Marina denuncia "ética de ocasião" na condenação de Cristovam



A senadora Marina Silva (PT-AC) disse que o ex-governador do Distrito Federal Cristovam Buarque (PT) está sendo vítima de uma "ética de ocasião" por parte do Tribunal Regional Eleitoral do DF, que condenou Cristovam a três meses de trabalhos comunitários e pagamento de multa de R$ 360 sob a acusação de "desobediência a ordens da Justiça Eleitoral". A condenação implica inelegibilidade por três anos. A senadora apelou à população do Distrito Federal para que não permita a cassação de Cristovam, a não ser pelo voto, nas urnas.

Marina Silva fez um histórico do caso. Lembrou que em abril de 1998 o PMDB-DF ingressou no TRE com representação pedindo a suspensão de toda a propaganda institucional do governo do Distrito Federal, sob a alegação de que estava sendo usado o slogan "Governo Democrático e Popular", o que caracterizaria promoção pessoal do governador Cristovam e propaganda eleitoral antecipada.

- O então presidente do PMDB do Distrito Federal e deputado distrital Luiz Estevão instituiu a prática de "judicializar" a política, transferir para o Judiciário todas as disputas e divergências com o governador. O TRE atendeu à liminar de Estevão e suspendeu toda a propaganda, o que foi depois modificado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que manteve no entanto a proibição do uso do slogan - lembrou a senadora.

Marina Silva disse que em julho de 98, o PMDB entrou com outra representação no TRE, alegando que a lei eleitoral proibia o uso de placas de obras e programas de governo durante o período eleitoral. O TRE concedeu outra liminar, ordenando a retirada de todas as placas do Distrito Federal. Novamente a decisão foi modificada pelo TSE, que admitiu as placas, mas proibiu o uso de símbolos ou expressões que identificassem candidatos à reeleição, como o eram Cristovam e o presidente da República, Fernando Henrique Cardoso.

Lembrou a senadora que Cristovam determinou ao secretário de Comunicação Social que cumprisse a determinação, o que não aconteceu com o presidente da República. Uma circular foi enviada a todos os secretários do governo Cristovam, para que retirassem as placas que contivessem os símbolos e expressões. Em diligências, o TRE identificou um cumprimento apenas parcial, considerou que o próprio Cristovam teria que ter checado em seu próprio carro, e condenou o governador por desobediência a ordem judicial.

Segundo Marina Silva, a condenação nem poderia ter acontecido, porque houve prescrição - prazo de dois anos entre o fato ocorrido e a denúncia do Ministério Público. Ela espera que o TSE julgue os recursos a tempo de permitir a candidatura de Cristovam ao Senado Federal. Em aparte, o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) considerou uma violência a condenação do ex-governador.



23/04/2002

Agência Senado


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