“Mandela é um símbolo, e os símbolos não morrem”, diz Sarney



O senador José Sarney (PMDB-AP) disse, nesta sexta-feira (6), que o estadista Nelson Mandela, que faleceu nesta quinta-feira (5), entrou para a história como um símbolo e será eterno. Em seu pronunciamento, o senador lembrou que foi um dos primeiros líderes políticos a falar contra o apartheid no Brasil.

O ex-presidente da República e do Senado recordou discurso que fez contra o regime racista da África do Sul. numa comissão especial da Organização das Nações Unidas (ONU) em 1961 e, depois como presidente da República, também na ONU.  Lembrou ainda as sanções que decretou contra o regime da África do Sul, em 1985, na presidência da República.

- Sanções de natureza cultural, proibindo relações do nosso país com a África do Sul, relações culturais, relações esportivas, venda de armas ou relações de qualquer tipo. O Brasil, naquele momento, tinha essa posição, que eu tomei – recordou.

Para José Sarney, Mandela ocupou a história do século XX com sua luta contra o apartheid na África do Sul. O senador disse ter a sensação de que, com a morte de Mandela, todos os grandes homens já morreram.

- Ele, hoje, quando desaparece, não era mais corpo, não era mais espírito, não era mais sangue, não era mais ossos. Há muito tempo que ele entrou para a história como símbolo. E os símbolos são eternos. Eles não se destroem – afirmou Sarney.

O parlamentar contou que, em uma ocasião em que visitou a África do Sul, pegou um táxi e pediu para o motorista o levar para ver uma área de separação entre negros e brancos.

- Eu vi só aquela cerca enorme de arame farpado, isolando uma área imensa onde moravam os pretos. E eu fiquei profundamente revoltado. Eu atravessei o Muro de Berlim, mas ele não me chocou como chocou a minha visão do muro de arame do apartheid da África do Sul – relatou.

Sarney disse que se sente feliz por ter vivido na época de Mandela.

- Perde a humanidade a presença física (de Mandela). Nós é que ficamos felizes de termos vivido num tempo no qual existia um homem como Mandela – afirmou.

O ex-presidente da República também lembrou sua luta pela ascensão dos negros no Brasil. Ele afirmou que sempre se sensibilizou com os problemas enfrentados pelos negros, especialmente pela história da escravidão no Brasil e lamentou que nada tenha sido feito nos séculos seguintes à abolição da escravatura para promover a ascensão social. Foi lembrado, entretanto, pelo senador Paulo Paim (PT-RS), que foi um dos primeiros parlamentares a apresentar, na década de 1990 um projeto de lei estabelecendo cotas para negros nas universidades e no serviço público. Citou, ainda, a criação da Fundação Cultural Palmares, vinculada ao Ministério da Cultura, no centenário da abolição no Brasil.



06/12/2013

Agência Senado


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