Marina: luta das mulheres é por sociedade "boa para todos"



Na sessão do Congresso em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, realizada nesta terça-feira (9), no Plenário do Senado, a senadora Marina Silva (PV-AC) afirmou que a luta das mulheres é em defesa de uma nova visão civilizatória. Até bem pouco tempo, frisou, a humanidade caminhou "manquejando", pois estava firmada apenas "na visão do masculino".

O olhar feminino, ao contrário do masculino, observou ela, é integrador. As mulheres, disse ainda Marina Silva, têm mais facilidade de dividir a autoria e de reconhecer no outro a possibilidade da troca.

- Não é que a visão masculina do mundo seja melhor ou pior do que a nossa. É a visão do masculino. E o que faz a sua transformação é integrarmos também ao processo civilizatório a visão do feminino, os direitos das mulheres, o olhar das mulheres, a escuta diferenciada que as mulheres têm. Sem essa escuta, sem esse olhar, sem esse querer e esse fazer, a sociedade fica manca - esclareceu.

A senadora ampliou esse raciocínio, observando que não é saudável a permanência de uma sociedade dividida. Na opinião da parlamentar, falar em direito para as mulheres é também falar em direitos para os homens, porque os interesses dos dois gêneros não são antagônicos, ao contrário do que parece.

- O direito das mulheres é o direito do todo. O direito indígena também é um direito meu - disse.

A campanha presidencial também foi abordada no pronunciamento de Marina Silva, que é a pré-candidata do PV. Segundo ela, a possibilidade de o Brasil ter uma mulher na Presidência da Republica só após 500 anos de história, é uma conquista das mulheres, por sua luta nos últimos cem anos, mas também uma conquista particular da sociedade brasileira. Ela alertou, contudo, para o cuidado que se deve ter ao registrar as conquistas, não deixando desaparecer os desafios que ainda precisam ser superados.

Para Marina, a sociedade está preparada para um "grande debate" e a chance de o Brasil ter uma mulher como presidente é a possibilidade de "uma liderança pelo exemplo", o que pressupõe traduzir na vida prática aquilo que se diz. Explicou esse argumento afirmando que há "um consenso oco" contra a discriminação, uma vez que persiste a diferença salarial de 25% entre os salários de homens e mulheres.

Conforme a senadora, mesmo os avanços registrados durante o atual governo, exemplificados pelos números da Pesquisa Nacional por Amostragem de domicílios (Pnad), mostram que o processo de inclusão social para as mulheres chefes de família ainda é incipiente:

- Foi uma ínfima parcela que conseguiu sair da linha de pobreza - lamentou Marina.

A senadora parabenizou cada uma das agraciadas com o Diploma Bertha Lutz, mas mencionou especialmente a cantora Leci, que há dez anos compôs uma música para a senadora. Marina pediu que a letra, uma "poesia-música", nas palavras da parlamentar, fosse registrada nos anais da Casa.

Outro fato recordado por Marina foi o início de sua vida parlamentar, em 1995, marcado por algumas provas difíceis. Uma delas foi o que chamou de "uma tentativa de folclorizar o mandato da primeira seringueira" que chegava ao Senado.

Ao terminar seu discurso recitou poema de sua autoria em que fala das "Marias", ou seja, das mulheres de todos os nomes que, no sofrimento, assemelham-se à "Mãe de um Deus crucificado". Na renúncia, as mulheres seriam como a Amélia da canção popular e, ao sofrerem preconceito, se identificariam com a "Madalena apedrejada", de que fala a Bíblia. "Só no amor temos os nomes / E as formas de nossa estima / Velha mãe, jovem formosa / E, eternamente, menina", recitou, para fechar o poema.



09/03/2010

Agência Senado


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