Lula quer Alca equilibrada, onde "ninguém leva tudo e todos levam um pouco"



O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que nas negociações de criação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) não pode prevalecer a vontade dos países mais desenvolvidos em detrimento das nações mais pobres. Para ele é preciso chegar a um acordo equilibrado.

- Entre a vontade dos mais ricos e a vontade dos mais pobres, que permaneça o meio termo, o caminho do meio, onde ninguém leva tudo e todos levam para casa um pouco da conquista - disse, na abertura do Encontro Parlamentar sobre a Alca, no Plenário da Câmara.

Lula disse que o Brasil -não vai negociar de cabeça baixa- e ponderou que os países ricos, numa referência aos Estados Unidos e ao Canadá, não podem -levar tudo-.

- Em uma palavra, o que queremos é uma Alca equilibrada, que nos garanta real acesso aos mercados do hemisfério, e que, ao mesmo tempo, nos deixe espaço para políticas de desenvolvimento - acrescentou.

Lula observou que as negociações da Alca devem levar em conta que nem todos os países são iguais e devem existir condições diferenciadas entre os 34 países que podem integrar o bloco. Ele descartou também -a política de confrontação pela confrontação, para satisfazer esse ou aquele discurso ideológico de quem quer que seja-.

Disse ainda que, se alguma coisa não puder ser negociada na Alca, poderá ser resolvida na Organização Mundial do Comércio (OMC).

- Não vamos fugir da mesa de negociação - assegurou.

Lula lamentou, no entanto, que -temas de fundamental interesse para o Brasil-, como subsídios agrícolas e normas antidumping, não venham a ser objeto de negociações na Alca.

O presidente da República indiretamente respondeu a críticas que o chefe do Departamento Comercial da Casa Branca, Robert Zöelick, fez à posição brasileira na recente reunião da OMC em Cancun (México), quando conseguiu unir 22 países em situação econômica e social parecida com a do Brasil. O grupo foi acusado de levar a reunião ao fracasso por conta de sua posição -intransigente-.

- O que aconteceu em Cancun foi uma extraordinária novidade política, não pela conquista que se obteve lá, mas pelo fato de, pela primeira vez, um grupo de países com identificações de povo, de economia e de problemas sociais descobrirem que era preciso se unir para tentar fazer com que as economias ricas pudessem abrir um pouco de espaço - afirmou Lula.

Ele ponderou ainda que o Brasil estará alerta para -não aceitar que imposições de intrigas- tentem levá-lo a condições desfavoráveis em negociações.



20/10/2003

Agência Senado


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