Maioria dos senadores reclama investimentos no Norte e no Nordeste
O senador Jefferson Péres (PDT-AM) condenou o que chamou de monopólio de projetos e a cobrança de ágio de 40% a título de consultoria para a aprovação de financiamentos. Fernando Bezerra concordou e disse que, desde que assumiu o Ministério, tem lutado "para mudar tudo isso que está aí". Ele negou ao senador que tenha sido indicado para o cargo de ministro a pedido do atual presidente do Senado, Jader Barbalho, e afirmou ter sido convidado pelo próprio presidente da República. O senador José Eduardo Dutra (PT-SE), por sua vez, avaliou que o modelo das superintendências regionais está esgotado e declarou-se estarrecido com as denúncias de corrupção nos dois órgãos.
O senador Nabor Júnior (PMDB-AC) defendeu o fortalecimento do Banco da Amazônia (Basa) e do Banco do Nordeste (BNB). O ministro informou que a medida está sendo analisada pelo governo e disse também ser favorável ao fortalecimento das duas instituições creditícias. O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), Lúcio Alcântara (PSDB-CE), afirmou confiar que o ministro irá continuar apurando com rigor as graves denúncias de corrupção na Sudam e Sudene. Segundo Alcântara, os estados do Norte e do Nordeste mostram-se inconformados diante da ausência de recursos necessários para o pleno desenvolvimento das regiões.
Contrário ao simples fechamento das superintendências regionais, o senador Ademir Andrade (PSB-PA) defendeu que o governo destine mais recursos para as regiões. O presidente da Comissão de Infra-Estrutura (CI), senador José Alencar (PMDB-MG), observou que é chegada a hora de as superintendências passarem por um grande processo de reestruturação, a exemplo do que está sendo proposto pelo governo. Já o senador Gilberto Mestrinho (PMDB-AM) pediu mais recursos para o Norte e lembrou que, ao longo desses 26 anos da Sudam, que abrange nove estados, a região Norte recebeu apenas US$ 9 bilhões. "Isso é uma migalha diante da pujança do Norte brasileiro", protestou.
O senador Geraldo Melo (PSDB-RN) se disse temeroso de que a reformulação da Sudam e da Sudene ponha fim à política de desenvolvimento das duas regiões, enquanto Waldeck Ornelas (PFL-BA) considerou que o ministro, diante de tantas denúncias, estava condenado a ser apenas um delegado de polícia, em detrimento dos reais interesses das regiões que, a seu ver, necessitam de novos recursos para seu pleno desenvolvimento, principalmente para os projetos de financiamento de infra-estrutura. A senadora Heloísa Helena (PT-AL) quis saber do ministro se algum político o procurou para impedir o aprofundamento das investigações ou a instalação de uma CPI. "Ninguém me pediu nada e se o fizesse perderia tempo", garantiu Fernando Bezerra.
17/04/2001
Agência Senado
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