Marcelo Crivella lamenta declarações do governador do Rio sobre favelas



O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) lamentou as recentes declarações do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, de que a legalização do aborto poderia diminuir a violência nas favelas da capital do estado. Crivella condenou a afirmação dizendo que a principal responsável pela violência no estado é a imensa e histórica desigualdade social brasileira, que atinge "níveis absurdos". Para o senador, as mais de um milhão de pessoas que moram nas cerca de 700 comunidades carentes do Rio são na verdade os que sofrem "a mais perversa violência".

Da tribuna, Crivella lembrou que a primeira favela do Rio de Janeiro surgiu em 1870, no Morro da Previdência, onde foram morar os remanescentes dos Voluntários da Pátria, escravos que foram combater na Guerra do Paraguai com a promessa de serem alforriados no retorno. Foram alforriados, disse Crivella, mas não tinham dinheiro nem moradia, o que culminou no surgimento da primeira favela carioca.

- Voltaram esses homens cinco anos depois, combalidos, sofridos, mas vitoriosos, heróis da Guerra do Paraguai. Foram recebidos pelo governador do Rio de Janeiro e encontraram a seguinte situação: alforria, sem trabalho e sem moradia - disse o senador.

Daquela época até hoje, acrescentou, a história se repete, não mais com escravos, mas com brancos e negros pobres, principalmente nordestinos, que ajudaram na construção de Copacabana, Ipanema, Leblon, Ponte Rio-Niterói, entre outros.

- Sucessivas gerações de negros, brancos pobres e nordestinos mestiços construíram aquele grande estado recebendo salário aviltante e, para morar, favela. Assim, mais de 700 comunidades carentes hoje abrigam descendentes, basicamente, de negros escravos e de nordestinos - disse.

Para Crivella, as favelas cariocas são "monumentos à exploração do homem pelo homem, a desigualdade social em níveis absurdos". O senador acredita serem "os homens de bem" maioria nessas comunidades carentes.

- Não é possível dizer que a violência no Rio de Janeiro é porque há uma fábrica de marginais, de mulheres pobres nas favelas que não conseguem fazer o aborto legalizado. É bom lembrar que narcotráfico na ponta é pó e nariz. Se o pó está na favela, o nariz está na Zona Sul do Rio de Janeiro - afirmou.



25/10/2007

Agência Senado


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