Mapa da criminalidade reduz casos de roubo no Metrô
Sistema adota conceito de segurança científica desde 1998; de lá para cá as ocorrências criminosas caíram mais de 80%
O mapeamento científico é responsável pela redução de mais de 80% das ocorrências ou tentativas de furto e roubo nas estações do Metrô. Em 1998, a média mensal era 9,7 casos por milhão de passageiros; nos primeiros meses de 2008, caiu para 1,6. Para reverter os números, o chefe do departamento de Segurança do Metrô, José Luiz Bastos, diz que foi necessário repensar o modelo de gestão de segurança da companhia. Antes, baseava-se na demanda de usuários: onde existia mais circulação de pessoas havia mais agentes de segurança.
Inspirado na experiência positiva do Projeto Tolerância Zero para diminuir a criminalidade em Nova York, nos Estados Unidos, o Metrô adotou o conceito de segurança científica. Na prática, consiste no mapeamento com hora, local e tipo de ocorrência em todas as estações. Com os dados em mãos, as equipes de supervisão participavam de reuniões mensais para analisar, diagnosticar e discutir como combater os casos relacionados. As chefias repassam essas informações aos agentes de segurança. Agora os encontros com os líderes são semanais.
Bastos conta que, com o tempo, as equipes tornaram-se mais ágeis e numerosas. Em 1998, as 46 estações eram policiadas por 600 profissionais; hoje, há 1.003 homens atuando nas 55 estações. No período de dez anos, o número de passageiros também aumentou: saltou de 1,7 milhão por mês em 1998 para 69,2 milhões em 2008 (fevereiro deste ano).
Prisão – Furto responde pela metade das ocorrências; o restante é roubo, assalto, dano ao patrimônio público e desentendimento. Em 2005, registraram-se, em média, 50 roubos em bilheterias por mês. “Era complicado porque não podíamos criar risco de segurança ao usuário”, recorda o chefe do departamento de segurança do Metrô. Ele diz que a saída foi equipar as cabines com blindagem. “Praticamente acabamos com os problemas”, informa. Naquele ano, a corporação prendeu 95 ladrões que agiam nos guichês. O sucessofoi fruto de parceria com a polícia. A média mensal de tentativas e roubos nas cabines caiu de 17 ocorrências em 2004 para apenas duas nos dois primeiros meses de 2008.
Quase tudo que se passa na companhia é acompanhado no Centro de Controle de Segurança (CCS), 24 horas por dia. Usuário perdido, locomoção de deficiente, pessoa que observa demais a circulação de passageiros, em atitude suspeita. Nada escapa aos olhos atentos e a percepção aguçada dos operadores e supervisores que trabalham no CCS. Ao todo, 860 câmeras distribuídas pelas instalações do Metrô registram o cotidiano das bilheterias, plataformas, mezanino e principais áreas de grande movimentação. Essas imagens são transmitidas simultaneamente ao CCS.
Briga de torcida – Se os técnicos do Centro de Controle constatarem anormalidade em algum ponto, acionam imediatamente a equipe de segurança da estação. “Quando um delinqüente tenta agir num ponto com grande concentração de pessoas, e vê a equipe de segurança, acaba desistindo”, informa Bastos.
A atuação exige cautela e bastante preparo. Para tornar-se operador de console, Bastos conta que é necessário bom desempenho como agente de segurança (mínimo cinco anos na função), poder de concentração e facilidade na visualização de imagens. A equipe do CCS tem 16 funcionários, entre técnicos e supervisores, que atuam em diferentes turnos.
O mapeamento científico também acabou com brigas entre torcidas de futebol dentro do sistema. O pessoal da segurança pesquisa informações para responder às seguintes perguntas: Onde é o jogo e qual a importância dele no campeonato? Quais são os times? De onde partem as torcidas e para onde vão? Existe possibilidade de encontro entre os rivais?
“Consultamos sites esportivos porque esse pessoal costuma combinar brigas pela Internet”, revela Bastos. No dia da partida, da central de transmissão os operadores do CCS monitoram os grupos nas composições e avisam os agentes ao sinal de alguma anormalidade. Resultado: dois anos sem desentendimento entre torcidas.
“Nossos principais problemas eram roubo a bilheteria e brigas entre torcedores, mas conseguimos saná-los”, garante Bastos. A mudança do comportamento do usuário também contribui para a queda da criminalidade.
Viviane Gomes
Da Agência Imprensa Oficial
04/15/2008
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