MALDANER DEFENDE PROJETO DE MODERNIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
O senador Casildo Maldaner (PMDB-SC) qualificou de "leviano" o programa de globalização adotado no Brasil, que considera lesivo aos interesses do país, e defendeu a sua substituição por um projeto de modernização e de desenvolvimento. Maldaner manifestou sua opinião em discurso nesta sexta-feira (dia 26) sobre a Campanha da Fraternidade de 1999. Com o lema "Sem trabalho...por quê?", a campanha desenvolvida pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) critica a rápida circulação do dinheiro existente na atual economia transnacional.O documento da campanha, segundo o senador, cita o presidente do Bundesbank, o Banco Central da Alemanha, para quem "os homens políticos estão sob o controle dos mercados financeiros". Para Maldaner, "a globalização adotada pelo Brasil contém equívocos relevantes que precisam ser corrigidos com a máxima urgência".Segundo o senador, foi um "grave erro" a entrega do Brasil aos "arautos da imediata globalização". Na avaliação de Maldaner, a tarefa de modernização precisa ter como base um projeto econômico que vise ao auto-desenvolvimento. O senador afirmou que essa preliminar maior foi esquecida e sobreveio "a crise que assola o país, elevando os índices de pobreza e desemprego de forma perigosa para a paz social".A cartilha da campanha, de acordo com o parlamentar, "não responsabiliza o governo, de forma exclusiva, pelo problema". Mas adverte que, pelo ângulo da cidadania, "o que está acontecendo com a maioria de nosso povo é um flagrante desrespeito à Constituição". Cita o artigo 170 da Carta, segundo o qual "a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social".A CNBB, segundo o senador, qualifica como iníquo, nefasto e idolátrico "o neoliberalismo capitalista que sacrifica a dignidade do ser humano e a integridade do meio ambiente às exigências cegas de mercado". Também conclama os brasileiros a uma reflexão e a uma "indignação ética que tenha conseqüências".Casildo Maldaner disse ainda que o desemprego é "a grande causa dos assaltos e dos tormentos" gerados pela insegurança nos grandes centros urbanos. Finalizou dizendo que pouco adianta o Brasil ter um Produto Interno Bruto (PIB) de US$ 900 bilhões se não incluir na divisão do bolo os 160 milhões de brasileiros.Em aparte, o senador Lauro Campos (PT-DF) afirmou que há duas soluções antagônicas: ou se maximiza o lucro ou se maximiza a vida. Para ele, o governo brasileiro tomou a decisão de criar dois exércitos: um de trabalhadores sem carteira assinada e outro de desempregados.Em outro aparte, o senador Jefferson Péres (PDT-AM) lembrou os dados citados pelo senador Tião Viana (PT-AC) sobre Cuba, onde um gasto em saúde por habitante dez vezes menor que o brasileiro confere à sua população índices sociais de países desenvolvidos.
26/03/1999
Agência Senado
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