Ideli ressalta que aceitação de denúncia pelo Supremo não é condenação



Comentando a decisão do STF de aceitar abertura de processo por corrupção, peculato e formação de quadrilha, contra os chamados "mensaleiros", a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) lançou mão da conceituação da ética elaborada pela filósofa petista Marilena Chauí. Segundo a senadora, existe a "ética da política" e a "ética na política".

No primeiro caso, o conceito seria aplicável aos resultados da política, traduzidos no bem-estar coletivo almejado ou alcançado. No segundo caso, a ética seria um conceito aplicável apenas a indivíduos.

A senadora disse que o processo iniciado no STF é apenas a decisão sobre a aceitação ou não da denúncia apresentada pela Procuradoria Geral da República (PGR) e que todos os acusados são inocentes até prova em contrário e o final do processo.Ela espera que outros também sejam julgados.

- Espero que a mão da Justiça caia sobre todos, de todos os tempos, que cometeram atos ilícitos. Se valer a imagem que se tenta passar de que, aberto o processo, condenados estão, então a lista é grande, inclusive aqui neste Plenário. A corrupção não tem prazo de validade - alertou.

Ideli disse que, lendo os jornais e ouvindo opiniões, fica a impressão de que o que foi feito pelos "mensaleiros" encabeçados pelo ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, é algo que nunca foi visto antes no Brasil e que começou a partir de 2003. Ela manifestou uma "estranheza imensa" por uma parte do processo ter sido encaminhada ao STF pela PGR e outra ainda não ter sido processada e ninguém saber se vai ser apreciada ou não.

A senadora disse que a Câmara dos Deputados não teve coragem de enfrentar a reforma política em seus pontos mais importantes: o financiamento público de campanhas e a lista fechada. Ideli assinalou que é o modo como se financiam campanhas eleitorais que permite a corrupção, por meio da cobrança de quem pagou.

Ela também afirmou que o Partido dos Trabalhadores (PT) não aceita e não aceitará ser criminalizado e nenhuma espécie de intervenção. Segundo a senadora, a sociedade brasileira não vai permitir.

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) disse, em aparte, que ouviu de Lula: "Para nós do PT, a ética é fundamental". Para o senador, Lula continua pensando da mesma maneira.



28/08/2007

Agência Senado


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