MALAN: ESTRANGEIROS VIERAM PORQUE NENHUM BRASILEIRO QUIS COMPRAR O BAMDERINDUS



O ministro da Fazenda, Pedro Malan, afirmou hoje (dia 11) durante os debates com senadores, em plenário, que o Tesouro terá de pagar "alguma coisa" do programa de sanemanento de bancos, "mas será um gasto ínfimo" comparado ao que seria necessário caso o governo tivesse deixado o sistema financeiro quebrar. Malan compareceu ao Senado para explicar a compra do Bamerindus pelo Hong-Kong and Shangai Banking Corporation (HSBC), a requerimento encabeçado pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP).

Questionado por oito senadores, Pedro Malanfrisou que o Bamerindus só foi comprado pelo banco estrangeiro "porque nenhum banco brasileiro se dispôs a assumir seu controle acionário". Suplicy sustentou que o governo fez concessões "excessivas" ao HSBC na negociação, lembrando que o Banco Central gastou R$ 5,8 bilhões só nesta operação. Malan afirmou várias vezes que o governo "não salvou banqueiros", mas evitou colapso do sistema financeiro e, conseqüentemente, que milhões de pessoas perdessem dinheiro de suas contas bancárias ou depósitos em cadernetas de poupança.

O saneamento do sistema financeiro brasileiro, conforme Malan, exigiu do Banco Central 3,8% do PIB, mas todo dinheiro liberado "foi feito sob garantia", o que permitirá ao BC recuperar seus gastos. "Um saneamento do sistema financeiro de 3,8% do PIB é um custo baixo, comparando com os 13% da Argentina e 15% do Chile", assinalou o ministro. O ministro compareceu ao plenário acompanhado do presidente do Banco Central, Gustavo Loyola, e do diretor Cláudio Mauch.

Jefferson Peres (PSDB-AM) afirmou que o governo enfrenta dois problemas sérios - déficit público e déficit nas contas externas- e quis saber do ministro se o governo tem uma estratégia para resolvê-los. Malan opinou que o Brasil "não precisa mais ter mega-superávits na balança comercial" porque há grande entrada de capital estrangeiro, mas concordou que ainda não está solucionado o déficit fiscal.

Pedro Simon (PMDB-RS) leu notícia publicada hoje (dia 11) sobre documento do TCU, o informa que o Banco Central usou dinheiro do Proer em outros três bancos, mas não divulgou seus nomes. O ministro ponderou que as três instituições são sólidas e só tomaram recursos do Proer para assumir partes de bancos em liquidação. Simon pediu ainda que o Meridional, prestes a ser privatizado, seja preservado e se transforme no banco do Mercosul.Malan citou a existência de seisbancos estatais do Sul do país, mas pediu cópia de projeto de Simon sobre a não-privatização do Meridional.

Gilberto Miranda também questionou o que considerou "vantagens financeiras" concedidas pelo Banco Central ao HSBC, frisando que, "no final das contas, o HSBC, ao invés de pagar uma compensação pela compra do Bamerindus, já devidamente saneado, estará recebendo algo em torno de R$ 200 milhões". Miranda fez ainda outras perguntas com detalhes técnicos da operação e o ministro comprometeu-se a dar as respostas por escrito.

Apresentando números sobre a negociação, Roberto Requião (PMDB-PR) assinalou, entre outras coisas, que o HSBC teria obtido vantagens na negociação que chegariam a US$ 1,8 bilhão. Malan pediu para responder por escrito mais tarde, porque não dispunha de todos os dados. No entanto, ponderou que, no dia do fechamento da negociação, o patrimônimo do Bamerindus estava negativo, por causa da corrida de correntistas ao banco. Assim, a seu ver, não se pode analisar a situação com base no patrimônio contábil do Bamerindus.

Ademir Andrade (PSB-PA), além de fazer perguntas sobre o
Bamerindus, quis saber sobre os rumos das contas externas do país e como resolver o problema da dívida publica, que pulou no atual governo de R$ 64 bilhões para cerca de R$ 190 bilhões. O ministro, depois de afirmar que a dívida "vem se estabilizando", frisou que ela será paga com superávits fiscais. Esperidião Amin (PPB-SC) e Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) quiseram saber quando o Proer acabará. Obtiveram do ministro apenas a garantia de que "seu tempo agora será reduzido".

Levy Dias (PPB-MS) pediu ao ministro redução nas taxas de juros dos empréstimos com recursos dos fundo constituional para o Centro-Oeste. O ministro disse que analisaria a situação. O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães, afirmou ao final que o Legislativo tem debatido todas as reformas propostas do pelo governo e nem sempre os atrasos podem ser creditados ao Congresso. "O Congresso tem feito o máximo que se pode fazer", disse.



11/06/1997

Agência Senado


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