Lula elogia Médici e política econômica da ditadura militar









Lula elogia Médici e política econômica da ditadura militar
O candidato do PT disse que, “com todos os defeitos”, militares tinham visão estratégica

O candidato do PT à Presidência da República, Luiz Inácio Lula da Silva, fez ontem elogios ao general Emílio Garrastazu Médici, cuja gestão como presidente (1969-1974) marcou o período de maior repressão aos movimentos sociais.

– Em 1970, no auge da ditadura militar, em que o presidente Médici andava perseguindo os meus companheiros do PT, nós vivemos o maior boom de empregos da história desse país, a um crescimento de 10% ao ano – declarou Lula em entrevista ao telejornal Bom Dia, Brasil, da Rede Globo.

A menção a Médici – na realidade, ao regime militar de um modo geral – foi feita por Lula como contraposição ao que considera falta de planejamento estratégico do atual governo.

– O Brasil em três momentos foi pensado em longo prazo e planejado estrategicamente. No governo Getúlio (Vargas), no governo Juscelino (Kubitschek) e com os militares – declarou.

O petista listou algumas das realizações dos generais no poder:

– Os militares, com todos os defeitos de visão política que tiveram, pensaram o Brasil estrategicamente, porque construíram o Proálcool, construíram o pólo petroquímico, construíram um sistema de telecomunicações razoável – declarou.

Ele lembrou dos planos decenais dos militares, em que o Brasil era pensado para períodos de 10 anos.

– O defeito é que hoje o Brasil é pensado apenas de mandato em mandato. E como o mandato é de quatro anos, não dá para as pessoas executar as políticas – declarou o candidato do PT.

Apesar dos elogios, o petista procurou explicitar sua crítica à repressão ocorrida no período. Ele declarou que “não vale a pena viver sem liberdade”:

– É por isso que eu luto por democracia.


Orçamento prevê aumento de R$ 11 para mínimo
A partir de abril de 2003, salário passaria para R$ 211, contrariando promessas de candidatos à Presidência

A proposta de Orçamento Geral da União entregue ontem ao Congresso prevê um aumento de 5,5% para o salário mínimo – o suficiente para elevar os atuais R$ 200 para R$ 211 a partir de 1º de abril. Essa correção atende ao dispositivo constitucional que manda o governo reajustar o piso salarial nacional pela inflação acumulada nos 12 meses seguintes à última correção.

A proposta orçamentária é incompatível com o discurso de alguns candidatos, que tentam conquistar votos prometendo aumentos generosos para o salário mínimo.

A proposta também prevê crescimento anual do PIB de 3% e inflação anual de 6%. A cotação média do dólar na previsão é de R$ 2,90, a moeda fechou ontem a R$ 3,075.

Para os servidores da União, o presidente Fernando Henrique Cardoso propôs um reajuste geral de 4% a partir de janeiro. Algumas categorias do Executivo, porém, serão contempladas com aumentos adicionais entre 3% e 25%, além dos servidores do Judiciário e do Ministério Público que terão reajuste de 23%.

Isso acontecerá por causa da reestruturação de carreiras, com a criação de cargos. Esses aumentos vão elevar em R$ 2,827 bilhões a folha de salários, que passará de R$ 71,7 bilhões neste ano para R$ 76,4 bilhões em 2003. Os gastos também crescem porque os servidores têm uma série de vantagens garantidas por lei.

Com o reajuste de 5,5% no salário mínimo, o déficit da Previdência Social ficará estabilizado ao redor de 1,4% do Produto Interno Bruto (PIB), o equivalente a R$ 19,6 bilhões no ano que vem. A folha de aposentadorias e pensões será de R$ 97,9 bilhões, enquanto a arrecadação será de R$ 78,3 bilhões. A correção do salário mínimo tem impacto direto nas contas da Previdência Social, pois ele equivale ao que recebem 18 milhões dos atuais 20 milhões de aposentados e pensionistas.

A proposta orçamentária prevê estabilidade no rombo da previdência do funcionalismo da União, que passará dos atuais R$ 27 bilhões para R$ 27,8 bilhões. A despesa do Tesouro Nacional com os inativos será de R$ 33,6 bilhões e as contribuições para a previdência social dos servidores não passarão de R$ 5,8 bilhões. A diferença será coberta com os tributos arrecadados das empresas e contribuintes.

Deputados e senadores terão apenas 45 dias para apreciação e votação do Orçamento. Até o segundo turno das eleições presidenciais, em 27 de outubro, a proposta orçamentária ficará parada na Comissão Mista de Orçamento, seguindo apenas os trâmites burocráticos. A previsão é de que a discussão da peça orçamentária só será iniciada em 1º de novembro, devendo passar por um rito sumário para ser concluída em 15 de dezembro ou, no máximo, na última semana antes do Natal. O vice líder do governo no Senado, Romero Jucá (PSDB-PR), afirmou que será necessário ter muito criatividade para assegurar o superávit de 3,75%.


Fundação Abrinq apresenta metas para candidatos
Termo de compromisso pede ao futuro presidente prioridade à criança e ao adolescente

A Fundação Abrinq lançou ontem, em São Paulo, documento a ser assinado pelos principais candidatos à Presidência, no qual estabelece metas para a criança e ao adolescente no país.

As propostas têm como base as metas assumidas pelo governo em maio deste ano, na Sessão Especial pela Criança da Organização das Nações Unidas (ONU), para serem cumpridas de 10 a 15 anos. Segundo o diretor-presidente da entidade, Hélio Mattar, o documento será entregue aos candidatos nos próximos dias.

O Termo de Compromisso Presidente Amigo da Criança pede aos candidatos que, se eleitos, dêem prioridade à criança e ao adolescente na elaboração e implementação das políticas públicas. Assessorias já adiantaram que os candidatos pretendem assinar o compromisso.

Entre as metas estão a redução de no mínimo um terço nas taxas de mortalidade infantil e materna até 2015, além de melhorias na educação e na proteção da criança contra violência. Segundo Mattar, o número de crianças e adolescentes no país é tão alto – 60,9 milhões – que seria necessário um presidente só para eles.

– Os programas dos candidatos têm ações genéricas, não definem metas específicas e recursos orçamentários. Sem avaliação do tamanho do problema, não é possível saber o tamanho da solução – disse.

No lançamento do documento, dirigentes da Abrinq ressaltaram que, se o presidente Fernando Henrique Cardoso tivesse sido submetido a um compromisso como o atual, não seria considerado “um presidente amigo da criança”.

– Das 27 metas apresentadas em 1990 pela ONU, nove foram alcançadas pelo governo – disse Mattar.

Pelo documento, o presidente eleito terá de elaborar em seis meses um plano de ações e apontar de onde sairão os recursos necessários para concretizá-las. A Abrinq promete ainda mobilizar equipes para acompanhar as políticas públicas do presidente eleito.


Governador do Maranhão adere à candidatura de Lula
José Reinaldo Tavares incluiu em seu material de campanha o nome do petista

Aliado político do ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), o governador do Maranhão, José Reinaldo Tavares (PFL), candidato à reeleição, decidiu também apoiar o candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. Tavares incluiu no material de campanha o nome de Lula.

A partir de agora, a publicidade eleitoral do governador do Maranhão fará sempre menção a Lula.

A candidata ao Senado Roseana Sarney (PFL) resolveu que não seguirá os passos de seu pai agora. Roseana pedirá votos para Lula e os candidatos das Frentes Trabalhista, Ciro Gomes (PPS-PDT-PTB), e Brasil Esperança, Anthony Garotinho (PSB-PGT-PTC). Ela continuará a pregar a rejeição total dos maranhenses ao senador José Serra (PSDB-SP), a quem acusa de persegui-la, quando era pré-candidata a presidente.

Num comício para cerca de 30 mil eleitores, na noite de quarta-feira, em Bacabal, a cerca de 250 quilômetros de São Luís, Roseana assumiu um discurso no qual não se compromete com nenhuma candidatura.

A candidata do PFL maranhense ao Senado disse que seu pai apóia Lula e que ela o considera um bom candidato. Afirmou também que respeita os que votarem em Ciro e em Garotinho. Em seguida, criticou Serra.

Sem citar o nome dele, Roseana disse:
– Só peço a vocês que não votem no candidato que é cruel com as mulheres, que fez espionagem no Maranhão e que não gosta do Nordeste.

Até hoje, a família Sarney acusa Serra de estar por trás da operação da Polícia Federal (PF) na Lunus, empresa da candidata do PFL do Maranhão. Também responsabiliza Serra pela divulgação de uma fotografia com uma pilha de cédulas de R$ 50, num total de R$ 1,34 milhão. A cada frase de Roseana, a multidão costuma repetir o mesmo gesto, em qualquer região do Estado: uma banana.


Programa incentiva qualidade
Sebrae usa modelo gaúcho para atrair 500 mil empreendedores

O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e o Movimento Brasil Competitivo lançaram, ontem, em Brasília, programa de incentivo à qualidade e à eficiência empresarial. A Rede de Cooperação Brasil+ contará com investimentos de R$ 8 milhões.

A intenção é atingir até o final do próximo ano 500 mil empreendedores em todo o país.
Na prática, trata-se da disseminação para o todo o país do Programa Gaúcho de Qualidade e Competitividade (PGQP), criado no Estado em 1992. O modelo gaúcho foi usado como exemplo pelo presidente do Sebrae nacional, Sérgio Moreira, e pelo empresário Jorge Gerdau Johannpeter, do conselho superior do Movimento Brasil Competitivo.

– O Rio Grande do Sul é um verdadeiro reservatório de boas práticas e idéias – disse Moreira.
Também esteve presente ao lançamento o presidente do Sebrae/RS, Eudes Missio.

A meta é recrutar, numa primeira etapa, 2 mil facilitadores no Brasil, para trabalhar sobre a compreensão dos conceitos de qualidade.

– A pequena empresa é o maior empregador do país. Se for eficiente, isso significa estabilidade e mais empregos – afirmou Gerdau.

A idéia também é conjugar experiências tanto no setor privado quanto no público. Gerdau citou o caso de Pernambuco que desenvolveu um programa de qualidade no setor público, que o Rio Grande do Sul, por exemplo, não tem.

Para os idealizadores do programa, o investimento em capacitação gerencial é tão ou mais importante do que simplesmente fornecer crédito. Moreira anunciou, porém, que está realizando negociações com o Banco Central (BC) para facilitar o acesso de pequenas e médias empresas ao crédito.


Inscrições para Prêmio Talento Empreendedores vão até dia 6
O Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Rio Grande do Sul (Sebrae /RS) realiza, até 6 de setembro, inscrições para as organizações interessadas em participar do Prêmio Talentos Empreendedores/2002.

O prêmio foi criado para avaliar o desempenho anual de micro e pequenas empresas gaúchas.
As inscrições, totalmente gratuitas, poderão ser encaminhadas por meio da Rede de Atendimento Sebrae (telefone 3216-5006) e pela Internet, no endereço www.premiotalentos.com.br.

Desde que foi criado, em 1993, o Prêmio Talentos Empreendedores, que tem apoio do Grupo Gerdau e da RBS, foi entregue para 146 empresas gaúchas que se destacaram pelo perfil empreendedor e pelo papel social que assumiram diante de seus funcionários e com as comunidades onde estão instaladas.


Artigos

Nem tudo é peixe
Susana Espíndola

A polêmica envolvendo surfistas e pescadores é preocupante. Mais do que preocupante, é aterradora. Está ameaçando a vida de jovens saudáveis e matando a ilusão generalizada de que a atividade esportiva e o contato com a natureza são as melhores de todas as vivências.

Nada contra a pesca, aliás, um esporte tão nobre quanto o surfe. E menos ainda contra a pesca profissional, uma atividade imprescindível para milhares de famílias radicadas no litoral, que dependem desta garimpagem no mar para pagar o aluguel, o colégio das crianças, o remédio contra a gripe, a conta do armazém, talvez o churrasquinho de domingo e pouco, muito pouco mais do que isso...

Não podemos esperar novas mortes para então, e somente então,
tomar atitudes

Há que se encontrar um modus vivendi. Se na terra tem lugar para todos, será que no mar não há espaço para todas as tribos? Pranchas e redes precisam reconhecer espaços e limites. O que não podemos admitir é que nossos jovens estejam sendo pescados como bagres e traíras, enredados nas cordas de um destino trágico e que nós, pais, mães, autoridades, fiquemos na areia, restritos à condição de espectadores silenciosos. Sentar e esperar que outras vidas sejam perdidas é inaceitável. É criminoso. Indesculpável.

O surfe é apenas um triste exemplo. Temos este triste hábito. Sempre que ocorrem grandes incêndios, mobiliza-se a mídia e os órgãos competentes, reforça-se a inspeção, debate-se a atualidade dos equipamentos disponíveis, anuncia-se a contratação de mais bombeiros, ganham rigor as leis de prevenção. Passado um tempo... o assunto literalmente esfria. Acontece o mesmo com relação a outras calamidades – trânsito, desabamentos, aglomerações, segurança pública etc.

Não podemos esperar novas mortes para então, e somente então, tomar atitudes. Tenho a convicção de que todas as mães, pais e os próprios surfistas estão amedrontados. O diálogo entre as partes, o cumprimento da lei e o respeito às saudáveis práticas dos limites bem definidos sempre foi e continuará sendo o elemento-chave para administrar o confronto. O que está em jogo transcende o embate entre o lazer da juventude e o problema social dos pescadores. O que está em jogo são vidas humanas. E aí, bem aí não dá para surfar na maionese ou deixar a questão ao sabor das ondas, há que se agir com urgência, razão e disciplina.


Colunistas

ANA AMÉLIA LEMOS

Anistia e indenização
Quase mil ex-presos políticos de Santa Catarina aguardam as indenizações previstas na Medida Provisória 2.151 editada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso com objetivo de encerrar o processo de indenizações devidas a milhares de brasileiros beneficiados com a lei de anistia. A categoria está mobilizada porque, até agora, no caso de Santa Catarina, nenhum ex-preso político foi ainda indenizado como prevê a MP. O ex-ministro José Gregori, que agora é o embaixador do Brasil em Portugal, deu atenção especial ao importante tema, limitando-se porém a honrar as indenizações de anistiados com renome nacional. Recentemente o presidente do PT, deputado José Dirceu, recebeu a indenização prevista em lei. Antes dele, outro deputado e ex-ministro Aloísio Nunes Ferreira (PSDB-SP) também fez jus à indenização.

A mobilização dos ex-presos políticos catarinenses ganhou força com a criação da Associação Catarinense de Anistiados Políticos – Acap, presidida por Carlos Fernando Priess. A diretoria da entidade já enviou à bancada catarinense no Congresso e à mídia nacional um apelo para que as indenizações sejam pagas e o processo de anistia concluído. Também estão enviando às assessorias dos candidatos à sucessão presidencial apelo para que essa questão seja incluída na pauta das prioridades de governo, para quem sair eleito das urnas, em outubro. No Ministério da Justiça, a comissão provisória encarregada de examinar os processos informa que até agora dos 9,9 mil processos em exame apenas 52 anistiados receberam indenização com pagamento único. Existem ainda mais de 3 mil processos que continuam no protocolo. A comissão, através de três câmaras, examina os casos de anistia na administração pública direta, indireta e militar.

As desconfianças dos anistiados políticos catarinenses e de outros Estados, de que está sendo dada prioridade às figuras proeminentes, em detrimento ao direito de outros até mais necessitados, é contestada pelo Ministério da Justiça que alega estar examinando os processos pela ordem do protocolo. Com as limitações orçamentárias, os anistiados com direito a indenização já sabem que terão que se manter mobilizados por muito mais tempo.


JOSÉ BARRIONUEVO

Frente teme nova queda de Ciro
Leonel Brizola retorna ao RS domingo disposto a assegurar a vantagem de Ciro Gomes sobre José Serra na disputa de um lugar no segundo turno. O candidato da Frente Trabalhista obtinha no Estado seus melhores índices, ocupando o primeiro lugar, à frente de Lula, nas pesquisas.

Reação demorada
A coordenação da campanha demorou demais para reagir a um desgaste que se acumula desde o debate na TV Bandeirantes (4 de agosto), há 25 dias. Ciro se atrapalhou com três críticas fortes de Serra, que ficaram sem resposta. Foi à lona. Na propaganda de TV, Serra insistiu nas mesmas críticas, sem que o candidato reagisse à altura. O resultado está nas pesquisas.

Patrícia volta à TV
Diante da crise que se avoluma na Frente Trabalhista, restava um último cartucho: colocar novamente Patrícia Pillar nos programas na TV, o que começou a ocorrer ontem à noite. Foi ela que fez Ciro disparar. Resta saber se tem poder para reavivar a candidatura em meio ao desgaste acumulado. Patrícia acompanha Ciro na visita à Expointer, domingo.

TV e Serra empurram Rigotto
Sustentado por um bom programa de propaganda eleitoral na TV, Germano Rigotto (PMDB) deverá crescer nesta nova fase da campanha eleitoral, faltando 37 dias para a eleição de 6 de outubro. Além da mensagem e da postura política como candidato, Rigotto é beneficiado pelo confronto entre os dois primeiros colocados, que polarizam a campanha.

Tarso (PT) ataca o primeiro colocado nas pesquisas, com receio de perder a eleição no primeiro turno, ao ponto de não aparecer em alguns programas. Exagera na crítica ao passado, procura esconder que seu partido governa o RS hoje e deixa de apresentar idéias para o futuro.

Com a guarda aberta em duas questões – emprego no Opportunity e no fato de não ter transmitido o cargo –, Antônio Britto (PPS) é obrigado a se defender das críticas e ao mesmo tempo é levado a atacar com o mesmo vigor as contradições do adversário, restando menos espaço no já minguado tempo de propaganda na TV para apresentar projetos.

Polarização dificulta reação
Terceiro colocado – e sem nenhuma convicção de que possa reverter a tendência de polarização –, Rigotto vive no Estado a posição cômoda de Lula em nível nacional (o petista leva vantagem de estar com a primeira posição consolidada). Ambos transitam livres e soltos, favorecidos pelo confronto, lá entre Ciro e Serra, aqui entre Tarso e Britto. Mais: Rigotto é ajudado agora pela recuperação de Serra, parceiro de coligação, nas pesquisas.

Se as pesquisas confirmarem esta avaliação, Rigotto terminará motivando a base peemedebista e ajudando a campanha como um todo. Por menor que seja o crescimento, estimula os candidatos da coligação em todos os níveis.

E prova mais uma vez que não existe eleição majoritária perdida, do ponto de vista do investimento eleitoral, no presente ou no futuro, desde que deixe sua marca, independentemente dos índices obtidos.
Um palpite: não será surpresa se Rigotto, pelo perfil político, tirar votos também de Tarso.

PT gaúcho aplaudirá um empresário hoje na Fiergs
Em visita à RBS, em julho, Lula assegurou que o candidato a vice-presidente, José Alencar, é que fará a diferença desta eleição em relação às outras três que disputou sem sucesso. Mais. Disse que o senador do Partido Liberal, sigla que abriga vários pastores e presbíteros da Igreja Universal, empresário de destaque, será aplaudido pelo PT gaúcho, situado mais à esquerda, que foi contrário à escolha.

Lula decidiu ir mais longe. Olhando para Tarso, que estava a seu lado meio casmurro, assegurou, bem-humorado, que Raul Pont puxaria os aplausos ao ouvi-lo.

A oportunidade chegou. O empresário, vice de Lula, fala hoje na Fiergs sobre o plano de desenvolvimento da Frente Popular para o Brasil.

Opinião de Olívio na Federasul no início do governo
Em tempo: vale lembrar que em sua primeira palestra na Federasul, dia 10 de março de 1999, dois meses depois da posse, quando ainda imaginava ter vencido uma revolução – e não apenas uma eleição –, Olívio Dutra disse que não gostaria que um filho seu fosse empresário. Provocou arrepios na platéia. No mesmo almoço, na hora das perguntas, Mauro Knijnik, que presidia a Federasul, teve que sair em socorro do convidado. O governador não sabia o que era Refis (Programa de Recuperação Fiscal).

Pont opta por almoço com militantes em Viamão
Diante de um comentário feito na Rádio Gaúcha sobre a visita de Alencar, o comitê de campanha de Pont se apressou em remeter um e-mail informando que o ex-prefeito não poderá comparecer à reunião com o vice de Lula por ter um almoço com militantes em Viamão.
Pisco – Na noite de quarta-feira, Pont foi homenageado por artistas peruanos de esquerda, que apóiam sua candidatura. A reunião, segundo o vereador Carlos Pestana, foi regada “a pisco, bebida tradicional do Peru”. Esteve presente o conjunto Los Peruanos.

Mirante
• Presidente do PSB, Beto Albuquerque anunciou formalmente ontem o apoio à candidatura de Paulo Paim ao Senado.

• O comício programado por Eliseu Padilha para o lançamento de sua candidatura, hoje à noite, na quadra da escola Imperadores do Samba, foi assumido pelo PMDB para que se torne palanque de José Serra. Padilha avisa que todos os candidatos do partido podem comparecer com charangas e faixas.

• Deputado federal, Osmar Terra confirmou ontem a liberação de mais R$ milhões da bolsa-estiagem. Estranha que os recursos tenham ido para o caixa único do governo do Estado.

• O vereador Nedy não poderá votar nem presidir a Câmara de Canoas na sessão que decide sobre a cassação do vereador Adão Santos. Como suplente, Nedy é o principal interessado na cassação do colega. A Justiça teve que entrar em ação para que o ilustre edil não votasse em causa própria.

• Destaque na Câmara na defesa dos direitos humanos, Marcos Rolim (PT) foi homenageado por advogados criminalistas em SP. O jantar também serviu para recolher recursos para a campanha. Dois ex-ministros da Justiça compareceram: José Carlos Dias e Miguel Reale. No RS, só os candidatos melhor relacionados com os mecenas concentram o maior volume de financiamento. Os nomes estão nos postes.

Defesa das Forças Armadas
O vereador Pedro Américo Leal, coronel da reserva do Exército, foi à tribuna da Câmara para avaliar a reação dos ouvintes do programa Polêmica, da Rádio Gaúcha, comandado por Lauro Quadros, que colocou em debate a desvalorização das Forças Armadas a partir da dispensa de 44 mil recrutas. Os ouvintes (74%) entenderam que está havendo desvalorização.

Leal disse que “nunca viu uma ordem mais absurda do que esta”, lembrando que o Exército “não faz só combatentes, mas principalmente cidadãos comprometidos com seu país”. Assegura que os militares “estão atônitos”.

O vereador do PPB mostrou da tribuna um exemplar da revista do Clube Militar, que estampa na capa ação da FEB na Itália.


ROSANE DE OLIVEIRA

Ofensiva no Sul
Os próximos sete dias serão de campanha intensa dos candidatos à Presidência da República no Rio Grande do Sul. De olho nos votos de mais de 7 milhões de eleitores, José Serra, Ciro Gomes, Luiz Inácio Lula da Silva e Anthony Garotinho investirão no Estado nos próximos sete dias. Para reforçar a ofensiva, três dos quatro candidatos a vice participarão de roteiros no Estado.

Serra faz a primeira visita ao Estado em companhia de Rita Camata, na tentativa de recuperar os índices perdidos nas semanas anteriores ao início do horário eleitoral gratuito. Na última pesquisa do Cepa-UFRGS no Estado, realizada entre os dias 13 e 14 deste mês, estava em terceiro lugar, com 12,8%, atrás de Ciro (33,2%) e Lula (29,8%).

Também hoje chegam o senador José Alencar, o vice de Lula, e José Antônio Almeida, vice de Garotinho.

Não deverá ser fácil a missão de Alencar em sua primeira visita ao Estado. Parte do PT não assimilou até agora a aliança com o PL. Na Fiergs, onde almoçará com os colegas industriais, o dono da Coteminas encontrará uma platéia refratária à candidatura de Lula. Por fim, no seu próprio partido o PT é tido como inimigo.

Uma semana depois da visita a São Borja, Uruguaiana e Itaqui, Ciro desembarca em Porto Alegre domingo. Em queda nas pesquisas nacionais, vem acompanhado de dois cabos eleitorais de peso – a mulher Patrícia Pillar, e o ex-governador Leonel Brizola.

Lula vem na terça-feira para uma maratona de três comícios em 12 horas – em Passo Fundo, Caxias e Porto Alegre. Depois desta, está prevista apenas mais uma visita ao Estado, no dia 27 de setembro, para os comícios em Porto Alegre e Santa Maria. O Rio Grande do Sul é estratégico para Lula, que venceu aqui o segundo turno de 1989 e o primeiro turno das eleições de 1994 e 1998 e nas últimas pesquisas perdeu a liderança para Ciro. A expectativa do PT é de que a tendência de queda tenha se revertido nos últimos dias.


Editorial

CORRUPÇÃO E MISÉRIA

Estudo da organização não-governamental Transparência Internacional (TI), divulgado agora, sugere uma ligação estreita entre os níveis de corrupção de um país e os níveis de miséria que enfrenta. Dois países incluídos entre os mais pobres do planeta, Bangladesh e Nigéria, são justamente os que lideram em níveis de corrupção. Ao mesmo tempo, o Chile, apontado no ranking como o destaque em honestidade na América Latina (17º entre 102 analisados), é o país que melhor vem enfrentando a crise econômica. A situação chilena contrasta com a dos demais países latino-americanos, entre os quais o Brasil, que ocupa uma posição intermediária como o 45º colocado no ranking liderado por Finlândia, Dinamarca e Nova Zelândia.

O estudo chama a atenção para as correlações perversas entre
a miséria e a corrupção

A importância de estudos como esses está justamente em chamar a atenção para correlações perversas entre a miséria e a corrupção pública e privada. A TI é uma ONG com sede em Berlim que, sem comprometimentos políticos ou comerciais, já conquistou ampla credibilidade internacional graças à qualidade de seus levantamentos, todos focados na questão da corrupção e em sua percepção. No relatório do ano passado, ela havia detectado a relação entre a qualidade da democracia e o nível de corrupção dos países, registrando por exemplo que é nos regimes mais autocráticos que prospera a mais deslavada corrupção de costumes públicos, aliando deterioração ética e perda dos direitos fundamentais por parte dos cidadãos. Num relatório de 1997, evidenciava que os países com maior circulação de jornais são geralmente os que apresentam menores índices de corrupção, consolidando uma convicção amplamente aceita no mundo democrático. A imprensa livre em geral e os jornais em particular são considerados como braços da sociedade no controle dos excessos de toda ordem, inclusive e principalmente os que dão origem, toleram ou estimulam atos de improbidade. Neste sentido, a trajetória do Brasil merece ser mencionada, pois na longa noite do autoritarismo seria inconcebível a existência de investigações como as que levaram ao impeachment do ex-presidente Fernando Collor ou as que recentemente devassaram atos do Judiciário e do sistema financeiro. A própria conscientização da sociedade em relação aos padrões éticos exigíveis de seus governantes e de seus empresários é um avanço que dificilmente seria obtido fora de um regime de liberdade política e de imprensa. O desafio, portanto, não é apenas das autoridades. Todos temos o dever de buscar alternativas para que o nosso país melhore sua posição no placar da honestidade.

A conclusão, óbvia, é de que o fenômeno da corrupção é causa e conseqüência de situações claramente identificadas por sua perversidade: viceja sempre que encontra um caldo de cultura propício, como ocorre nas ditaduras, e prospera junto com as mesmas causas que produzem a miséria. A luta pela democracia, pela liberdade, por padrões éticos de conduta, contra a desigualdade e contra a miséria constitui-se pois numa só e mesma causa.


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08/30/2002


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