. Foi o que Aécio Neves fez em Minas. Abriu seu palanque para Lula, Serra e Ciro, ressalvando, todavia, que os considera “políticos dignos” e com perfeitas condições de governar o país. Isto, sim, é que é mineiridade.
Serra, coitado, está sendo esperado hoje no Recife para a abertura de um comitê.
Quem tinha obrigação política de apoiá-lo não o faz, salvo o vice-presidente Marco Maciel, que colocou nos seus “outdoor” o nome do tucano. Diferentemente de ACM, por exemplo, que reuniu em Salvador todos os prefeitos do seu grupo para recomendar o apoio a Ciro, em Pernambuco, até agora, não se fez nada parecido.
Sérgio Guerra promoveu um ato, em Passira, para os prefeitos do PSDB, e José Mendonça outro, em Belo Jardim, para os prefeitos do seu grupo. E só.
Enquanto isso, Jarbas está-se aproximando, devagarinho, via o senador Roberto Freire, da candidatura de Ciro Gomes. Já não acredita mais em Serra e também não quer deixar o ex-ministro da fazenda sob controle do PFL (Joaquim Francisco e Inocêncio Oliveira).
Absolvido por unanimidade
Por 7x0, o TRE concedeu ontem a elegibilidade ao ex-prefeito de Itaíba, Claudiano Martins, candidato a deputado estadual pelo PMDB. O advogado dele foi Márcio Alves e o relator do processo o juiz Ridalvo Costa. Ele teve a candidatura impugnada pelo Ministério Público por causa de uma prestação de contas do exercício de 95. É irmão do prefeito de Águas Belas, Numeriano Martins e dobra com Ricardo Fiúza (PPB) em 11 municípios e com Inocêncio Oliveira em 7.
Comitês abertos
Jacilda Urquisa (PMDB) e João Bosco Almeida (PSB), candidatos a deputado estadual, abrirão amanhã os seus comitês. O da ex-prefeita de Olinda fica na Rua Travessa Municipal, nº 9, no Carmo, e o do ex-presidente da Compesa (governo Arraes) na Rua do Futuro, em frente ao Parque da Jaqueira. Ambas as festas começam às 19h.
Ato esquisito
O vereador Valério Leite (PMN), da bancada de oposição à prefeita Luciana Santos (Olinda), achou “esquisito” ela ter sido desagravada por empreiteiros que prestam serviço à prefeitura. Para o vereador, esperava-se que o ato fosse organizado pelos partidos políticos que a apoiam (PCdoB-PSB-PT), “jamais por donos de firmas de engenharia”.
Deputado fará palestra sobre a nova Lei Fiscal
Já como cabo eleitoral de Ciro Gomes, Joaquim Francisco fará palestra hoje, ao meio dia, no Clube Português, sobre a Lei de Responsabilidade Fiscal, para rotarianos. Se for reeleito, será candidato a prefeito do Recife em 2004.
Capitão da PM abandona Sérgio Guerra
O capitão PM José Pires, candidato a deputado estadual pelo PSD, na região de Carpina, fechou com Carlos Wilson (PTB). Era eleitor de Sérgio Guerra mas resolveu trocar de lado depois do acordo deste com Carlos Lapa (PSB).
Adesão 1
Inocêncio Oliveira e Ciro Gomes falaram-se ontem pelo telefone. Quem agendou a conversa foi Jorge Bornhausen, presidente nacional do PFL, que está trabalhando pelo ex-ministro. Por sugestão do senador, Inocêncio fará um ato público em Serra Talhada para selar a sua adesão à candidatura do cearense.
Adesão 2
Assim que fechou com Ciro Gomes, Inocêncio Oliveira caiu em campo. Já está mobilizando todos os prefeitos do seu grupo (cerca de 40) para irem a Serra Talhada, na próxima semana, a fim de serem apresentados ao candidato do PPS. Um já disse que não irá: Tony Gel (Caruaru). Que continua fiel a José Serra.
O parlamento tem desiludido muita gente, como Gilberto Marques Paulo (PSDB), por exemplo, mas seduz outros tantos. Um desses é o goiano Henrique Meirelles, que era presidente mundial do BankBoston, com salário de US$ 1 milhão, ano, e decidiu largar o emprego para candidatar-se à Câmara Federal pelo PSDB de Goiás.
Ciro Gomes deve precaver-se para não ficar carimbado como o “candidato da mentira”.
Duas de suas declarações foram desmentidas ontem pela “Folha de São Paulo”: a de que estudara a vida inteira em escola pública e a de que fora fundador do PSDB do Ceará, em 1998, juntamente com Tasso Jereissati.
Candidato a senador pelo PSB, João Arraes promete repetir em Araripina, sua terra natal, a mesma performance de 94. Naquele ano, candidatou-se à Câmara Federal e foi majoritário em sua cidade, sem o apoio de líderes políticos. Agora, o prefeito Emanuel Bringel (PSDB), que é seu parente, está apoiando Marco Maciel e Sérgio Guerra.
O Conselho Federal de Educação aprovou ontem o processo de autorização de funcionamento da Faculdade de Odontologia do Recife, ligada à Fundação Odontológica Presidente Castello Branco, que tem como presidente Edrizio Pinto. A relatora do processo foi Teresa Neubauer, ex-secretário de educação de SP.
Editorial
UM CASO DE AMOR
Pernambuco confirma sua tradição de cosmopolitismo e largueza de pensamento ao preparar as comemorações dos 400 anos de nascimento do conde João Maurício de Nassau-Siegen. Até hoje, ele é tido como o melhor governador que já tivemos, fazendo do Brasil Holandês uma região de economia pujante, e do Recife uma cidade vanguardista, onde conviviam pacificamente portugueses católicos, holandeses calvinistas e judeus expulsos de Portugal pela Inquisição, que haviam levado para a Holanda sua ciência, sua tecnologia e seus capitais. Como os israelitas falavam português e holandês, serviram inclusive para fazer a ponte entre as duas culturas.
Enquanto o resto do Brasil, a Espanha, Portugal, viviam sob os tribunais, fogueiras e intolerância da Inquisição, o Recife e boa parte do Nordeste cultivavam a convivência cultural e religiosa, a tolerância; e se desenvolviam dentro do modelo capitalista que construiu a riqueza e poderio da Europa, de que ficou excluída por séculos a Península Ibérica, com graves conseqüências para a América Latina.
Embora tivesse sido contratado para governar esta terra pela Companhia das Índias Ocidentais, interessada em produção, lucro, resultados, Nassau era um homem culto e, com ele, trouxe para o Recife cientistas, artistas, literatos, médicos; recursos humanos com que não se preocupavam os colonizadores lusos. E foi esse projeto de Nassau, não meramente colonialista, mas de criar aqui uma civilização, que o fez desentender-se com os acionistas daquela companhia, que, como os donatários portugueses, queriam somente ganhar dinheiro. Os quadros de Albert Eckhout, que retratou a gente, a flora e a fauna desta região, obras que serão expostas em setembro aqui, atestam muito bem a qualidade cultural das pessoas de que o conde se cercava.
Por tudo isso, apesar do retorno do Recife e de Pernambuco à colonização lusa, até hoje nossa cidade se mantém fiel à memória de Maurício de Nassau, um caso de amor que transcende o tempo e as voltas que a história dá. Estão aí a Ponte Maurício de Nassau, que ele mandou construir para ligar a região do porto, onde o Recife nasceu, ao atual bairro de Santo Antônio, onde os holandeses instalaram seu governo; a restauração da sinagoga que os judeus ergueram no Bairro do Recife (a primeira em toda a América), algo impensável sob governo português e fogueiras inquisitoriais; e, entre tantas outras lembranças de Nassau e da presença dos holandeses nestes trópicos, o espírito pioneiro e vanguardista do pernambucano, que ele contribuiu para forjar.
Os holandeses também não esqueceram o seu projeto brasileiro e hoje voltam para aqui pacificamente, com seus capitais, para impulsionar o nosso desenvolvimento.
Desse caso de amor nasceu o Projeto Maurício de Nassau - 400 Anos, lançado segunda-feira no Forte do Brum, outra marca da presença holandesa no Recife. Tem por objetivo ampliar e aprofundar o resgate da memória da passagem do conde pelo Recife no século 17, e promover o nosso Estado cultural e economicamente. Suas ações terão início em setembro, com a exposição de Eckhout, e se prolongarão até 2004, ano do 4º centenário do nascimento de Nassau. Estão previstas a inauguração de um Memorial Maurício de Nassau, a realização de seminários internacionais, publicações sobre a história do Brasil Holandês e sua influência, e outros eventos comemorativos.
Além das lições de tolerância, vanguardismo e pioneirismo, é importante que guardemos de Maurício de Nassau a memória de seu trabalho em prol das artes e ciências, e o dinamismo econômico que ele aqui imprimiu; o que certamente teria evitado a decadência posterior da nossa região e o colonialismo interno que hoje nos aflige, anulando a federação.
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08/08/2002
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