Marchezan incentiva









Marchezan incentiva
O presidente do diretório regional do PSDB, deputado federal Nelson Marchezan, garantiu ontem que o partido vai estimular todas as candidaturas que se apresentarem, pois precisa sentir a repercussão e a viabilidade de cada uma. Segundo ele, não será diferente com o ex-governador Vicente Bogo, com quem almoçou no começo desta semana. Marchezan disse a Bogo que, se ele quer ser candidato ao governo, precisa assumir essa condição publicamente e não apenas contemplar. O deputado declarou estar examinando as possibilidades eleitorais desde a candidatura própria até a coligação, lembrando que a decisão final caberá à convenção estadual.


Geddel insiste no apoio aos tucanos
O líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Geddel Vieira Lima, continua a defender o apoio ao candidato do PSDB, ministro José Serra, e não acha que esteja 'atropelando' o seu partido. 'Eu disse apenas que os pré-candidatos do PMDB não empolgaram a opinião pública, o que se mede não só pelas pesquisas, mas também pela construção de unidade em torno deles', declarou Geddel. Ele também afirmou que a rivalidade com o ex-senador Antônio Carlos Magalhães não influencia a sua posição e não tem nada pessoal contra a candidata do PFL, Roseana Sarney. 'Acho que Serra está mais aparelhado para conduzir programa nos próximos quatro anos', frisou.


Ala de Itamar quer garantir prévia
Precisa de um terço de assinaturas para convocar convenção extraordinária no dia 3 de março

Os aliados do governador de Minas Gerais, Itamar Franco, pretendem convocar convenção nacional extraordinária para o dia 3 de março buscando ratificar a candidatura própria do PMDB nas eleições presidenciais. A decisão foi tomada ontem, em São Paulo, durante reunião entre Itamar, o presidente estadual do partido, ex-governador Orestes Quércia, o senador goiano Maguito Vilela e outras lideranças.
Para convocar a convenção extraordinária, o grupo precisa recolher um terço de assinaturas dos seus participantes. Segundo Quércia, o evento de 3 de março servirá para acerto das questões jurídicas que poderiam inviabilizar legalmente a candidatura própria do partido à Presidência. A prévia está marcada para o dia 17 de março.

Enquanto a ala ligada ao governador de Minas tenta a realização da convenção extraordinária, o presidente do PMDB, deputado federal Michel Temer, divulgou nota reafirmando que continua valendo a decisão do partido de fazer a escolha interna se houver mais de um pré-candidato. A iniciativa de Temer ocorreu um dia após os três concorrentes à prévia, Itamar, o senador Pedro Simon e o ministro do Desenvolvimento Agrário, Raul Jungmann, rejeitarem as declarações do líder do partido na Câmara, Geddel Vieira Lima. O deputado defende o apoio do PMDB ao candidato tucano, ministro da Saúde, José Serra.

Em Minas Gerais, o deputado Márcio Cunha propôs o afastamento de Temer do cargo, pois entende que o presidente do partido está trabalhando para cancelar a prévia, descumprindo decisão de setembro de 2001.


Olívio e Tarso apostam na unidade partidária
O governador Olívio Dutra e o prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, demonstraram entrosamento ontem, no primeiro encontro depois da reunião da executiva do PT, ocorrida sábado, que discutiu sobre a escolha da chapa majoritária do partido. Os dois pré-candidatos ao Palácio Piratini mantiveram o discurso do consenso e da unidade partidária, destacando que a disputa interna no PT é 'tradicional, saudável e democrática'. O encontro foi realizado para a assinatura de convênio entre o governo do Estado e a Prefeitura de Porto Alegre visando à viabilização de obras do Projeto Linha Rápida, que prevê a integração do transporte coletivo na Região Metropolitana.

A demonstração de entendimento não muda o quadro da disputa interna. Tarso confirmou que vai apresentar a sua candidatura na prévia do partido que ocorrerá em março. Segundo ele, as relações institucionais entre o Estado e o município continuarão sendo preservadas, mas no campo político o debate ainda não se esgotou. 'A reunião de quarta-feira à noite entre as correntes que defendem a minha candidatura chegou à conclusão que o meu nome deve ser mantido porque tenho as melhores condições de dar continuidade ao projeto do partido', explicou Tarso.

Olívio foi evasivo sobre a apresentação do seu nome na prévia. Salientou que a busca é pelo consenso e que o seu inimigo e o dos apoiadores não está no PT. 'Nossos adversários são os partidos de oposição que abraçaram o projeto neoliberal', destacou o governador.


Bogo decide concorrer ao governo
Vai percorrer o Interior em busca de apoio interno e quer fortalecer a candidatura de Serra no Estado

O ex-governador do Estado Vicente Bogo anunciou ontem que assumirá a sua pré-candidatura ao Palácio Piratini pelo PSDB a partir da próxima semana. Ele vai estruturar grupo de trabalho para organizar roteiros e percorrer o Interior em busca de apoio. Mesmo tendo se colocado à disposição do partido na convenção de dezembro do ano passado, Bogo não estava agindo como pré-candidato porque aguardava evolução do quadro político. 'Tanto eu como o partido estávamos em banho-maria', justificou. Dois aspectos foram determinantes para a decisão. No começo desta semana, o presidente regional do PSDB, deputado federal Nelson Marchezan, aconselhou que Bogo passasse a discutir internamente a sua disposição em concorrer ao governo do Estado. Outro motivo foi o lançamento da candidatura do ministro da Saúde, José Serra, à Presidência da República. Bogo entende que para consolidar o nome de Serra no Rio Grande do Sul será preciso formar uma base forte a partir de candidatura própria ao governo do Estado.

A disposição de concorrer, segundo Bogo, não inviabilizará futuras negociações com outros partidos, visando a coligações. Porém, advertiu que não pretende se lançar numa pré-campanha com o objetivo de barganhar ou cumprir o papel de tampão. 'Vou sustentar a minha candidatura até o fim', acrescentou. A decisão final caberá à convenção estadual programada para junho. Bogo acredita que essa decisão favorecerá os tucanos no Rio Grande do Sul. Segundo ele, o PSDB não pode fechar posição neste momento, mas também não deve ficar esperando pelos acontecimentos. 'O melhor caminho para construir um palanque é trabalhar e percorrer o Estado', comentou.


Bornhausen elogia atitude de conversar com Serra
O presidente nacional do PFL, senador Jorge Bornhausen, considerou acertada a atitude da governadora Roseana Sarney de procurar o ministro da Saúde, José Serra, candidato à Presidência da República pelo PSDB. 'Foi coerente da parte dela', disse. Segundo Bornhausen, o PFL defende que o candidato da aliança deverá ser o que estiver melhor colocado nas pesquisas.


Calheiros prega solução interna antes de apoio
O líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros, afirmou ontem que é cedo para fechar acordo com o candidato tucano, ministro da Saúde, José Serra. Antes de examinar o nome, ele acha que deve ser encontrada solução para o 'problema' da prévia. Renan acredita que nem mesmo o governador Itamar Franco confia mais no lançamento da candidatura própria do PMDB.


Marta tem a segurança reforçada em evento
A segurança da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, do PT, foi reforçada ontem, num evento no Palácio das Indústrias, sede da prefeitura. Embora tenha negado a adoção de esquema especial de proteção, Marta discursou acompanhada por um casal de seguranças, enquanto quatro guarda-costas circulavam pelo salão, diferentemente do que acontecia em cerimônias locais.


PF realiza busca em apartamento
A Polícia Federa l (PF) realizou no início da noite de ontem busca no apartamento onde residia o prefeito de Santo André, Celso Daniel, do PT. Munidos de mandado do juiz Casem Mazloum, da 1ª Vara Criminal da Justiça Federal, os agentes da PF decidiram pela inspeção no apartamento do prefeito assassinado sob protesto de familiares da vítima. O objetivo era verificar se alguém esteve lá durante o período em que Daniel permaneceu desaparecido, entre a noite de sexta-feira, dia 18, e a manhã de domingo passado, quando o corpo foi localizado em Juquitiba, na Grande São Paulo. Dois vizinhos e o síndico do prédio acompanharam os trabalhos. O resultado da operação ainda não foi divulgado pelos agentes federais.


Polícia descarta dados de depoente
O que poderia ser uma nova peça no esclarecimento do seqüestro seguido de morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel, acabou gerando confusão nas investigações. Ouvido pelo delegado Wagner Giudici, da Divisão Anti-Seqüestro, Fábio Bernardes, de 29 anos, preso em Minas Gerais, apontou quatro moradores de favelas de Santo André como responsáveis pelo crime, praticado, segundo ele, para queima de arquivo. A versão foi descartada, conforme o delegado, por ter partido de um preso bêbado e com evidência de estar interessado na recompensa, estipulada em R$ 50 mil. Na próxima semana, o empresário Sérgio Gomes da Silva, que dirigia o carro levando o prefeito, deverá voltar a depor.


Presidente diz que é cedo para decidir sobre aliança
O presidente Fernando Henrique Cardoso declarou ontem, através do porta-voz Georges Lamazière, que 'é muito cedo para dizer se haverá um só candidato da base aliada' na eleição presidencial de outubro. Conforme Lamazière, Fernando Henrique está trabalhando pela convergência dos partidos nessa direção. O presidente jantou quarta-feira com a candidata do PFL, governadora do Maranhão, Roseana Sarney.


Programa do PFL destaca segurança
Depois do seqüestro e assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel, o PFL resolveu abordar com maior destaque a questão da segurança pública no programa de TV do partido que vai ao ar dia 31. Até agora, as inserções tentavam salientar a imagem da candidata à Presidência da República, governadora do Maranhão, Roseana Sarney. Além da governadora, o programa contará com depoimentos do senador paulista Romeu Tuma e do deputado cearense Moroni Torgan, conhecidos dentro do partido como especialistas na área da segurança. Roseana, Tuma e Morgan se reuniram ontem num estúdio em São Paulo com o objetivo de discutir o assunto e participar da gravação do programa.


PT gaúcho exige fim da violência
Lideranças do PT gaúcho protestaram ontem na Esquina Democrática, em Porto Alegre, pela morte do prefeito de Santo André, Celso Daniel, ocorrida domingo. O governador Olívio Dutra, o prefeito de Porto Alegre, Tarso Genro, deputados, vereadores, dirigentes do PT e representantes de CNBB, OAB, UNE e CUT dividiram o palanque para exigir ações contra o crime organizado.

Para o chefe da Casa Civil, Flávio Koutzii, os atentados que as lideranças do partido vêm sofrendo 'desmoralizam a democracia no país'. Ele destacou que os acontecimentos fazem lembrar os fatos que acompanhou nos anos 70 na Argentina, onde organizações paramilitares eliminaram militantes de esquerda. 'Essa é a porta de entrada para o fascismo e o golpe militar', afirmou. Segundo Koutzii, o assassinato de Daniel foi crime político e não pode ter tratamento apenas como reflexo da violência no Brasil.

O secretário estadual da Segurança Pública, José Paulo Bisol, esteve presente, mas não subiu ao palanque. Ele declarou que o país demorou demais para decidir combater os índices insuportáveis de violência. 'Acredito que agora poderão acontecer transformações estruturais. Quando defendo a Polícia unificada, não significa que sou a favor de fundir as forças policiais, mas de criar um sistema nervoso central de coordenação', explicou. O secretário disse não contar com informações para afirmar que o assassinato de Daniel teve motivação política.


Roseana defende direção única para a base aliada
A candidata do PFL à Presidência da República, governadora do Maranhão, Roseana Sarney, defendeu ontem, em São Paulo, a direção única para a base aliada. Na reunião de quarta-feira com o presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro José Serra, ela pediu que o PSDB não assedie o PMDB. Roseana sugeriu pacto de não-agressão entre o PFL e os tucanos até a definição.


Artigos

A paz dos punhos cerrados
Percival Puggina

Quem tiver acesso à Internet entre no site de busca e digite WSF. Imediatamente alcançará milhares de páginas, em inúmeros idiomas, sobre a primeira edição do Fórum Social Mundial. Facilmente identificará textos que o analisam numa perspectiva de esquerda, de direita e de centro e poderá observar, em todos, um claro consenso: o evento congregou - quer intelectuais, quer ativistas - revolucionários, guerrilheiros, terroristas, socialistas e marxistas de todos os pêlos e matizes.

Essa observação em nada contradiz aquilo que tivemos o privilégio de ver de perto. Pertenciam a esses grupos as personalidades mais destacadas (Ricardo Alarcón, Ahmed Bella, Javier Cifuentes, Hebe de Bonafini, Peter Marcuse, Jorge Benstein, Frei Betto, Danielle Mitterrand, os padres François Hutard e Oliveiro Medina, Eduardo Galeano) e os grupos mais festejados (representantes de Cuba, das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, da ETA, do Exército Zapatista, das guerrilhas africanas, dos separatistas ibéricos, etc.).

Não era diferente o perfil do público. Os maiores aplausos eram reservados a quem erguesse mais alto o punho cerrado, clamasse pela eliminação da propriedade privada, incitasse à luta de classes, proclamasse o direito de pegar armas e a tomada do poder pelo proletariado. Lavouras foram destruídas, lanchonetes invadidas, bandeiras norte-americanas queimadas. Todos os tótens do comunismo foram reverenciados em painéis e suvenires: Mao, Lênin, Marx, Fidel, Guevara. Estrelas vermelhas, foices e martelos davam dimensão fashion a seus participantes e completavam a decoração externa e interna do evento.

E agora, pasmem. Um ano mais tarde, os mesmos promotores convocam novo fórum para abordar um tema bem atual, mas inconciliável com o que fizeram aqui no ano passado: paz! Ora, ora, se o segundo Fórum não abrir suas portas com um piedoso ato penitencial, um confiteor coletivo, um nostra maxima culpa por quanto aqui foi dito, feito e aplaudido em 2001, seu discurso pela paz será uma completa mistificação. A menos que a paz pretendida pelos organizadores seja a dos cemitérios, da imprensa eunuca, das prisões políticas e dos currais totalitários.


Colunistas

PANORAMA POLÍTICO - A. Burd

SECRETÁRIO ADMITE ERROS
Circula documento reservado do secretário municipal da Fazenda, José Eduardo Utzig, em que faz críticas ao governo da Frente Popular em Porto Alegre. Trechos: '...mostra sinais de cansaço, de um certo esgotamento (...) Afirma-se a propensão à arrogância e à subestimação das próprias fraquezas. (...) A inquietação e a energia do início são substituídas por uma atitude burocrática. (...) O centro de Porto Alegre vem perdendo moradores e atividades econômicas, tem o nível de desorganização e de insegurança aumentados e, especialmente no período mais recente, foi ocupado pelo comércio informal de maneira dramática. (...) No tocante ao comércio informal, cometemos um inegável erro de diagnóstico e um inequívoco erro de linha política'.

PEGA FOGO
Isaac Ainhorn desafia o prefeito Tarso Genro a redigir novo Código Tributário. Estilac Xavier responde que 'interesse é debilitar prefeitura para qu e o seu projeto político possa ter alguma chance de sucesso'.

INTERPRETA BEM
A entrega do Oscar será em março e o presidente nacional do PMDB, Michel Temer, tem chance de levar troféu como ator-simulador pela declaração de que 'ninguém está autorizado a apoiar Serra'.

LÁ E CÁ - O deputado César Busatto, do PPS, pergunta se os que não querem candidatura própria do PMDB e boicotam o senador Pedro Simon à Presidência não são os mesmos que já não conseguem sobreviver fora do poder e de suas benesses. 'Essas forças não estão só em Brasília, mas têm ramificações no Rio Grande do Sul', provoca. Lembra ainda: Simon já liderou rompimento do PMDB gaúcho com o comando nacional quercista.

QUEM FICA
O PMDB se reúne hoje à noite na casa do deputado Alexandre Postal em Rainha do Mar. Pauta inclui a disputa entre o anfitrião e o deputado Elmar Schneider pela 1a-secretaria da mesa diretora da Assembléia.

SAI OU NÃO SAI
O vereador Carlos Alberto Garcia sofre dupla pressão para renunciar à vice-presidência da Câmara Municipal. De um lado, a prefeitura; de outro, a direção do PSB. Com isso, só o presidente Fernando Záchia deverá entregar o cargo. Os cinco demais, incluindo Garcia, não terão motivo para sair. Entorna o caldo.

DIVIDIDOS
A escolha do candidato do PT ao governo do Estado divide a família Stédile. João Pedro, líder nacional do MST, é favorável à reeleição de Olívio Dutra. José Luiz, prefeito de Cachoeirinha, fica com Tarso Genro.

MUDARÁ STATUS
Barjas Negri desembarca hoje em Porto Alegre, como faz a cada 30 dias, para presidir a reunião do conselho do Grupo Hospitalar Conceição. Será a última vez como ministro interino da Saúde. Na próxima, virá como ministro titular: ocupará o lugar do presidenciável José Serra.

COMO E POR QUÊ
A reforma tributária será tema do qual os candidatos à Presidência da República não poderão fugir nas plataformas de governo e nos debates. Não bastará dizer que são a favor. Eleitores vão querer saber qual reforma sem as célebres enrolações.

EM 1962
Há 40 anos, neste mesmo dia, o deputado Egídio Michaelsen aceitou concorrer à sucessão do governador Leonel Brizola. Tinha sido lançado pelo diretório metropolitano e por líderes do PTB no interior do Estado.

APARTES
Secretário Adão Villaverde aceita ir ao Ciclo de Colóquios, terça-feira, contraponto do Fórum Social Mundial.

Ministro Suassuna dá R$ 15,00 a cada família atingida pela seca no Estado. Deve achar uma fortuna...

Frei Sérgio Göergen concorrerá a deputado estadual. Era o homem forte do governo para a reforma agrária.

Repetiu-se: Itamar se toma de coragem quando chega a São Paulo.

Rubem Cima toma posse hoje, às 11h, como diretor-geral da Agergs. Vem da Secretaria dos Transportes.

Deputado Marco Peixoto peregrina pelo Interior e faz relatório para Assembléia sobre atingidos da seca.

Embate entre deputado Frederico Antunes e secretário José Hoffmann: o Estado pode desapropriar terras?

Deu no jornal: 'FMI analisa contas argentinas e diz que situação é horrível'. Da série pior está por vir.

Idéia de suspender celular pré-pago pode levar candidatos a se transformarem em pré-derrotados nas urnas.


Editorial

APAGÃO, NEOLOGISMO PERVERSO

O brasileiro é um especialista em criar neologismos. Ou inventa palavras novas, com o que aumenta o número de verbetes do dicionário, ou dá nova semântica às já existentes. Trata-se, em ambos os casos, de contribuição ao enriquecimento da língua portuguesa que se fala por este país. Quando, por exemplo, faltou energia elétrica em várias regiões do Brasil, no mês de abril de 1997, com mais de 20 milhões de usuários do serviço ficando às escuras, começou a surgir no linguajar popular o neologismo “apagão”. Popularizou-se no início do ano de 1999, quando surpreendeu o presidente Fernando Henrique (confissão explícita feita à época, embora os técnicos houvessem alertado para o perigo de reincidência). Daí pulou para a conversação comum, para os noticiários da mídia, substituindo e sepultando o antigo “apagamento”.

Eis que voltou na segunda-feira, 21, com um grau de extensão que afetou 11 unidades da Federação, mais intensamente São Paulo (85%), Rio (75%), Mato Grosso (58%) e Paraná (44%). A mera inclusão das duas potências econômicas mais expressivas - os parques industriais e comerciais paulista e fluminense - dá a idéia dos prejuízos causados pela falta de energia. Além das forças da economia, sofreram hospitais, metrôs, telefonia, transportes, etc. Mas agora ninguém, do presidente até o contínuo do Ministério das Minas e Energia, poderá declarar-se surpreso com este novo apagão - usemos o neologismo. Era a crise de 1997 prevista pelos técnicos, a de 1999 mais ainda. Quanto à mais recente, nem se fale. Mas não há notícia de que tenha sido pelo menos tentada uma prevenção de novos colapsos no sistema geral energético do país, considerado 'vulnerável' (sic) pelo ministro do setor, José Jorge.

Claro que linhas de transmissão num imenso território como o brasileiro estão sujeitas a falhas. Não, porém, com a freqüência e a extensão verificadas. E sabe o governo, até agora, por que se rompeu um cabo transmissor da Ilha Solteira, divisa entre São Paulo e Mato Grosso do Sul, até a subestação de Araraquara, razão da ocorrência.


Topo da página



01/25/2002


Artigos Relacionados


Muita emoção na despedida a Marchezan

Camata elogia trajetória política de Marchezan

Chapa liderada por Marchezan vence a de Yeda

PPB quer homenagear deputado Nelson Marchezan

Biolchi vai lutar pelo mandato de Marchezan Jr

Simon diz que Nelson Marchezan podia ter governado o Brasil