LUXEMBURGO NÃO DENUNCIA EMPRESÁRIOS QUE PAGAM PELA CONVOCAÇÃO DE JOGADORES



Em resposta ao relator da CPIdo Futebol, senador Geraldo Althoff (PFL-SC), o ex-técnico da seleção brasileiraWanderley Luxemburgo negou-se a revelar nomes de empresários que o pressionaram,oferecendo dinheiro, para que convocasse jogadores para a seleção brasileira.

Althoff pediu que fosse apresentada, por três vezes, gravação do programa CartãoVerde, da TV Cultura, em que Luxemburgo diz ao jornalista Flávio Prado que recebeu ofertade dinheiro para convocar um jogador.

- Ficou claro que o senhor sabe nomes, que foi procurado por alguém que ofereceu dinheiropara tomar determinada posição – afirmou Althoff, que insistiu que o treinadordesse o nome de pessoas que o pressionaram.

Diante da recusa de Luxemburgo, o presidente da CPI, senador Álvaro Dias (PSDB-PR),alertou que a omissão da verdade constitui-se em crime e propôs que fosse realizadasessão secreta para que Luxemburgo citasse os empresários que oferecem dinheiro pelaconvocação e escalação de jogadores.

- Diversas pessoas indicam jogadores. Não tenho como provar, por isso não vou revelarnomes. Hoje grande maioria dos jogadores pertence a empresários. Não vou envolver umapessoa se não posso provar – disse Wanderley.

O técnico também disse que não se lembrava do amigo comum que tinha com José EduardoSakamoto, representante do Yokohama Flugels, time de futebol japonês, no Brasil. AAlthoff, o treinador disse que emprestou R$ 50 mil para Sakamoto, que foram pagos semjuros.

Luxemburgo explicou que, na seleção, buscou fazer o máximo de experiências comjogadores para montar a base da seleção brasileira para o mundial de 2002. Segundo ele,o planejamento da seleção era feito em conjunto, com dirigentes da ConfederaçãoBrasileira de Futebol (CBF) e a comissão técnica.

Nesse momento, o relator da CPI apresentou declaração assinada por Luxemburgo, afirmandoque "a Nike, em nenhum momento ou em qualquer circunstância, interfere naconvocação de jogadores para a seleção, nem na definição dos locais dos jogos".O treinador disse que assinou o documento a pedido da CBF.

Em seguida, Althoff pediu para que fosse apresentado vídeo do programa Cartão Verde emque o ex-técnico da seleção afirma que as decisões não eram tomadas por ele por livrearbítrio, mas em conjunto com a comissão técnica e, "às vezes, com a presença daNike na mesa de discussão". Para Althoff, a declaração deixa clara a ingerênciada Nike sobre poder de decisão que o técnico tinha e sobre a própria CBF, queLuxemburgo insistiu em negar. "Eu recebia sugestões, mas a decisão final eraminha", garantiu o técnico.

Apesar de ter afirmado que nunca teve contrato pessoal com a Nike e que nunca recebeuremuneração direta da empresa, Althoff revelou que, na declaração de Imposto de Renda(IR) de 1999, Luxemburgo teria recebido mais de R$ 10 mil da empresa. O técnico acreditaque a remuneração seja por palestras proferidas a pedido da Nike.

30/11/2000

Agência Senado


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