Marina: Estado deve fornecer remédios para doenças esquecidas pela indústria farmacêutica
A senadora, que cumprimentou a jornalista Patrícia Campos Mello pela reportagem, disse que ficou estarrecida com as informações da revista. Entre elas, Marina destacou que, desde 1975, 1.223 novas drogas foram descobertas, das quais apenas 13 combatem doenças tropicais, sendo que cinco dessas vieram da medicina veterinária e quatro são resultado do investimento da indústria farmacêutica que se concentram nas áreas mais lucrativas como a dermatologia.
Outro dado ressaltado por Marina é que, apesar de existirem 300 milhões de pessoas com malária, e de o investimento em pesquisa, na doença, exigir apenas US$ 42 por caso fatal, a AIDS tem investimento 80 vezes maior. Ela destacou que, no Brasil, a malária avança sem parar, passando de 50 mil casos, em 1970, para 615 mil em 2000. A senadora relatou, ainda, que 35 milhões de pessoas vão morrer de tuberculose até 2020 e lamentou que as indústrias aleguem que não investem em pesquisas de doenças tropicais porque o risco financeiro é muito elevado.
Marina, que também foi acometida quando criança de malária e leishmaniose com conseqüências para a sua saúde até hoje, disse ser favorável a investimentos em tratamento para todas as enfermidades, mas considera injustificável não haver investimento para as chamadas "doenças de pobre".
Em aparte, os senadores Tião Viana (PT-AC) e Lúcio Alcântara (PSDB-CE), que são médicos, aplaudiram o discurso de Marina. Tião disse que seu pronunciamento coloca em xeque o componente ético na ciência nos dias de hoje e Alcântara concordou que o Estado tem que atuar para defender o cidadão, em casos como esse.
20/06/2001
Agência Senado
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