Lula prega a unidade para combater uso da máquina



Lula prega a unidade para combater uso da máquina Em Petrolina, presidenciável do PT adverte que a união das oposições é a única forma de vencer os candidatos governistas que, segundo ele, terão o apoio do poder econômico PETROLINA - A construção da unidade das forças de oposição é importante para se contrapor ao poder da máquina pública, que beneficia os candidatos governistas nos Estados. A tese foi defendida ontem pelo presidente de honra do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, após encontro com o prefeito Petrolina, Fernando Bezerra Coelho (PPS). Lula esteve ontem no Sertão do São Francisco para participar da Caravana Nordeste quer Dignidade, lançada pela CUT. Na companhia da vice-prefeita Isabel Cristina (PT), Lula e Bezerra Coelho avaliaram o quadro de pré-candidaturas ao Governo do Estado, mas o líder petista preferiu evitar polêmica e não anunciou qualquer preferência. Lula disse que ainda sonha com a possibilidade de construir a unidade em nível nacional. “É arriscado agora cada partido sair com candidatura própria. Isso pode facilitar a sobrevida que o Governo FHC precisa para ir ao segundo turno e fazer toda a política de terrorismo que está habituado a fazer”, comentou, insistindo que essa aliança nacional passa pela construção das alianças estaduais. Segundo ele, cada Estado tem uma realidade diferente, embora a maioria dos governadores, em época de campanha, abuse do poder econõmico. “Em razão desses fatores, não temos o direito de sair divididos em Estado nenhum”, enfatizou. Quanto às especulações em torno dos nomes do prefeito do Recife, João Paulo, e do vereador licenciado Humberto Costa como pré-candidatos à sucessão de Jarbas Vasconcelos (PMDB), Lula afirmou ser normal num primeiro momento cada partido apontar mais de um candidato para avaliar a força de cada um. Para ele, independente de pesquisas eleitorais, a situação está favorável às esquerdas no Brasil. “Talvez em Pernambuco o povo não entenda isso, mas é necessário que o PSB, PT, PPS, PCdoB e PDT estejam juntos. Após as eleições internas do PT devemos construir essa unidade com cautela", afirmou. Bezerra Coelho endossou o discurso e destacou seu interesse na permanência da aliança PPS/PT, que o elegeu prefeito. Havendo a unidade, ele acha que o nome escolhido para disputar o Governo pode ser do PT, e voltou a defender o de João Paulo. Quanto à sua disposição em ser o quadro do PPS na chapa de oposição, frisou que está colocado da mesma forma como o PT apresenta seus candidatos. A vice-prefeita Isabel Cristina discorda da defesa do nome de João Paulo. Ela lembrou que o PT escolheu Humberto Costa para a disputa estadual, mas concorda com Bezerra Coelho ao defender a aliança PT/PPS. Petista critica ausência de programas contra a seca PETROLINA - Apesar de insistir em negar que esteja em campanha rumo à sua quarta candidatura ao Planalto, foi nesse clima que Luiz Inácio Lula da Silva foi recebido, ontem, no aeroporto de Petrolina. Uma festa com direito a fotos e autógrafos a alguns admiradores. Na entrevista, concedida antes de seguir para um almoço com membros do diretório local do PT, Lula fez questão de chamar a atenção para a campanha Fome Zero, que a ONG Instituto Cidadania (fundada por ele após o impeachment do ex-presidente Fernando Collor) lançará no 16 de outubro, em Brasília. O petista não perdeu tempo e aproveitou para criticar os programas de combate à seca e racionamento do Governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB). “Como podemos olhar de braços cruzados 50 milhões de brasileiros passando fome? E a mesma quantidade de brasileiros ganhando menos de um dólar por dia?”, questionou Lula, lembrando que desde 1993 têm apregoado que a seca é um fenômeno da natureza, mas causa fome por responsabilidade dos governantes. “Isso já poderia ter tido soluções, mas a impressão que tenho é de que a seca é tratada pela elite política como um instrumento de atuação para que eles possam se perpetuar no poder”, alfinetou. O petista não conseguiu despistar o discurso de candidato ao comentar a última pesquisa, na qual seu nome caiu dois pontos. Lula argumentou que não faz sentido se preocupar com uma pesquisa cuja margem de erro é maior que esse número. “Nenhuma pesquisa feita com 15 meses de antecedência às eleições tem valor para a disputa”, avaliou. Ele também criticou o sistema de racionamento de energia proposto pelo Governo Federal, que na sua opinião devia acabar em vez de oferecer bônus aos que economizarem. No final da tarde, Lula seguiu para a vizinha cidade de Juazeiro, na Bahia, para participar do encerramento do seminário intitulado Políticas Alternativas de Convivência com a Seca e Combate à Fome e Pobreza no Nordeste, organizado pela CUT e Contag. João Paulo será a estrela do PT nas inserções de hoje na TV O prefeito do Recife, João Paulo, é a principal atração das inserções do PT que serão veiculadas hoje à noite na TV. Ele vai fazer uma avaliação da sua gestão, maior vitrine do PT no Estado. Amanhã, os petistas se reúnem para definir quem deve aparecer nas próximas propagandas. O secretário de Saúde do Recife, Humberto Costa, pré-candidato do partido a governador, abriu a série de vinhetas do PT, na sexta-feira (31). “Isso não quer dizer que meu nome foi lançado para a população. Fui indicado pelo PT para uma composição das esquerdas. Só vamos fazer qualquer atividade após o dia 16 de setembro”, falou Humberto, referindo-se às eleições do PT. Mas adiantou que após as eleições petistas o partido vai fazer uma campanha para reforçar sua imagem no interior. Os petistas estão se dedicando às inserções porque não sabem se poderão veicular seus 20 minutos de propaganda eleitoral na TV, no próximo dia 10. O TRE se reúne na quinta-feira para decidir se concede ou não o direito de resposta ao PMDB. O partido quer espaço na propaganda petista para rebater as criticas feitas no programa do PT ao governador Jarbas Vasconcelos. ESTRANGEIROS PODERÃO VOTAR A permissão de alistamento eleitoral de estrangeiros residentes e domiciliados no Brasil há pelo menos oito anos, para fins de eleições municipais, está na pauta de votação do Senado para amanhã. A iniciativa de emenda constitucional está em tramitação desde 1999, e permite também que os estrangeiros se candidatem ao cargo de vereador. Se aprovado em primeiro turno, o projeto necessitará ainda de uma segunda votação antes de seguir para a Câmara dos Deputados. Novas denúncias complicam Jáder RIO DE JANEIRO - O presidente licenciado do Senado, Jáder Barbalho (PMDB-PA), poderá enfrentar nova acusação de quebra de decoro parlamentar, que também o exporia a um processo de perda de mandato. Desta vez por, supostamente, obstruir uma investigação em que é o principal suspeito. O senador Jefferson Peres (PDT-AM), da comissão que investiga o peemedebista, disse que, se ficar provado que Jáder engavetou um pedido de informações do senador José Eduardo Dutra (PT-SE) ao Banco Central sobre o caso Banpará – suposto desvio de recursos do banco em seu favor – Jáder poderá ser cassado. Em depoimento ao Conselho de Ética na semana passada, Jáder disse que a mesa diretora foi a responsável por não dar andamento ao pedido dos documentos do BC. Mas o secretário-geral do Senado, Raimundo Carreiro, pode não confirmar a declaração no relatório sobre o caso, que a mesa apresenta hoje aos senadores. “A responsabilidade é de um deles. Se foi o senador que engavetou, fica claro que ele fez isso em benefício próprio, o que significa obstrução da investigação”, disse Peres. Jáder também é acusado de participação em supostas irregularidades praticadas na extinta Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). O vice-presidente do PMDB de Altamira (PA), José Soares Sobrinho, foi preso ontem em Santarém (PA). Aliado de Jáder, ele teve a prisão preventiva decretada sob a acusação de coagir de testemunhas e obstruir as investigações do caso Sudam. Os irmãos do peemedebista, Romildo Onofre Soares e Sebastião José Soares estão envolvidos no suposto esquema que teria desviado dos cofres do Finam (Fundo de Investimento da Amazônia) R$ 18,1 milhões. Colunistas Cena Política - Ciro Carlos Rocha A guerra eletrônica Os peemedebistas não têm, a rigor, nada do que reclamar da estratégia adotada pelas oposições, a mais de um ano das eleições. É semelhante à que Jarbas Vasconcelos montou muito antes das eleições de 98, quando derrotou o ex-governador Miguel Arraes. É lógico que os assuntos e os argumentos são diferentes, mas o objetivo é o mesmo: conseguir a simpatia dos eleitores e, ao mesmo tempo, desgastar o adversário. Também a oposição não deve lamentar a reação dos governistas de acionar a Justiça Eleitoral para tentar barrar ataques adversários. Faz parte do jogo. Só para lembrar: no primeiro semestre de 97, o PMDB (leia-se Jarbas), então na oposição, usou a TV para atacar Arraes, criticando a operação dos precatórios. Foi pura paulada. O PSB (leia-se Arraes) acionou o TRE e o PMDB foi punido, perdendo parte do tempo de TV no segundo semestre. Parecido com o risco que o PT corre agora. São contextos diferentes - a denúncia dos precatórios e de irregularidades na BR-232, sem contar a criação do personagem jabuti –, mas a estratégia não difere. Resta saber se o jabuti do PT e a faxineira do PSB terão o efeito desejado pelos marqueteiros que o criaram, na hora do voto. Marketing no celular Amigo de Carlos Eduardo Cadoca desde os tempos em que o hoje poderoso caciquinho do PMDB era cabeludo e militava no Partidão, o vereador Marcos Menezes (PMDB) achou uma forma curiosa de ajudar o colega a se reeleger deputado federal. Gravou na secretária eletrônica do seu celular a seguinte mensagem: “Desculpe, procure ligar outra hora. E lembre-se: agora é Cadoca federal!”. PMDB responde A guerra eletrônica terá novo capítulo hoje à noite. Continuam as inserções do PT, dando carga total ao jabuti e abrindo espaço para João Paulo. E o PMDB inicia nova série de inserções, destacando as obras do Governo Jarbas, lógico, e respondendo aos adversários. Tá ficando bom... Na vez Com a corda toda, o pré-candidato do PT dará seu recado hoje no ciclo de debates que o PCdoB promove sobre as esquerdas e as eleições 2002. Humberto Costa é o terceiro palestrante, depois de Eduardo Campos (PSB) e Roberto Freire (PPS). Começa às 14h30,na Câmara Municipal. Curso de marketing político acabou dançando Sabe o curso de marketing político e gestão de campanhas que seria promovido no Recife? Aquele que a Assembléia pensou em patrocinar para um seleto grupo de deputados, ao custo individual de R$ 5 mil? Pois é: moooorreu! Clima nada bom entre deputados sertanejos Gonzaga Patriota (federal) e Ranilson Ramos (estadual), ambos com base eleitoral no Sertão, andam se estranhando. Dizem que tudo começou quando Ranilson (PPS) sinalizou para um possível retorno ao PSB, partido de Patriota. Atenção candidatos Um lembrete aos iniciantes no troca-troca partidário: os pedidos de desfiliação de partidos políticos devem ser encaminhados diretamente aos partidos e aos juízes eleitorais da zona em que os candidatos são filiados. Nada de mandar a papelada para o TRE. Olho no prazo O TRE está preocupado porque muitos candidatos, principalmente do interior, estão enviando ao Tribunal o seu pedido de desfiliação. Só mais um lembrete: o prazo para quem pretende mudar de partido para enfrentar as eleições 2002 termina no dia 6 de outubro. A guerra eletrônica não acontece só em Pernambuco. Em Goiás, a equipe do governador Marconi Perillo (PSDB) criou o personagem Doutor Derrotildo. Ele simboliza a oposição (o PMDB de Maguito Vilela) que acha que tudo dá errado. Não seria surpresa se já, já criassem um personagem desse por aqui. A proximidade das eleições aumenta a briga pela paternidade das obras. Mas alguns casos extrapolam. O deputado Antônio de Pádua (Toquinha), por exemplo, exagerou. Em carros de som e outdoors, puxa para si a responsabilidade pela pavimentação da estrada que liga Cedro a Salgueiro. Um projeto do Governo Arraes, que Jarbas realizou. Pensando em disputar mandato de deputado estadual, o vereador Marcos Menezes chegou à conclusão que, ficando no PMDB, a eleição será bem mais difícil. Admite que conversa com três partidos, mas ainda não decidiu se troca de legenda. Amigão de Cadoca, só sabe que continuará apoiando o Governo Jarbas. Alguns petistas estão recomendando que amigos peemedebistas visitem o site Animais OnLine (www.animaisonline.com). Há uma promoção de venda de filhotes de jabuti, apresentados como ótima opção para quem gosta de um bicho de estimação que não anda muito. Lembram que têm registro do Ibama. Pura galhofa. Editorial O lixo recrutado Em fins de agosto, o Executivo estadual anunciou investimento da ordem de R$ 4,4 milhões para a implantação de aterros sanitários na Região Metropolitana do Recife (RMR). O dinheiro virá do oportuno e, até agora, eficaz Programa Governo nos Municípios, que contempla, pela primeira vez, o problema do lixo urbano. Eis uma medida efetiva para combater o atentado permanente ao meio ambiente, que representam os lixões a céu aberto. Os recursos anunciados são singelos, diante da amplitude do problema, uma vez que a própria Fundação de Desenvolvimento Municipal (Fidem), órgão governamental, orçou em R$ 15 milhões o modelo dos consórcios para o gerenciamento compartilhado de dejetos sólidos, na RMR. No entanto, a liberação dessa verba será um auspicioso começo. Este jornal vem manifestamente defendendo, em várias oportunidades, a necessidade de gestão compartilhada dos problemas que afetam em comum os municípios que formam a RMR. Acreditamos que, sob a diversidade que é própria a cada um das prefeituras, elevam-se questões prementes da urbanização. E dessas questões é, sem dúvida, a do saneamento e tratamento de resíduos sólidos. O Governo estadual, ao aliar-se aos governos municipais para dotar a RMR de uma rede de oito áreas de aterros sanitários com gerenciamento compartilhado, parece ter dado o tiro de largada para a solução, pelo menos a médio prazo, a um problema que estava levando ao confronto judicial as cidades do Recife, capital do Estado, e de Jaboatão dos Guararapes, a segunda maior arrecadação de Pernambuco. No anúncio oficial da iniciativa agora tomada, o Governo estadual sustenta, e acreditamos que esteja com a razão, que o projeto para a redução dos impactos ambientais e dos custos operacionais do tratamento do lixo urbano, ora proposto pela Fidem, não é decorrente dos desencontros entre os administradores das duas importantes prefeituras em torno do uso do Aterro de Muribeca, mas o desaguar de soluções discutidas, há meses, pelo Fórum Metropolitano de Desenvolvimento, que desde o início se propôs a criar um modelo de gestão compartilhada na RMR. Este jornal esteve presente à organização e realização desse fórum pelo que nos julgamos no dever de elogiar a solução agora anunciada. De certa maneira, Pernambuco saiu na frente do próprio Congresso Nacional, que depois de dez anos chega à apresentação de um projeto de lei, para ainda ser discutido e votado pelo plenário, que procura instituir uma Política Nacional do Resíduos Sólidos no País. Entre outras medidas, os legisladores anunciam a estímulos fiscais para as empresas que se proponham a fazer reciclagem do lixo produzido na cidade. Como sempre acontece, o projeto, infelizmente, vem criar taxas e tarifas de “produtores de resíduos urbanos”, sejam estes lixo doméstico ou comercial. O que parece ser bastante positivo, aquela proposta, é a preocupação com a reciclagem. Muito se tem escrito sobre o assunto. Segundo a professora Silvana Calado, do Curso de Engenharia Química da UFPE, “na reciclagem de papéis são poupadas vinte árvores por tonelada de papel reciclado, reduzindo a poluição do ar em 75% e a da água em 44%, além de gerar empregos”. O plano de reciclagem deve também fazer parte do projeto a ser proposto para a Região Metropolitana do Recife. É uma das soluções humanas mais inteligentes – e usada em larga escala nos países desenvolvidos – para reduzir os efeitos do desperdício, uma das características da civilização do consumo. Sabe-se, por exemplo, que o vidro nunca se decompõe, que o plástico se decompõe de 300 a 500 anos, dependendo de sua qualidade, e que o papel e o papelão se degradam de acordo com a composição química utilizada em sua produção. A reciclagem desses materiais representa uma economia extraordinária, além de proporcionar aos atuais catadores (trapeiros) que vivem no e do lixo, a chance de serem aproveitados como mão-de-obra reconhecida no processo, dando-lhes uma condição mais digna de sobrevivência. Levantamentos recentes mostraram que só no Aterro de Muribeca cerca de 800 catadores vivem em promiscuidade com cães e urubus e que estas aves, embora úteis, já se mostra um risco para o tráfego aéreo. Aquela área poderia servir de plano-piloto para uma experiência vitoriosa, a ser adotada até por outros estados do Brasil, que têm problemas semelhantes.. Topo da página

09/03/2001


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